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A vaca vermelha

   O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os mandamentos Divinos são eternos, porque a Torá é a revelação Divina e D’us é eterno.
 A Torá é a sabedoria Divina que desceu ao nosso nível, como por exemplo um pai muito sábio que ensina ao filho mais velho uma sabedoria muito profunda.
 Quando ele fala com o filho pequeno, a sabedoria profunda desce ao nível da criança aparentando ser uma coisa simples, mas por trás disso se encontra uma sabedoria profunda. Assim também são os mandamentos Divinos, cada um tem por trás de si diferentes aspectos, muitas vezes desconhecidos.
 O lado simples do mandamento Divino chamamos de “Pshat”.
O Pshat é o jeito simples e específico de cumprir o mandamento na prática tendo muitos deles um local e tempo determinado que não é necessariamente “aqui e agora”.
 No Pshat o mandamento pode acontecer poucas vezes como no caso da Vaca Vermelha da nossa Parashá, ou não acontecer nunca como no caso do ”ben sorer umore” que é um mandamento da Torá que nunca aconteceu e nunca acontecerá.
 Mas todos os mandamentos Divinos tem um aspecto no qual eles são eternos e acontecem “aqui e agora” mas em outro nível. Um desses aspectos é chamado de ”Remez” (indicação)
 Nossa Parashá nos conta sobre o mandamento da Vaca Vermelha, um mandamento que aconteceu na prática somente nove vezes em toda a nossa história e vai acontecer mais uma vez na época do Mashiach
 Esse mandamento tem uma característica interessante que é a de impurificar os puros e purificar os impuros
 Diz o Baal Shem Tov que o “Remez” desse mandamento é o orgulho.
 Orgulho: qualidade ou defeito?
 O orgulho é comparado à Pará Adumá, a Vaca Vermelha, ele purifica os impuros e impurifica os puros.
 Quando uma pessoa se comporta de maneira incorreta ele está distante de D’us, e para conseguir sair dessa impureza a pessoa deve se encher de orgulho
 Ter orgulho de cada mandamento que cumpre, de cada Tzedaká que dá, sentir que faz algo por D’us e que agora D’us está em dívida com ela e vai dar para ela um paraíso enorme
 Mas aí ela chega à uma etapa aonde se acomoda e acha que já fez até demais.
 Nessa hora o orgulho que serviu para ela crescer faz ela se acomodar. Se torna uma barreira, se torna um um bloqueio. De purificador vira impurificador!
 Sendo que nessa etapa o orgulho deixa de ser um remédio e se torna um veneno, deve ser eliminado.
 Para eliminá-lo a pessoa deve se lembrar que toda a Tzedaká que deu foi somente parte do que Hashem deu para ela, ainda mais, foi a parte pequena da benção Divina que ela recebeu.
 E todos os mandamentos Divinos que ela cumpriu foram com a força e saúde que Hashem deu para ela, e ainda mais, foi somente com um pouquinho dessa energia que recebeu de Hashem.
 Descobre que ela era somente uma criança pequena segurando a direção do carro do papai e achando que estava dirigindo
 Aí o Yetzer Hará (a má inclinação) pode falar para ela- : Viu! Você nunca fez nada! Você é uma incapaz! Ou sugerir para ela uma falsa humildade dizendo:- Quem é você para fazer alguma coisa? E tirando dessa maneira a auto estima dela e a derrubando para baixo.
 Aí o orgulho é novamente necessário para fazer ela subir, e agora que ela já está cumprindo os mandamentos Divinos ela toma a decisão de acrescentar na qualidade, caprichar mais nos mandamentos, estudar mais Torá, subir de verdade!
Agora ela se sente verdadeiramente um Tzadik!
 E nessa hora que ela chegou à um nível mais elevado e parou de subir, o orgulho se torna novamente um veneno, ela se sente dona da razão
 reage com crueldade, de maneira desproporcional e fora de controle à qualquer mínimo ataque feito à ela ou ao que ela representa, achando que quando atacada, em legítima defesa pode massacrar quem a atacou,
 principalmente quando se trata de um assunto religioso no qual ela tem razão, se esquecendo totalmente que as palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade, e principalmente ditas com tranquilidade
 Novamente o orgulho faz com que ela volte a ser impura e tem que ser eliminado
 Conclusão: o orgulho em relação ao nível superior que devemos alcançar é  indispensável, sem ele não chegamos lá, mas em relação ao nível que já foi alcançado é destrutivo
 Por isso não temos que olhar para trás, para o que já fizemos, mas sim para frente, para o que podemos fazer melhor, porque sempre em relação ao nível superior o orgulho é um vento à nosso favor!
Mais detalhes sobre O lado espiritual da Vaca Vermelha
 Nossa Parashá nos conta sobre uma Mitzvá (um Mandamento Divino) que aconteceu somente nove vezes em toda a nossa história, e acontecerá pela décima e última vez na época do Mashiach
 Essa Mitzvá é chamada de Pará Adumá, que literalmente significa a “Vaca Vermelha”
 Ela consiste em se fazer o abate de uma vaca totalmente vermelha sobre uma estrutura de toras de madeira e depois acender um fogo nessa estrutura transformando-a em uma grande fogueira.
 Quando a maior parte da vaca vermelha (que já foi abatida) está queimando e a barriga dela se abre, se joga dentro dela um pedaço de “erez” que é a maior árvore da terra de Israel, um pedaço de “ezov” que é a menor árvore daquela região, e tolaat shani que é uma lã tingida com tinta vermelha originaria de um vermezinho
 As cinzas da fogueira da vaca vermelha junto com tudo o que foi queimado nela é usada para purificar as pessoas da maior de todas as impurezas, a impureza dos mortos
 Todos os que participam da preparação dessas cinzas em todas as suas etapas devem estar puros antes de começar esse procedimento, e ao final dele se tornam impuros, caracterizando a vaca vermelha como algo que purifica os impuros mas impurifica os puros
 A explicação do Baal Shem Tov 
 A Vaca Vermelha representa o orgulho
 O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os Mandamentos Divinos são eternos. 
 Mesmo que na prática eles precisam ser cumpridos por meio de uma ação determinada e em um tempo determinado, mesmo assim eles sempre trazem para nós um ensinamento que pode ser colocado na prática por cada um de nós e em qualquer momento
 Nesse aspecto os Mandamentos Divinos são eternos, pelo motivo de a Torá ser Divina e a revelação Divina ser eterna. 
 Dizem os alunos do Baal Shem Tov em seu nome, que toda a Torá tem que estar sempre presente na nossa vida diária dentro desse aspecto, o de aprendermos de cada Mandamento Divino uma instrução que pode ser colocada na prática no nosso dia a dia
 Eles perguntaram ao Baal Shem Tov:- O que podemos aprender da Mitzvá da "Pará Adumá"(a vaca vermelha) para o nosso trabalho Divino diário, se até na época do Beit Hamikdash ela não aconteceu a não ser raramente? 
 E também, o que podemos aprender do fato de que ela impurifica os puros e purifica os impuros? 
 E assim respondeu o Baal Shem Tov:
 A "Pará Adumá" representa o orgulho!
 No princípio, quando nos comportamos de maneira incorreta e portanto estamos distantes de Hashem (D'us), o começo do nosso "conserto" é por meio do orgulho e das "segundas intenções"
 Temos que cumprir os Mandamentos Divinos para "nos exibir", por exemplo, ou de uma maneira mais nobre, mas ainda com "segundas intenções", de "ganharmos o Paraíso futuro". 
 Temos que pensar que é mais do que justo que Hashem nos dê uma enorme recompensa por tudo o que estamos fazendo, temos que achar que estamos fazendo algo para D'us
 Mas a verdade é que se D'us não nos desse força, o que seria de nós? Como podemos cobrar de Hashem uma coisa que fizemos com a força que ele próprio nos deu?
 Mas nunca conseguiríamos chegar à essa verdade, e D'us nos livre, ficaríamos de fora, se não começássemos o trabalho Divino como uma criança pequena, para exibir que estamos fazendo o que é certo e portanto somos importantes, ou para receber algo em troca, por mais nobre que seja a recompensa como por exemplo o futuro Paraíso 
 Depois que começamos o trabalho Divino com essas "segundas intenções" e conseguimos "crescer e amadurecer" dentro do trabalho Divino, descobrimos que Hashem é a essência do bem e ele nos ama mais do que nós amamos nossas próprias crianças, infinitamente mais do que imaginávamos! 
 Perdemos o interesse pelo que os outros vão pensar de nós, perdemos a vontade de nos "exibir", e vemos o futuro paraíso como uma coisa óbvia, como voltar para casa depois de estarmos perdidos na selva por tanto tempo. 
 Paramos de pensar em nós próprios e começamos a pensar em Hashem que está tão preocupado com a nossa "volta para casa". Vamos pelo caminho certo para que Hashem fique "menos preocupado" com a gente e não para termos algum lucro com isso
 Nessa segunda etapa, ter orgulho, cumprir os Mandamentos Divinos para nos exibir ou para ganhar o paraíso é uma regressão à etapa anterior. Nessa segunda etapa se tivermos orgulho ele nos derruba
 Nessa segunda etapa, na qual voltamos a ser crianças puras, temos que manter essa pureza e nos afastar do orgulho até o extremo
 Porque a prepotência é uma auto idolatria, e aonde há idolatria a revelação Divina se oculta. Nessa etapa o orgulho nos impurifica
 Conclusão: o orgulho purifica os impuros e impurifica os puros
 E esse assunto existe em todos os níveis, até no nível dos Tzadikim, das pessoas mais elevadas espiritualmente.
 Até os próprios Tzadikim, para subirem do seu nível tão elevado para um nível mais elevado ainda, precisam usar esse sistema de começar pelo orgulho para decolar, e depois se apegar à humildade para aterrissar com segurança no nível superior
 E por isso, também sobre os Tzadikim podemos dizer que o orgulho purifica os impuros, sendo que qualquer nível espiritual em relação ao nível superior à ele é comparado à impureza em relação à pureza 
 Sendo que o nível espiritual inferior está distante do superior, em relação ao nível de revelação Divina superior o Tzadik está longe de D'us, mesmo que para nós que estamos em um nível muito mais baixo ele está infinitamente mais perto de D'us do que nós
 E antes de qualquer pessoa se aproximar de Hashem por meio de alguma Mitzvá, Torá ou Tefilá (reza) ele é considerado impuro, ou seja, distante de Hashem em relação ao nível da aproximação que ele vai chegar por meio da Mitzvá, da Torá ou da Tefilá que ele vai fazer, e não temos como nos aproximar de Hashem a não ser por meio do orgulho
Na "sitra ahara", no lado espiritual impuro, representado principalmente pelo que está mais próximo à nós que é o nosso próprio "yetzer hará" (nossa má inclinação), o raciocínio é totalmente contrário
 O yetzer hará começa pela humildade e termina no orgulho
 Começa pela humildade dizendo:
 :- "Quem é você para fazer uma Mitzvá?" 
 :-"O que adianta você estudar Torá, de qualquer jeito você nunca vai saber tudo"
 :- "Você acha que é tão querido por Hashem para que a sua reza seja ouvida?" 
 Quando um pensamento desses proveniente do yetzer hará nos atinge como um míssil do Hamas que sai de dentro da própria terra de Israel para destruí-la, você deve responder com todo o orgulho dizendo:
 :-Quem sou eu para não fazer uma Mitzvá!
 :-O meu estudo de Torá lá encima é visto como uma pequena luz na escuridão que é muito mais importante do que uma grande luz que não está na escuridão
 :- A minha reza lá encima é ouvida com mais atenção ainda, como uma criança aprendendo a falar que mesmo falando errado o pai está tão feliz em ouvi-la que até repete as palavras dela de tanta felicidade
 O fato de o orgulho no começo do trabalho Divino fazer parte da santidade e não ser comparado à uma Mitzvá feita por meio de uma "averá" (transgressão) é porque por trás dele se encontra a verdadeira humildade como vemos nos exemplos acima 
 A humildade da "sitra ahara" é dizer :-quem sou para fazer uma Mitzvá 
 A humildade da Kedushá (santidade) é dizer :-quem sou eu para não fazer uma Mitzvá. 
 E esse lado oculto da verdadeira humildade se disfarça de orgulho para enfrentar o Yetzer hará que tenta nos seduzir dizendo que é uma grande Mitzvá ser humilde mas que por motivos de humildade você não deve cumprir Torá e Mitzvót sendo que você ainda não está nesse nível!
 E você só consegue refutar os argumentos dele com orgulho. E por meio desse orgulho você se purifica e se aproxima de Hashem, por meio de ter orgulho em estudar Torá, em rezar, em cumprir as Mitzvót
 O orgulho de fonte impura é o orgulho da segunda etapa, quando você já está estudando Torá, cumprindo Mitzvót e caprichando na Tefilá. Aí aparece o Yetzer hará e tenta te convencer de que você é melhor do que as pessoas que não estão fazendo o que você faz. 
 Esse é o orgulho proveniente da "sitra ahara" e o objetivo dele é te derrubar dessa forma fazendo com que você se ache melhor do que os outros, fazendo com que você se sinta um deuzinho, transformando você em uma pequena idolatria e te distanciando de Hashem muito mais do que você estava antes de começar
Por isso o orgulho é chamado de Pará Adumá. Pará(vaca) é uma linguagem de crescimento, o orgulho de fazer uma Mitzvá faz você crescer.
 Adumá (vermelha) se refere à "sitra ahara" que é o orgulho que você sente depois de ter feito a Mitzvá, o orgulho de ser melhor do que alguém que não fez essa Mitzvá, orgulho proveniente do lado impuro
 Portanto é colocado dentro da fogueira da vaca vermelha um pedaço de Erez que é a maior árvore, um pedaço de ezov que é a menor árvore, e tolaat shani, a lã tingida com a tinta vermelha originaria de um vermezinho
 Como explica Rashi que quem se orgulhou como um Erez, tem que se rebaixar como um ezov e como uma tolaat, um vermezinho
 Diz o Rambam que o cajado de Erez que era colocado dentro da fogueira da vaca vermelha tinha um limite de altura de cinquenta centímetros
 Disso nos ensina o Baal Shem Tov mais uma regra importante que aprendemos da Mitzvá da Pará Adumá
 Que mesmo sendo necessário o orgulho no começo do trabalho Divino, ele tem que ter um limite. Não podemos perder o controle sobre ele para que seja possível eliminá-lo depois com muita facilidade
 Conclusão:
 Leia novamente tudo o que foi dito acima e coloque na prática com muito amor e carinho!
O cajado de Moshe
Nossa Parashá nos conta entre muitos assuntos interessantes que D’us pede para Moshe pegar “o cajado”, reunir o povo, falar com uma rocha na frente de todos e dela vai sair água para o povo inteiro.
 No começo da história da saída do Egito, quando Hashem (D’us) se revelou à Moshe no monte Sinai na ocasião do ”arbusto incandescente” e pediu para ele tirar nosso povo do Egito, Moshe estava com esse cajado.
 Nessa ocasião Hashem pede para ele jogar o cajado no chão e ele vira uma serpente. Moshe pega a serpente e ela volta a ser cajado.
 Hashem diz para ele levar esse cajado para o Egito e com ele fazer os milagres. Agora, próximos à conclusão da história da saída do Egito, próximos à entrar definitivamente na terra prometida depois de ter ficado no deserto por quase quarenta anos, Hashem pede para ele pegar “o cajado” e falar com a rocha.
 Qual é a importância tão grande desse cajado que na nossa Parashá ele é chamado por Hashem simplesmente de “o cajado” ?
 Rabi Levi no Midrash nos conta que esse cajado foi criado no sexto dia da criação do mundo “bein hashmashot”, depois do pôr do sol mas antes de saírem as estrelas, horário que não é nem dia e nem noite em que o que foi criado nele era meio material e meio espiritual.
 Esse cajado foi dado para Adam Harishon (o primeiro homem) no Gan Éden (paraíso). Adam deu ele para Hanoch que o deu para Noach que o deu para Shem que o entregou à Avraham Avinu.
 Avraham o deu para Itzhak, Itzhak o deu para Yaakov que o levou ao Egito e o entregou à Yossef.
 Quando Yossef faleceu, tudo o que havia na sua casa foi levado ao palácio do faraó, inclusive “o cajado”.
 Ytró era um dos assessores do Faraó. Ele viu que esse cajado tinha letras hebraicas, e mesmo sendo ele um dos grandes sábios dos povos da época, aquelas palavras ele não conseguiu decifrar.
 Quando ele se demitiu do Faraó, pegou aquele cajado e o levou para Midian. Enfiou ele na terra do jardim de sua casa e não conseguiu mais arrancar ele de lá.
 Sempre que alguém pedia sua filha Tzipora em casamento ele colocava como condição arrancar aquele cajado do chão, mas por mais forte que fosse o pretendente ninguém conseguiu arrancar o cajado (olha de onde os ingleses copiaram a lenda do rei Arthur).
 Quando Moshe fugiu do Egito e chegou à casa de Ytró, leu o que estava escrito no cajado, tirou ele do jardim e se tornou o genro de Ytró.
 Diz o Zohar que nesse cajado estava lapidado o nome explícito de Hashem dos dois lados e representava dois tipos diferentes de atuação Divina no mundo, um lado despertaria a Hessed (bondade) e a Guevurá (severidade) e o outro lado despertaria Guevurá com Guevurá quando fosse necessário,
Por isso nas pragas do Egito aparece a linguagem “incline seu braço”, se referido ao braço esquerdo, o lado da Guevurá.
 Diz o Zohar que esse é o motivo pelo qual Hashem pediu para Aharon jogar o cajado dele na frente do Faraó.
 Tanin – cobra ou crocodilo?
 Naquela ocasião o cajado de Aharon se transformou em “tanin”, e voltando a ser cajado comeu os cajados dos feiticeiros do Egito que tinham se transformado em “taninim”. Nesse caso a palavra “tanin” é traduzida por Unkelus como “tanina” e não como “hivei” que quer dizer cobra em aramaico. A palavra “tanin” em árabe, idioma mais próximo ao aramaico, quer dizer dragão.
 Tanto Rashi na sua explicação quanto Rabi David e seu filho Rabi Yehiel Altshuler que escreveram o livro Metzudat Tzion que traduz as palavras difíceis do Tanach, traduzem tanin como cobra em todos os lugares do Tanach aonde essa palavra aparece nesse sentido (Fora as vezes que essa palavra se refere à um peixe puro gigantesco, e lá eles traduzem como peixe e não como cobra)
 O que eles têm em comum era o fato de terem vivido na Europa que naquela época não tinha crocodilos como atualmente nos zoológicos
 O dicionário de hebraico traduz tanin como crocodilo sem conseguir explicar exatamente onde essa tradução começou.
  Levando em consideração a tradução de Unkelus e também analisando um versículo de Yehezkel 29/3 onde ele cita o exibicionismo do faraó comparando lá o faraó a um grande “tanin” agachado confiantemente dentro do seu rio, lembrando mais a expressão de segurança de um crocodilo do Nilo do que de uma cobra que caiu na água, chegamos à conclusão de que o “tanin” é um crocodilo mesmo, e que Rashi não teria outro jeito de explicar para uma criança de cinco anos na Europa há mais de novecentos anos atrás o que é um jacaré a não ser dessa forma
 Então chegamos a conclusão que tanto o cajado de Aharon quanto os cajados dos feiticeiros do Egito nessa ocasião se transformaram em crocodilos e o cajado de Aharon voltando a ser cajado comeu os crocodilos dos feiticeiros demonstrando uma força superior à deles que pode atuar em nível de cajado, inferior aos crocodilos e mesmo assim comer os crocodilos, e por isso eles se assustaram
O cajado de Aharon tinha que fazer isso e não o cajado de Moshe porque Hashem não queria impurificar seu nome lapidado no cajado de Moshe quando o cajado engolisse os feitiços.
 Diz o Zohar que outro motivo de que naquela ocasião obrigatoriamente teria que ser o cajado de Aharon era para subjugar todos aqueles que eram do lado esquerdo, “Guevurá”, porque  Aharon era o Cohen, “homem da bondade”, nas Sefirot a Hessed, “lado direito” que subjuga a Guevurá que é o lado esquerdo.
 Diz o Zohar que Hashem quis que seus nomes lapidados no cajado fizessem os milagres, mas quando Moshe bateu com ele na pedra duas vezes Hashem disse para ele que não era para isso que ele tinha esse cajado.
 A Torá nos conta que esse é o motivo que Moshe não entrou na terra prometida, publicando a grandeza de Moshe que não teve outro motivo a não ser esse motivo tão pequeno.
 Diz o Rebe de Lubavitch que aprendemos com o cajado de Moshe uma coisa muito importante:
 Nesse mesmo cajado que estavam lapidados os nomes das nossas seis matriarcas e seus doze filhos que deram origem ao povo de Israel,  ao mesmo tempo estavam lapidadas nele em forma de iniciais as dez pragas que eram o nível mais baixo da atuação Divina, a revelação Divina em forma de pragas que aconteceram no Egito,país mais depravado do mundo .
 E nesse mesmíssimo cajado estava lapidado o nome mais sagrado de Hashem, o mais importante dos sete nomes de D’us que não podem ser apagados, o nome que se refere à “essência Divina”, e quando nos unimos à um pouco da essência Divina nos unimos à ela inteira.
 Diz o Baal Shem Tov que a Divina providência não recai somente à assuntos globais, mas Hashem se relaciona à menor coisa do mundo da mesma maneira que se relaciona à maior coisa do mundo.
 E não só à menor coisa como também a menor das menores, porque o menor detalhe completa a mais suprema perfeição da intenção Divina.
 Hashem mesmo sendo o Todo Poderoso está cuidando de cada detalhe de uma criança pequena nesse mundo e até de coisas ainda menores como uma folhinha que cai de uma árvore, a Divina Providência está acompanhando ela e determinado quantas voltas ela vai dar, e se vai ser por meio do vento ou de outra forma.
Vimos no comportamento do Baal Shem Tov esses dois extremos. Por um lado ele revelava aos seus alunos os segredos mais profundos da Torá, e junto com isso ele conversava com as pessoas mais simples sobre os assuntos mais simples da Torá e das Mitzvot, e ele próprio ensinava as crianças pequenas a falar o Amém do Kadish.
 Aprendemos daqui que por mais que estejamos ocupados com assuntos importantíssimos temos que nos ocupar da mesma maneira com assuntos de Torá e Mitzvot que parecem para nós muito pequenos, se até Hashem faz assim, quanto mais nós!
 Diz o Midrash que o cajado de Moshe chegou até o rei David, dele passou para os reis da Judéia e na destruição do primeiro Beit Hamikdash ele desapareceu.
 Mas esse mesmo cajado que estava nas mãos de Moshe vai estar nas mãos do Mashiach e com ele o Mashiach vai tirar o povo de Israel do Galut
 O lado oculto da “cobra de cobre”
 A Guemará nos conta em nome de Rabi Akiva que devemos nos acostumar a dizer que tudo que o bom D’us faz é para o bem  e também nos traz uma história de como o próprio Rabi Akiva colocou isso na prática:
 Certa vez quando Rabi Akiva estava viajando e precisou dormir em uma cidadezinha no meio do caminho, os habitantes da cidadezinha que eram pessoas muito ruins não deixaram Rabi Akiva dormir lá. O que ele fez? Dormiu no meio do mato!
 O veículo da época era o burro, o despertador um galo e a iluminação uma vela provavelmente de azeite (tudo ecologicamente correto).
 Soprou um vento e apagou a vela, apareceu um gato e comeu o galo, veio um leão e comeu o burro
 Com tudo isso, não só que Rabi Akiva não se desanimou mas muito pelo contrário! Como dizendo para Hashem (D’us) “Surpreenda-me”, ele disse :- “Tudo que o bom D’us faz é para o bem”
 Naquela noite a cidade foi atacada e todos seus habitantes levados como escravos
 Agora tudo o que aconteceu ficou retroativamente bem claro! Se a vela estivesse acesa, o galo cantando e o burro relinchando, Rabi Akiva teria sido descoberto e levado como escravo junto com todos os habitantes daquela cidadezinha
 A explicação do Maharsha
 Rabi Shmuel Eidels (Cracóvia Polonia 1555 – Ostroh Ucraina 1631) é conhecido como “o Maharsha” que é o acrônimo do seu nome em hebraico significando “Nosso mestre Rabi Shmuel Eidels”.
 O Maharsha foi um dos maiores comentaristas da Guemará conseguindo decifrar muitas partes dela que até a sua época eram verdadeiras incógnitas.
 Na sua explicação sobre a categoria da Guemará chamada de “Agadot” ele pergunta porque a Guemará não trouxe a história de Nahum Ysh Gam Zu como exemplo da lei judaica em relação à benção que trata do assunto que da mesma maneira que agradecemos à D’us por uma coisa boa que nos acontece devemos agradecer à ele por uma coisa ruim
 A Guemará nos conta que o grande Sábio de Israel Nahum Ysh Gam Zu que foi o Rebe de Rabi Akiva certa vez foi mandado para Roma levando uma arca cheia de pedras preciosas para dar de presente ao imperador e conseguir por meio disso anular um terrível decreto do governo romano cobra o nosso povo
 No caminho para Roma em uma hospedagem sem que ele percebesse os donos do hotel roubaram o tesouro que estava dentro da arca, e para não sentirem a diferença do peso encheram a arca de terra.  Nachum Ysh Gam Zu e os que estavam com ele não suspeitaram que isso tivesse acontecido e continuaram a viagem para Roma
 Quando Nahum Ysh Gam Zu foi recebido pelo imperador e deu à ele o “presente” o imperador abriu a arca e encontrou dentro dela somente terra. O imperador achou que os judeus estão fazendo ele de ridículo e quis executar Nahum Ysh Gam Zu
 Mesmo nessa situação extremamente perigosa Nahum Ysh Gam Zu continuou tranquilo e disse : Gam Zu Letová (também isso é para o bem)
 Hashem (D’us) fez um milagre e o profeta Eliahu apareceu em forma de um dos ministros do rei e disse ao imperador que provavelmente essa é a terra que usou Avraham, o patriarca dos judeus, quando lutou contra os quatro reis e essa terra demonstrou ser a arma mais poderosa do mundo.
 O imperador pediu para testar essa arma poderosa contra um país que estava em guerra com ele, o milagre aconteceu e aquilo realmente funcionou e ele conseguiu conquistar aquele lugar
  Em agradecimento à esse presente tão original o imperador anulou o decreto que tinha feito contra os judeus e ainda homenageou Nahum Ysh Gam Zu e deu à ele de volta a mesma arca que ele tinha trazido, mas agora no lugar daquela terra ela estava cheia de pedras preciosas.
 Portanto, pergunta o Maharsha, a Guemará poderia trazer isso como exemplo de termos que receber as coisas ruins que nos acontecem com a mesma alegria que recebemos as coisas boas
 Explica o Maharsha que a Guemará preferiu as palavras de Rabi Akiva que citou D’us na sua frase de que “Tudo que D’us faz é para o bem” do que a frase de Rabi Nahum que diz genericamente “também isso é para o bem”
 A explicação do Baal HaTania
De acordo com a Hassidut o nível de Nahum Ysh Gam Zu que era o Rebe de Rabi Akiva era superior.
 Rabi Akiva acreditou com toda a sua fé que não existe nenhum mal que desce lá de cima mas tudo o que Hashem faz tudo é para o bem, e ele também viu que na raiz de tudo lá em cima é assim
 Mas Nahum Ysh Gam Zu não só acreditou com toda a sua fé e viu que o mal na sua fonte espiritual é bom, mas também conseguia trazer esse bem aqui para baixo na prática. Ele conseguia fazer com que a coisa ruim se tornasse visivelmente boa aqui em baixo também
 E por isso ele sempre dizia “também isso é para o bem”, e não “tudo é para o bem” de maneira genérica. “Também ISSO é para o bem quer dizer que especificamente isso é para o bem
Rabi Shneior Zalman, o “Baal HaTania” como é conhecido em nome da sua obra principal, o livro do Tania que é a Torá escrita da Hassidut, explicou que a “cobra de cobre” da nossa Parashá representa o Mal da maneira que ele é visto aqui embaixo
 Mas quando colocamos a “cobra de cobre” sobre o mastro e olhamos para cima para vê-la podemos ver que também a raíz desse mal específico é o bem, e dessa maneira podemos consertar o mal e transformá-lo em bem, sendo que as severidades não podem ser consertadas a não ser pela sua raiz
 Por isso perguntam nossos sábios :- Será que a cobra mata ou faz viver?
 Nossa Parashá nos conta que durante o percurso que fez nosso povo circundando a Terra de Edom houve um enorme desânimo e muitas pessoas vieram com reclamações contra Moshe Rabeinu. Reclamações tipo “Porque você nos tirou do Egito para morrermos no deserto”
 Por consequência disso Hashem deixou de proteger o nosso povo na intensidade que estava nos protegendo antes, e as cobras do deserto penetraram no acampamento fazendo muitas vítimas.
 Ou seja, eles argumentaram que Moshe tirou o nosso povo do Egito para morrer no deserto e isso atraiu para eles as cobras que são a maior causa de morte do deserto
 O povo pediu para Moshe rezar por eles e fazer parar a infestação das cobras. Depois de rezar pelo povo Moshe recebe a ordem Divina de fazer uma cobra e colocá-la em cima de um mastro, e toda a pessoa que for picada deverá olhar para aquela cobra e ficará curada
 A Guemará pergunta: “Será que a cobra mata ou faz viver? Responde a Guemará: Quando o povo de Israel olhava para cima e subjugava seu coração ao seu pai que está no céu ficavam curados
  Surge a pergunta: Se todo o motivo dessa cobra de cobre era fazer com que as pessoas olhem para cima e subjuguem  o seu coração
 Qual é a necessidade de fazer uma cobra de cobre? Seria o suficiente olhar para cima e subjugar o coração para seu pai que está no céu sem necessidade de fazer uma cobra de cobre
 E mais ainda, a cobra de cobre ainda poderia fazer a pessoa se confundir e acreditar que a sua cura vem da cobra e não de Hashem, D’us nos livre. E também a regra em relação à reza é que durante a reza devemos manter nossos olhos para baixo e nosso coração para cima, ou seja, não podemos olhar para cima na hora da reza
 Nahum Ysh Gam Zu via diretamente o bem que era a raíz do mal, e portanto o mal não era um teste de fé para ele, porque não só que ele via que esse mal na sua raiz é bondade , mas via também que no final aquele bem que era a raíz do mal desceria até o nível do nosso mundo e o que antes era mal se transformaria em algo extremamente bom.
 Ele também sabia como “adocicar as severidades na sua raiz” e dessa forma ele fazia o bem que era a raíz do mal descer para o nosso mundo e todos verem de maneira revelada que o mal virou o bem
 Mas os outros Tzadikim como Rabi Akiva, mesmo acreditando com toda a fé que a raíz do mal é o bem, e também passaram por vários testes para revelar esse bem, mesmo assim eles não conseguiram “adocicar as severidades na sua raiz” e portanto aqui embaixo o mal para eles continuou aparentando ser totalmente mal
 A cobra de cobre por si só é o símbolo do mal, sendo que as cobras mataram muitas pessoas no nosso povo e também a cor do cobre é avermelhada simbolizando as severidades.
 Mas quando eles olhavam para cima, para seu pai do céu, ou seja, quando eles olhavam para cima e viam a cobra de cobre junto com o céu como se fosse uma coisa só, então eles se lembravam de que a cobra na sua raiz é boa, e por meio dessa conscientização fortaleciam  sua fé e confiança em Hashem que estava fazendo para eles o bem a cada instante, e aí acontecia o milagre de ficarem totalmente curados
 Então vamos fazer igual, só temos a ganhar, e aqui temos muito a ganhar. Vale a pena alinhar o nosso pensamento constantemente dessa forma e fazer com que os milagres aconteçam

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