BrasĆlia - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestaram, nesta terƧa-feira (8), sobre o caso do apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, que durante episĆ³dio do Flow Podcast defendeu a legalizaĆ§Ć£o dos partidos nazistas no Brasil.
ApĆ³s repercussĆ£o do fato, Gilmar Mendes expressou solidariedade Ć comunidade judaica e disse ser "criminosa" a declaraĆ§Ć£o do influenciador. "Qualquer apologia ao nazismo Ć© criminosa, execrĆ”vel e obscena. O discurso do Ć³dio contraria os valores fundantes da democracia constitucional brasileira. Minha solidariedade Ć comunidade judaica", escreveu Mendes no Twitter.
Alexandre de Moraes tambĆ©m usou as redes sociais para se pronunciar. "A ConstituiĆ§Ć£o consagra o binĆ“mio: liberdade e responsabilidade. O direito fundamental Ć liberdade de expressĆ£o nĆ£o autoriza a abominĆ”vel e criminosa apologia ao nazismo", disse o ministro.
JĆ” o procurador da RepĆŗblica, Augusto Aras, declarou que "todo discurso de Ć³dio deve ser rejeitado com a deflagraĆ§Ć£o permanente de campanhas de respeito a diversidade, como fazemos no MinistĆ©rio PĆŗblico brasileiro, para que a tolerĆ¢ncia gere paz e afaste a violĆŖncia do cotidiano."
Monark fora do Flow
Em comunicado nas redes sociais, os EstĆŗdios Flow anunciaram a demissĆ£o do apresentador nesta tarde: "A partir deste momento, o youtuber Bruno Aiud estĆ” desligado dos EstĆŗdios Flow [...] Lamentamos profundamento o episĆ³dio ocorrido".
Antes disso, o episĆ³dio 545, com a participaĆ§Ć£o dos deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) jĆ” havia sido retirado das plataformas de vĆdeo e Ć”udio.
A repercussĆ£o das falas de Monark fez com que marcas que jĆ” patrocinaram o programa, como Puma e iFood se manifestassem nas redes sociais, repudiando as declaraƧƵes do apresentador. Algumas entidades judaicas, como a ConfederaĆ§Ć£o Israelita do Brasil (Conib) e a FederaĆ§Ć£o Israelita SP, tambĆ©m se pronunciaram sobre o caso.
AlĆ©m disso, convidados antigos do podcast pediram que episĆ³dios fossem tirados do ar, como o jornalista Benjamin Bac e o cantor Lucas Silveira, da banda Fresno.
Mais cedo, Monark chegou a pedir desculpas publicamente e afirmou que "estava na hora do programa". "Eu queria pedir desculpas. Eu errei, a verdade Ć© essa. Eu estava muito bĆŖbado e fui defender uma ideia, que acontece em outros lugares do mundo, nos EUA por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bĆŖbado, eu falei de uma forma muito insensĆvel com a comunidade judaica. PeƧo perdĆ£o pela minha insensibilidade, mas peƧo compreensĆ£o, sĆ£o quatro horas de conversa, fui insensĆvel, sim", disse ele em vĆdeo compartilhado nas redes sociais.
Crime contra a humanidade
O Holocausto, como ficou conhecido o genocĆdio de judeus pelo regime Nazista, estĆ” entre os maiores crimes cometidos contra a humanidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha, por meio da ideologia nazista, obrigou judeus a trabalhar de maneira forƧada em campos de concentraĆ§Ć£o.
Os homens vistos como os mais fortes trabalhavam obrigados, enquanto os considerados mais fracos eram enviados para serem mortos em cĆ¢maras de gĆ”s. O perĆodo foi marcado pelo extermĆnio de mais de 6 milhƵes de judeus.
Vale lembrar que, no Brasil, Ć© crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sĆmbolos, emblemas e objetos de divulgaĆ§Ć£o da ideologia nazista, conforme o artigo 1Āŗ da Lei 7.716/89, e a pena pode variar de um a trĆŖs anos de prisĆ£o, alĆ©m da aplicaĆ§Ć£o de multa.
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