Museu do Holocausto repudia declarações de Cristiane Deyse Oppitz

Museu do Holocausto repudia declarações de Cristiane Deyse Oppitz

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Museu do Holocausto repudia declarações de Cristiane Deyse Oppitz     Museu do Holocausto repudia declarações de empresária de Curitiba: 'Analogias implícitas são perigosas'


(Foto: Reprodução)
O Museu do Holocausto de Curitiba se manifestou nas redes sociais  com uma nota de repúdio contra as palavras da empresária curitibana Cristiane Deyse Oppitz em um vídeo, no qual ela sugere identificar com 'fita vermelha' as pessoas que estão em isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus. 

"As pessoas que não querem sair do confinamento, que não querem trabalhar, fazer a economia girar porque, segundo elas, o mais importante é a vida, marquem ou com um laço vermelho na porta ou quando for sair coloque uma fita vermelha. Aí nós vamos identificar você como pessoa que não quer fazer parte deste grupo que quer trabalhar'', diz ela no vídeo postado nas redes sociais em 23 de março. 
Segundo a 'lógica'  dela, a identificação serviria para identificar aqueles que não querem trabalhar e ''não estão contribuindo'' para que, caso precisem, não sejam ''assistidos em momento algum''. O vídeo foi criticado em praticamente todas as redes sociais e os internautas associaram a ideia da empresária à prática nazista de de Adolf Hitler na Alemanha, que identificava os cidadãos judeus com o uso da estrela de Davi.

Veja o vídeo postado pela empresária aqui

"Como instituição preocupada com a construção de uma memória justa e contemporânea do genocídio, tem convicção de que não é necessário que haja uma citação explícita sobre este período nefasto para que nos posicionemos. A ideologia nazista, lamentavelmente, pode sobreviver mesmo sem seus símbolos tradicionais, mas por meio de analogias implícitas. No caso, hoje, a respeito do vídeo postado pela empresária Cristiane Deyse Oppitz, que está circulando na internet. 

Sem nos aprofundarmos na referência deturpada da narrativa bíblica do êxodo do Egito, quais seriam os pontos abomináveis e que remetem ao nazismo dentro dessa, no mínimo infeliz, fala? Em primeiro lugar, a identificação de pessoas que ela enxerga como inimigos sociais – os quais, vale frisar, ao optar pelo isolamento social em razão da pandemia de Covid-19, estão seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). O uso de "fitas vermelhas" ou afins para identificar cidadãos contrários ao seu ponto de vista, independente do contexto, guarda similaridade com os decretos que impunham a identificação dos judeus por meio de insígnias. Marcar o outro, quem quer que ele seja, é uma forma de estigmatizar, humilhar e retirar da sociedade (e, consequentemente, de seus direitos associados) estas pessoas. No caso dos decretos nazistas, foi um passo importante que levou ao posterior extermínio da população judaica", diz a nota.

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"Em segundo lugar, aprofundando em seu discurso, destacamos a questão do trabalho e da contribuição econômica como fator determinante de quem é o melhor cidadão. A lógica de que os direitos estariam condicionados ao trabalho faz parte de uma concepção segregacionista, que atingiu, nos primórdios nazistas, as pessoas com deficiência. O Aktion T4, programa de eugenia da Alemanha nazista em que médicos assassinaram centenas de pessoas consideradas por eles como "incuravelmente doentes", teve como uma de suas “justificativas” a noção de que a sociedade não deveria gastar recursos com aqueles que não contribuem economicamente para ela. Exemplo disto é um material de propaganda de 1938, em que, ao mostrar a foto de uma pessoa com deficiência, afirma que "60.000 Reichsmark é o que esta pessoa que sofre de um defeito hereditário custa a comunidade do Povo durante a sua vida. Cidadão companheiro, esse é o seu dinheiro também.", afirma nota publicada no perfil do Museu.
Museu do Holocausto repudia declarações de Cristiane Deyse Oppitz


"O nazismo não se iniciou com campos de extermínio, nem mesmo com suásticas espalhadas pelas ruas. Para que isso fosse possível, ideias e concepções deturpadas de humanidade eram divulgadas. Encará-las como normais e aceitáveis é um perigoso flerte com noções que tanto mal causaram à humanidade. Analogias implícitas são perigosas e precisam ser combatidas. Por isso, o Museu do Holocausto de Curitiba, diante de seu papel social, repudia veementemente as declarações de Cristiane Deyse Oppitz".



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