As primeiras cenas de Juca de Oliveira em “Flor do Caribe” levaram o público a uma catarse coletiva: seu personagem Samuel relembrou a morte de seus pais em campos de concentração nazistas na Segunda Guerra Mundial.
“Eu aprendi uma coisa muito importante com meu personagem porque fui tocado pela tragédia desse menino. Acreditava que a vida jamais poderia se resolver por causa do que ele passou, mas vi que ele poderia ter também os seus momentos de solidariedade, amizade e fraternidade”, afirma o artista. “Não há papel fácil, mas o Samuel é complicadíssimo. Consultei judeus egressos da hecatombe nazistas que vieram para cá, além de psiquiatras, para entender como esse trauma do passado pode se resolver”.
A gravação mais difícil foi justamente a que abriu a novela com o patriarca apavorado com o barulho das aeronaves da Força Aérea Brasileira. O som lhe remeteu imediatamente à guerra e, desorientado, ele tentou salvar a mulher Lindaura (Angela Vieira) e a filha Ester (Grazi Massafera) das tropas alemãs –que nunca chegariam.
“Isso mostra que ele jamais conseguiu se livrar do horror de ver os pais rumo à morte em um dos fornos crematórios de Auschwitz. Ele carrega esse sofrimento o tempo todo, até mesmo naquele país ensolarado, em que encontra o grande amor da sua vida. Ainda assim, é capaz de levar uma vida maravilhosa”, avalia.
Juca, porém, aposta que as primeiras impressões vão dar lugar a um sentimento de esperança que também o invadiu na época das gravações. “Samuel lentamente vai se abrir com as mulheres de sua vida, em cenas excepcionalmente solidárias. Aquilo explodiu dentro de mim e me encheu de alegria e de vontade de viver”.