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Marido judeu de Kamala Harris assume crescente papel público na corrida de 2020 |
A onda de protestos antirracistas desencadeada pela morte cruel de George Floyd reforça a pressão sobre Joe Biden para escolher uma mulher negra como companheira da chapa democrata que enfrentará o presidente Donald Trump. E a senadora Kamala Harris, que concorreu com o ex-vice de Obama na primeira fase da corrida e desistiu para apoiar sua candidatura, desponta como a favorita.
Filha de imigrantes e ativistas de direitos civis — o pai economista jamaicano e a mãe pesquisadora indiana — Harris já era cotada para dividir a chapa com Biden antes do assassinato de Floyd, mas o clamor veemente por justiça racial elevou suas chances.
Se escolhida, será a primeira negra a concorrer numa disputa presidencial. Kamala Harris ganhou força num momento em que a divisão racial está novamente na agenda eleitoral e boa parte dos americanos manifesta diariamente indignação contra a violência policial e, a reboque, contra as políticas que emanam da Casa Branca.
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Eleita procuradora-geral da Califórnia em 2010 e reeleita quatro anos depois, ela conquistou, em 2016 uma vaga no Senado. Desde então, está no encalço de Trump.
Num dos debates entre pré-candidatos democratas, questionou Biden sobre sua oposição à ordem federal que determinava o transporte de estudantes negros em ônibus escolares no período pós-segregação.
A senadora desistiu em dezembro da campanha. “Nós vamos sentir falta de Kamala”, zombou Trump, pelo Twitter. Harris não deixou barato: “Eu o vejo no tribunal, presidente”, rebateu, referindo-se ao julgamento do impeachment no Senado, que estava por começar, mas acabou absolvendo-o.
Ela foi uma das primeiras a acusar o policial Derek Chauvin, que imobilizou Floyd e pressionou o joelho sobre seu pescoço até que ele perdesse os sentidos, de “claramente cometer assassinato”. Foi com manifestantes para a entrada com Casa Branca e condenou a resposta do presidente ao movimento antirracista.
Se há algo que pode atrapalhar sua indicação para a chapa democrata, é justamente a atuação como procuradora-geral. Harris é criticada por ter se recusado a apoiar um projeto de lei que exigiria a investigação de todos os tiroteios mortais cometidos pela polícia.