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Israel é assim, meio a meio

Israel é assim, meio a meio     Os resultados das legislativas de 17 de setembro e percebe-se que mais importante do que se a coligação Azul e Branco do general Benny Gantz teve mais votos do que o Likud de Netanyahu é a capacidade de criar uma aliança que faça sentido numa cenário em que a divisão esquerda-direita existe, mas também outra entre laicos e religiosos. E não se pode esquecer ainda que a par dos 80% de judeus há 20% de árabes (quase dois milhões), descendentes de palestinos que permaneceram nas suas terras durante a guerra de independência israelense, um conflito desencadeado pelos vizinhos árabes, que recusaram a partilha da Palestina histórica em dois Estados proposta pela ONU. O problema de uma pátria para os palestinianos de Gaza e Cisjordânia começa aqui, no momento que chamam Nakba, catástrofe.


O livro The Israelis, de Donna Rosenthal, fala de judeus laicos e religiosos, de árabes muçulmanos e cristãos, de drusos e circassianos, de askenazis e sefarditas, até de judeus tão ortodoxos que recusam o atual Israel porque acreditam que um dia o messias criará outro. 

Quem o leu terá pistas para entender como um Parlamento com uma dezena de partidos é um inferno em termos de compromissos (e só não são mais porque há uma fasquia de 3,25% para eleger). Mas, no fundo, quase tudo se resume a três questões: Netanyahu e Gantz vão entender-se para uma grande coligação de unidade nacional, como quer o presidente Reuven Rivlin, ou este último insistirá em recusar não o Likud mas o seu chefe a braços com suspeitas de corrupção? O Israel Beitenou, de Avigdor Lieberman, vai manter a sua recusa tanto de participar numa aliança com os partidos religiosos como numa aliança onde estejam os árabes? Os partidos árabes vão integrar o jogo político sem fazer da questão palestiniana a agenda única?

É admirável ler a imprensa israelense nestes momentos: nada fica por escrutinar (aliás, nem em tempos normais sequer o Exército e o tratamento dado aos palestinos escapam ao Haaretz, no qual há colunistas a dizer que a Jordânia é mais democrática do que Israel (!), quando a Turquia seria o outro país da região a incluir na categoria). E os cenários políticos são tema de artigos deliciosos.
Netanyahu tem agora a iniciativa, por congregar mais apoios, e o passado já mostrou que pode ser um erro dá-lo por acabado. Isso acontecerá, sim, se a justiça israelita o considerar culpado. E esta, no passado, foi implacável com governantes que não possuíam o estofo ético de Ben-Gurion, de Golda Meir (a primeira chefe de governo no mundo que não saiu de uma dinastia) ou de Yitzhak Rabin, arquiteto com Shimon Peres e o líder palestiniano Yasser Arafat dos Acordos de Oslo e da esperança de paz.
Se no final Gantz, ex-chefe do Estado-Maior, comandante numa das guerras com o Hamas em Gaza, conseguir formar governo em vez de Netanyahu, não se espere, porém, grandes novidades. A relação umbilical com os Estados Unidos vai continuar, a questão palestina continuará a ter mais tratamento econômico do que político (sobretudo na Cisjordânia e com apoio discreto saudita), o braço-de-ferro com o Irã está para ficar. Veremos se, a pensar na minoria árabe e na tradição de respeito que vem desde o movimento sionista, Gantz será mais hábil do que Netanyahu a preservar um Estado judaico simultaneamente democrático.



Blog Judaico 
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