PolÃtico israelita nascido a 16 de outubro de 1886, em Plonsk, na Polônia, e falecido a 1 de dezembro de 1973, em Tel Aviv. O seu verdadeiro nome era David Gruen. Ben Gurion significa, em hebraico, "filho do leão". Com vinte anos, em 1906, emigra para a Palestina, animado pelo sonho da restauração da pátria judaica na região de origem, a Terra Prometida de Moisés.
Todavia, em 1915,
o governo turco desterrou-o sob a acusação de desenvolver atividades polÃticas.
Vai então para os Estados Unidos
da América, onde então organiza a Legião Judaica para
combater junto dos Aliados durante a Primeira Guerra
Mundial. O jovem Ben-Gurion combateu, por exemplo, no exército
britânico, onde evidenciou uma grande coragem e denodo. Com a sua Legião, pôde regressar à Palestina em
1917, vencidos que foram os turcos.
Em 1920, criou a Histradut, uma confederação dos
trabalhadores israelitas, preparando assim condições para a recepção efetiva de
imigrantes judeus provenientes da Diáspora. Esta formação de caráter sindical -
e polÃtica, no fundo - logo se tornou numa importante organização de luta em
questões sociais, econômicas e, sempre que necessário, de segurança. Dez anos
volvidos, Ben-Gurion, com alguns dos seus correligionários, fundou o Mapai, partido polÃtico do
qual foi secretário-geral até 1945. Em 1933, foi eleito presidente do Comitê
executivo da Agência Internacional Judaica. Entre 1947 e 1948 foi presidente do
Conselho Nacional Judeu na Palestina.
Em 1939, os britânicos, de que a Palestina era
um protetorado, limitaram a entrada de imigrantes judeus e a criação de
colonatos (comunidades) judaicos na Palestina. Assim
que acabava a Segunda Guerra
Mundial, Ben-Gurion encabeçou a resistência judaica ao mandato
britânico no território, coroada com a fundação do estado de Israel em maio de
1948. Nessa época, foram milhares os judeus que imigraram para o recém-formado
estado hebraico, formando inúmeros kibbutzim e moshav - colônias agrÃcolas - no deserto de
Neguev, no sul do paÃs. Ben Gurion considerava Israel o legÃtimo e perfeito
herdeiro e continuador da história hebraica, que ele achava ter sido interrompida
há cerca de dois mil anos, quando Tito e as suas
legiões reprimiram violentamente, no ano 70 da nossa era, os hebreus que
lutavam pela liberdade e destruÃram mesmo o seu Templo de Jerusalém, para além
de os expulsarem e obrigarem a uma diáspora milenar.
Ben-Gurion foi, em 1948, eleito chefe do primeiro governo de Israel, ocupando
simultaneamente a importante pasta da Defesa. Foi um governante intransigente e
duro, dirigindo o paÃs de forma férrea. Uma das suas medidas mais duras foi a
expulsão dos árabes da Palestina,
conseguindo também repelir o primeiro ataque árabe.
Num esforço de demarcação de posições e de afirmação territorial, manda
em 1956 invadir a penÃnsula do Sinai, mais tarde devolvida ao Egito, a quando da paz
israelo-egÃpcia. Depois desta primeira ofensiva árabe, Ben-Gurion conseguiu
criar condições de progresso e desenvolvimento do paÃs, para além de uma
situação diplomática menos tensa. Esta fase de desanuviamento deve-se aos
esforços de Ben-Gurion, em sintonia com outros estadistas vizinhos, de tentar
iniciar um perÃodo de conversações no sentido de se criar um clima de paz
no Médio Oriente.
Todavia, esta fase de abertura diplomática terá condicionado em parte a
liderança de Ben-Gurion no Mapai e Ã
frente dos destinos do paÃs, pois demitiu-se do governo em janeiro de 1961,
regressando com novo gabinete entre outubro desse ano e junho de 1963, quando o
seu próprio partido o obrigou a resignar. Em 1965, em rota de colisão irreversÃvel
com o Mapai, abandona o partido e vai para a oposição, formando um pequeno
partido de orientação trabalhista com alguns antigos colaboradores.
Em maio de 1970, o velho "leão" abandonava a vida polÃtica,
retirando-se para um kibbutz no
Neguev, onde começou a escrever as suas memórias. Antes, todavia, em plena
polÃtica ativa, era já um apaixonado pela escrita, tendo publicado, entre
outros tÃtulos, Israel at War (1951), The Restored State of Israel e Na Pátria Livre (1954), From Class to Nation (1955) e The Sinai Campaign (1959).