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Mulheres da modéstia: as judias de Israel que decidem cobrir o corpo todo


Mulheres da modéstia: as judias de Israel que decidem cobrir o corpo todo

 Jerusalém,  (EFE).- Mulheres de preto, com roupas longas e o rosto coberto - sem que seja possível ver a pele - marcam uma nova tendência estética em bairros ultraortodoxos de Israel. São religiosas judaicas que se escondem sob a própria vestimenta para conseguir a redenção.
A exposição "Mulheres Veladas da Terra Santa", que ficará aberta ao público até fevereiro do ano que vem no Museu de Israel, em Jerusalém, explora a identidade dessas moças e senhoras e vincula os significados dessas vestimentas e dessa mentalidade às mulheres muçulmanas e freiras do catolicismo que também se cobrem em sinal de pureza religiosa.
Mulheres da modéstia: as judias de Israel que decidem cobrir o corpo todo

"Vistas de longe nas ruas de Jerusalém, cobertas da cabeça aos pés, é difícil distinguir se essas mulheres com roupas escuras são judias, muçulmanas ou cristãs", disse à Agência Efe a curadora da exibição, No'am Bar'am Ben-Yossef, que durante anos entrevistou fiéis das três religiões monoteístas para analisar semelhanças e diferenças.
Na exposição estão manequins distribuídos em três seções com os diferentes modelos de roupa que cobrem judias ultraortodoxas, freiras católicas e religiosas muçulmanas e drusas.
De acordo com No'am, o costume das muçulmanas de cobrir o corpo e esconder o rosto com o niqab, que mostra apenas os olhos, ou com a burca, que cobre todo o corpo, é dos anos 1970, quando parte da população começou a colocar a religião no centro da vida do mundo islâmico.
Historicamente, as muçulmanas cobriam o cabelo e o corpo com um véu, como estabelece o Corão, mas algumas começaram a cobrir o rosto, a colocar luvas e mais roupas como forma de expressar a religiosidade e se parecerem com as esposas do profeta, que, segundo a tradição, andavam cobertas.
Entre as judias ultraortodoxas, por sua vez, o fenômeno de usar roupas bem mais fechadas é recente.
As "mulheres judias da modéstia", como são chamadas as que seguem essa estética, apareceram no início dos anos 2000, durante a Segunda Intifada, que teve grande quantidade de atentados palestinos atingindo Israel.
"Naquela época, começaram a aparecer mulheres usando um xale preto que cobria todo o corpo, uma moda que se espalhou entre as integrantes de quatro grupos chassídicos (ramificação do judaísmo ultraortodoxo) que se vestem com várias camadas de roupa extra como um sacrifício a Deus e em busca de proteção contra seus medos", explicou a curadora.
Hoje em dia, essa moda continua sendo pouco usada e não se popularizou na comunidade haredi, mas estima-se que existam centenas de mulheres que se vestem dessa forma em vários bairros ultraortodoxos de Israel. Segundo No'am, algumas delas são convertidas e tiveram uma vida secular anteriormente.
"As mulheres da modéstia acreditam que se vestindo assim conseguirão a redenção para elas e para o resto dos judeus", disse a pesquisadora, que explicou que cada peça tem um significado e algumas mulheres chegam a usar até oito camadas de roupa.
A Halachá (Lei Judaica) diz que as mulheres devem cobrir o cabelo, mas não todo o corpo, por isso o estilo dessas judias é inovador e a intenção é se vincular ao estilo que a tradição conta que as matriarcas bíblicas tinham, entre elas Sara, Rebeca e Raquel.
"É como uma marcha à ré extrema, mas elas mostram uma espécie de feminismo, por que fazem por vontade própria e independentemente dos ditames dos rabinos, por isso são insultadas e discriminadas por grande parte da comunidade ultraortodoxa, que não vê com bons olhos esse modo de vestir", explicou No'am.
Elas também são vistas com muito preconceito pelo resto da sociedade e em setores que expressam o mesmo sentimento de rejeição ou receio com as muçulmanas e até com as freiras. Mesmo assim, a determinação de se cobrir por motivos religiosos faz com que, em lugares como Jerusalém, seja possível estabelecer um tipo de diálogo entre elas, mas não diretamente.
Para No'am, a roupa e a estética são uma espécie de filiação política e social e, no futuro, esta estética inspirada na religião não desaparecerá.
"Mulheres judias e muçulmanas se protegem com essa estética inspirada na religião diante da insatisfação da vida e do mundo secular e isso continuará a acontecer no futuro", argumentou a curadora. EFE

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