Herberts Cukurs o assassino nazista morto pelo Mossad no Uruguai

Herberts Cukurs o assassino nazista morto pelo Mossad no Uruguai

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Herberts Cukurs o assassino nazista morto pelo Mossad no Uruguai
O criminoso nazista Herberts Cukurs viveu por 20 anos no Brasil e foi executado no Uruguai por agentes do Mossad — Foto: Arquivo Nacional 
Herberts Cukurs: o nazista que viveu por 20 anos no Brasil e foi executado no Uruguai por agentes do Mossad

Criminoso de guerra, que ficou famoso por montar negĆ³cio com pedalinhos no Rio, foi responsabilizado por matar a sangue-frio cerca de 30 mil judeus na LetĆ“nia ocupada por Hitler.

O aviador letĆ£o Herberts Cukurs (1900-1965) chegou ao Brasil no dia 4 de marƧo de 1946, uma segunda-feira de Carnaval, a bordo do vapor espanhol Cabo da Boa EsperanƧa.

Vindo de Marselha, na FranƧa, onde embarcou em 5 de fevereiro, estava acompanhado da mulher, Milda, de 38 anos; dos trĆŖs filhos, Gunnars, de 14, Antinea, de 12, e Herberts, de 4; da sogra, Made, de 64; e de uma jovem judia chamada Miriam Kaicners, de 23.

Do cais do porto, Cukurs e sua famĆ­lia seguiram para um sobrado em SĆ£o CristĆ³vĆ£o, na Zona Norte do Rio. JĆ” Miriam foi morar com uma famĆ­lia judaica de sobrenome Chapkosky.

"Cukurs nĆ£o entrou no Brasil atravĆ©s das rotas de fuga usadas por criminosos nazistas depois da guerra. Entrou legalmente, beneficiado pela polĆ­tica imigratĆ³ria racista que vigorava em nosso paĆ­s: ele era branco, europeu e cristĆ£o", explica o historiador Bruno Leal, professor de HistĆ³ria ContemporĆ¢nea pela Universidade de BrasĆ­lia (UnB) e autor do recĆ©m-lanƧado O homem dos pedalinhos. Herbert Cukurs: A histĆ³ria de um alegado criminoso nazista no Brasil do pĆ³s-guerra (FGV Editora).

"Mesmo que o governo brasileiro tivesse feito uma pesquisa mais aprofundada, dificilmente encontraria, naquele momento, acusaƧƵes de crimes de guerra contra Cukurs".

Para sobreviver no Rio de Janeiro, Cukurs vendeu uma mĆ”quina fotogrĆ”fica da marca Leika para Izaks Bojarskis, um funcionĆ”rio da loja de departamentos Mesbla, por Cr$ 8,5 mil — o salĆ”rio mĆ­nimo da Ć©poca era de Cr$ 380.

Em seu paĆ­s de origem, era considerado um herĆ³i nacional da ForƧa AĆ©rea da LetĆ“nia. Experiente, projetava, construĆ­a e fazia a manutenĆ§Ć£o dos aviƵes que pilotava. Entre outras faƧanhas, viajou para a GĆ¢mbia, em 1933, e para o JapĆ£o, em 1936.

No Rio, o suposto refugiado dos horrores da Segunda Guerra ganhou a vida como empresƔrio. Um de seus primeiros empreendimentos foi o aluguel de pedalinhos na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul da cidade.

Pouco, quase nada, se sabia sobre seu papel na ocupaĆ§Ć£o nazista da LetĆ“nia.

"A permanĆŖncia de Cukurs no Brasil nĆ£o teve nada a ver com a aĆ§Ć£o de redes nazistas secretas, nem com uma polĆ­tica de acobertamento do governo brasileiro", esclarece Leal.

"A ideia de que a AmĆ©rica do Sul foi um 'paraĆ­so' para nazistas e criminosos nazistas e que os paĆ­ses da regiĆ£o receberam 'um grande nĆŗmero' deles decorre de uma narrativa impressionista, nĆ£o documentada e, nĆ£o raro, sensacionalista, difundida por muitos veĆ­culos de imprensa e pela cultura de massa. Talvez o grande 'paraĆ­so nazista' no pĆ³s-guerra tenha sido a prĆ³pria Europa."

De pai de famĆ­lia a criminoso de guerra

Em julho de 1949, Cukurs e a famĆ­lia deram entrada no pedido de naturalizaĆ§Ć£o brasileira. ƀ Ć©poca, sua empresa, a Herberts Cia. Ltda, com sede em NiterĆ³i, contabilizava 20 pedalinhos, duas lanchas, cinco caiaques, um barco Ć  vela e um hidroaviĆ£o, entre outras embarcaƧƵes.

Mas, no dia 30 de junho de 1950, sua vida virou pelo avesso. A FederaĆ§Ć£o das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro, baseada nos depoimentos de cinco sobreviventes do Holocausto, convocou uma coletiva de imprensa para acusar o imigrante letĆ£o de criminoso de guerra.

Cukurs foi responsabilizado de matar a sangue-frio cerca de 30 mil judeus na LetĆ“nia ocupada pelos nazistas. Teria ainda desapropriado imĆ³veis, profanado cemitĆ©rios, incendiado sinagogas...

Entre 1940 e 1945, a LetĆ“nia foi ocupada duas vezes. A primeira delas, em junho de 1940, pela extinta UniĆ£o SoviĆ©tica, e a segunda, em julho de 1941, pela Alemanha.

Durante a ocupaĆ§Ć£o nazista, Cukurs integrou o Comando ArĆ£js, o principal grupo colaboracionista da LetĆ“nia.

"A LetĆ“nia se tornou independente em 1918. Mas, sua liberdade durou pouco: em 1941, os soviĆ©ticos a invadiram e, um ano depois, os nazistas", afirma a jornalista e escritora Heliete Vaitsman, diretora do Museu Judaico do Rio de Janeiro e autora do romance histĆ³rico O cisne e o aviador (Rocco), livremente inspirado na biografia de Herberts Cukurs.

"Entre 1941 e 1945, a comunidade de 80 mil judeus letƵes foi quase extinta. Milhares de judeus alemĆ£es e austrĆ­acos transportados para a LetĆ“nia em trens tambĆ©m foram executados — em geral, por fuzilamentos em massa. Seus corpos foram jogados em fossas coletivas."

Herberts Cukurs o assassino nazista morto pelo Mossad no Uruguai

Herberts Cukurs chegou ao Brasil no dia 4 de marƧo de 1946, uma segunda-feira de Carnaval, a bordo do vapor espanhol Cabo da Boa EsperanƧa, vindo de Marselha, na FranƧa — Foto: Arquivo Nacional

Por ocasiĆ£o das denĆŗncias da FederaĆ§Ć£o das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro, Cukurs admitiu que colaborou com a ocupaĆ§Ć£o nazista, mas negou as acusaƧƵes. De nada adiantou. Logo, o escĆ¢ndalo ganhou as pĆ”ginas dos jornais.

"Famoso matador de gente", publicou o jornal Folha do Rio, na ediĆ§Ć£o do dia 30 de junho de 1950. "IndesejĆ”veis", manchetou o Tribuna da Imprensa, de 13 de julho de 1950.

Para o jornal Tribuna da Imprensa, Cukurs virou o "nazista dos pedalinhos". Indignada, a populaĆ§Ć£o da entĆ£o capital federal do paĆ­s pediu a imediata expulsĆ£o de Herberts Cukurs do paĆ­s.

'Olhe para mim! Tenho cara de carrasco?'

Na coletiva de imprensa, compareceram alguns dos repĆ³rteres mais importantes da Ć©poca, como Joel Silveira (1918-2007), do DiĆ”rio de NotĆ­cias, e AustregĆ©silo de Athayde (1898-1993), do DiĆ”rio da Noite.

A FederaĆ§Ć£o das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro distribuiu cĆ³pias datilografadas dos depoimentos de quatro sobreviventes: David Fischkin, Max Tukacier, Abram Shapiro e Rafael Schub.

Sob juramento, relataram episĆ³dios estarrecedores, que eles prĆ³prios testemunharam ou sofreram, protagonizados por Cukurs. Fischkin descreveu o letĆ£o como "um criminoso de guerra" que, no dia 30 de novembro de 1941, fuzilou 16 mil judeus, entre homens, mulheres e crianƧas, na floresta de Bikernieku.

"Quando uma crianƧa chorou, ele a tirou da mĆ£e e a fuzilou ali mesmo", relatou.

Segundo os relatos dos sobreviventes, gostava de atirar nos calcanhares de suas vĆ­timas quando elas fugiam. Assim que caĆ­am indefesas, mirava em suas nucas e apertava o gatilho.

Tukacier contou que foi levado para o nĆŗmero 19 da rua Waldemar, em Riga, a capital do paĆ­s. Naquele edifĆ­cio, funcionava o principal centro de interrogatĆ³rio, prisĆ£o e tortura de judeus e oponentes polĆ­ticos dos nazistas na LetĆ“nia.

No "quartel da Gestapo", como os judeus o chamavam, Tukacier sofreu espancamentos e maus-tratos.

"Recebi golpes horrĆ­veis", conta, "que fez saltar quase todos os meus dentes. Uso agora uma dentadura".

LĆ” dentro, testemunhou incontĆ”veis atrocidades: de trabalhos forƧados a execuƧƵes sumĆ”rias. Quem ousasse chorar ou desmaiar durante uma sessĆ£o de tortura era fuzilado.

Numa delas, Cukurs obrigou um velho de 60 anos e uma jovem de 20, ambos de origem judaica, a tirarem as roupas e manterem relaƧƵes sexuais. Diante da recusa do homem, Cukurs o espancou.

Shapiro contou que, na calada da noite, muitos judeus eram retirados de suas celas na rua Waldemar e levados embora para destino ignorado.

Certa vez, quando ousou perguntar a um sentinela o que estava acontecendo, escutou como resposta: "Foram caƧar coelhos", respondeu, sarcƔstico.

Noutra ocasiĆ£o, Shapiro fora obrigado a tocar piano a noite toda no apartamento que pertencera aos seus pais, em Riga.

LƔ pelas tantas, Cukurs e outros oficiais da Polƭcia de SeguranƧa, jƔ totalmente embriagados, mandaram chamar uma moƧa judia, mantida como prisioneira por vƔrias semanas.

"Sentado ao piano, fui testemunha ocular de como a moƧa foi violentada pelos letƵes, um apĆ³s outro", descreve.

Um dos mais aterradores depoimentos foi o de Schub. Contou que, na madrugada de 4 de julho de 1941, Cukurs e seus homens encurralaram 300 judeus lituanos que tinham fugido de seu paĆ­s na sinagoga de Gogolstrasse, em Riga.

A princĆ­pio, os obrigaram a jogar os pergaminhos sagrados no chĆ£o da sinagoga. Como eles se recusaram a cometer tal sacrilĆ©gio, Cukurs derramou gasolina e, com granadas de mĆ£o, ateou fogo.

"Os judeus correram para as portas e janelas, mas os sentinelas do lado de fora atiraram neles", relatou o sobrevivente. "Todos os 300 foram queimados; dentre eles, muitas crianƧas".

Em outra ocasiĆ£o, Cukurs ordenou que 2 mil judeus se afogassem no lago de Venta, em Kuldiga, na CurlĆ¢ndia. Os que se recusaram a entrar na Ć”gua foram fuzilados ali mesmo, na margem do lago.

Com a repercussĆ£o desfavorĆ”vel do caso, a prefeitura do Rio nĆ£o renovou o alvarĆ” de licenƧa dos pedalinhos, o MinistĆ©rio da AeronĆ”utica cassou seu brevĆŖ de piloto e o da JustiƧa nĆ£o deu prosseguimento ao seu pedido de naturalizaĆ§Ć£o.

Uma multidĆ£o, segurando cartazes e gritando palavras de ordem, realizou um protesto na Lagoa Rodrigo de Freitas. Abordado por uma equipe do jornal O Globo, Cukurs preferiu nĆ£o dar entrevista.

Disse apenas que, em breve, provaria sua inocĆŖncia. "Olhe para mim! Tenho cara de carrasco?", perguntou ao repĆ³rter, segundo a ediĆ§Ć£o do dia 25 de julho de 1950.

Em 1951, Cukurs e a famĆ­lia mudaram-se para NiterĆ³i, municĆ­pio vizinho ao Rio. Em 1953, seguiram para Santos e, trĆŖs anos depois, para SĆ£o Paulo. Na capital paulista, montou uma empresa de tĆ”xi-aĆ©reo na represa de Guarapiranga.

"Um aspecto que contribuiu muito para que Cukurs jamais fosse expulso do paĆ­s foi a inoperĆ¢ncia de determinados governos estrangeiros. O caso mais importante envolve o governo britĆ¢nico", cita Leal.

"Nos anos 1950, a embaixada brasileira em Londres contactou o Foreign Office a fim de checar as acusaƧƵes contra Cukurs, mas houve grande mĆ” vontade da diplomacia britĆ¢nica. O Foreign Office estava mais preocupado com a Guerra Fria do que com o passado do nazismo."

CaƧadores de nazistas

A vida de Cukurs sofreu nova reviravolta em 23 de maio de 1960, quando Adolf Eichmann (1906-1962), um dos criminosos de guerra mais procurados do mundo, foi capturado na Argentina por agentes do serviƧo secreto israelense, o Mossad, e levado para Israel, onde foi julgado por sua participaĆ§Ć£o no extermĆ­nio de judeus.

Considerado culpado, Eichmann foi enforcado no dia 1Āŗ de junho de 1962. Com medo de ser o prĆ³ximo na lista dos israelenses, Cukurs chegou a tirar porte de arma — sĆ³ andava com uma pistola italiana Beretta, 6.35 mm — e a pedir proteĆ§Ć£o policial. "Conseguiu ambos", diz Leal.

No dia 12 de setembro de 1964, chegou ao Brasil um suposto empresƔrio austrƭaco chamado Anton Kuenzle.

ƀ procura de novas oportunidades de negĆ³cio no ramo de entretenimento, entrou em contato com Cukurs. Mal sabia ele que Kuenzle era, na verdade, o codinome de Yaakov Meidad (1919-2012), o agente da Mossad responsĆ”vel pela captura de Eichmann na Argentina.

Em pouco tempo, os dois ficaram amigos. Mais: Meidad, sob o disfarce de Kuenzle, ganhou a confianƧa de Cukurs e o convenceu a expandir seus negĆ³cios para o Uruguai.

Foi assim que, no dia 23 de fevereiro de 1965, os dois embarcaram para MontevidƩu. LƔ, Kuenzle ficou de mostrar para Cukurs a casa que eles alugariam como sede de sua empresa de turismo. Ficava no balneƔrio de ShangrilƔ, distante 18 quilƓmetros do centro da capital.

Quando Cukurs descobriu que tinha caĆ­do numa armadilha, foi tarde demais.

"O governo brasileiro, embora nĆ£o tenha expulsado Cukurs, jamais lhe concedeu a naturalizaĆ§Ć£o brasileira. Isso o deixou vulnerĆ”vel Ć  extradiĆ§Ć£o", explica Leal.

"Acontece que nenhum paĆ­s nunca a solicitou ao Brasil. A Alemanha tentou, no inĆ­cio dos anos 1960, abrir um processo de extradiĆ§Ć£o, mas a aĆ§Ć£o acabou demorando muito, e Cukurs morreu. Se isso tivesse acontecido com mais antecedĆŖncia, talvez o desfecho de Cukurs tivesse sido outro, bem diferente."

'Aqueles que nĆ£o esquecerĆ£o'

Dentro da casa, quatro agentes do Mossad pularam em cima dele. O plano original era imobilizar o criminoso, ler seu veredicto e, em seguida, executar a sentenƧa. Mas, apesar dos seus 64 anos, Cukurs ofereceu resistĆŖncia.

"O medo da morte deu a ele uma incrĆ­vel forƧa", escreveu Kuenzle em A ExecuĆ§Ć£o do Carrasco de Riga (2004), escrito em parceria com o jornalista israelense Gad Shimron. "Lutou como um animal selvagem e ferido".

Durante a briga, Cukurs berrou em alemĆ£o: "Deixem-me falar!". Mas ninguĆ©m lhe deu ouvidos.

Um dos agentes pegou um martelo e desferiu um golpe tĆ£o violento na cabeƧa de Cukurs que espirrou sangue para todos os lados. Em seguida, outro encostou uma arma em sua cabeƧa e efetuou dois disparos.

"As duas balas acabaram com a vida de Cukurs. Era terƧa-feira, 23 de fevereiro de 1965, 12h30", concluiu.

BaĆŗ onde foi encontrado o corpo de Herberts Cukurs — Foto: Acervo Pessoal

O corpo de Herberts Cukurs foi encontrado por Alejandro Otero, comissĆ”rio de polĆ­cia de MontevidĆ©u, no dia 6 de marƧo de 1965. Estava dentro de um baĆŗ de madeira, em avanƧado estado de decomposiĆ§Ć£o.

Otero tinha recebido uma denĆŗncia anĆ“nima. Sobre o cadĆ”ver, uma nota que dizia: "Considerando a gravidade dos crimes de que Ć© acusado Herberts Cukurs, especialmente a sua responsabilidade no assassinato de 30 mil homens, mulheres e crianƧas, nĆ³s o condenamos Ć  morte".

O grupo que assinou o bilhete se autodenominava "Aqueles que nĆ£o esquecerĆ£o".

"AtƩ hoje, o modo como Herberts Cukurs foi morto Ʃ lamentado por gente como Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal, nos Estados Unidos", pondera a jornalista e escritora Heliete Vaitsman.

"Segundo Zuroff, julgamentos em tribunais sĆ£o mais Ćŗteis Ć  HistĆ³ria e Ć  JustiƧa do que execuƧƵes sumĆ”rias. Se o piloto tivesse sido julgado, e se evidĆŖncias tivessem sido produzidas, isso teria dificultado as alegaƧƵes de inocĆŖncia que seus defensores insistem em fazer. Em 2011, nacionalistas letƵes reivindicaram sua inclusĆ£o no PanteĆ£o dos HerĆ³is Nacionais."

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