O Museu do Holocausto em Curitiba se manifestou nas redes sociais com uma nota de repúdio ao gesto feito por um assessor especial para assuntos internacionais do presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira, dia 24. O movimento com a mão que Filipe Martins realizou é interpretado como símbolo de extremistas que defendem supremacia branca.
"É estarrecedor que não haja uma semana que o Museu do Holocausto de Curitiba não tenha que denunciar, reprovar ou repudiar um discurso antissemita, um símbolo nazista ou ato supremacista. No Brasil, em pleno 2021. São atos que ultrapassam qualquer limite de liberdade de expressão", postou a organização no início de uma série de publicações no Twitter.
"Estupefatos, tomamos notícia do gesto do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República durante sessão no Senado Federal. Semelhante ao sinal conhecido como OK, mas com 3 dedos retos em forma de "W", o gesto transformou-se em um símbolo de ódio", explicou.
Foram compartilhadas ainda as imagens do momento em que o influenciador digital faz o sinal ofensivo enquanto Rodrigo Pacheco discursava em sessão do Senado que tratou de atitudes do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, referentes à compra de vacinas contra Covid-19.
Estupefatos, tomamos notícia do gesto do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República durante sessão no Senado Federal. Semelhante ao sinal conhecido como OK, mas com 3 dedos retos em forma de "W", o gesto transformou-se em um símbolo de ódio. pic.twitter.com/gkvjsbOXm6
— Museu do Holocausto (@MuseuHolocausto) March 25, 2021
Segundo o Museu do Holocausto, o que Martins mostrou com a mão foi classificado pela Liga Antidifamação (ADL), principal entidade de combate ao antissemitismo dos Estados Unidos, como forma de identificação entre supremacistas brancos.
"A ADL diz que o símbolo se tornou uma 'tática popular de trolagem' por indivíduos da extrema-direita, que postam fotos nas redes de si mesmos fazendo o gesto", acrescenta no comunicado.
A entidade destacou que tais grupos, envolvendo também neonazistas "têm ideias em grande medida coincidentes e frequentemente se mesclam".
"Pesquisas acadêmicas, como da antropóloga Adriana Dias, mostram crescimento no número de células neonazistas e no engajamento de integrantes no Brasil. O Museu do Holocausto, consciente da missão de construir uma memória dos crimes nazistas que alerte a humanidade dos perigos de tais ideias, reforça que a apologia a este tipo de símbolo é gravíssima. Nossa democracia não pode admitir tais manifestações", concluiu, usando a hashtag #portodaavidavamoslembrar.
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