Menos de um mês depois que os membros do Knesset assumiram o cargo, após as eleições de abril, Gadeer Kamal-Mreeh, de 35 anos, moradora de Daliyat al-Karmel, a maior cidade drusa de Israel, apresentou uma proposta de emenda no Knesset, em maio, como um primeiro passo para alterar a polêmica lei que define o país como um estado exclusivamente judeu, que tem como sua única capital "Jerusalém unificada" e prevê apenas o hebraico como língua oficial, reduzindo o árabe a uma categoria "especial". A nova lei é vista como discriminatória com relação às minorias que vivem no país.
"Precisamos completar a lei, consertá-la e agregar valor à igualdade", afirmou Kamal-Mreeh ao The Times of Israel em seu novo escritório no centro de Daliyat al-Karmel, acrescentando que sua proposta não busca "ameaçar o caráter nacional de Israel ou sua identidade como Estado-nação do povo judeu".
A lei do Estado-nação, que o Knesset aprovou em 19 de julho de 2018, consagrou Israel como "o lar nacional do povo judeu", reconhecendo feriados e datas judaicas e declarando o hebraico como o idioma oficial.
A legislação não incluí nenhuma referência à igualdade de todos os cidadãos israelenses semelhante à lei de 1948 na Declaração de Independência, que previa "total garantia à igualdade de direitos sociais e políticos a todos os seus habitantes, independentemente de religião, raça ou ou sexo".
"Sou uma pessoa muito realista. Sei que, nas circunstâncias atuais, o Estado de Israel está se movendo para a direita, para a extrema direita", disse Kamal-Mreeh, que dedicou parte significativa de seu discurso de posse no Knesset em maio à sua frustração com a adoção da nova lei do Estado-nação.
"Infelizmente, não seremos capazes de revogar a lei do Estado-nação. Mas precisamos garantir a igualdade de direitos. Essa é a atitude prática", afirmou.
Sua proposta pede a adição de uma frase à lei, afirmando que "Israel é o lar de todos os seus cidadãos e lhes concede direitos iguais", que o árabe é a segunda língua oficial do país e uma declaração mencionando o compromisso do Estado em avançar no desenvolvimento e planejamento de comunidades para todos os seus cidadãos.
Kamal-Mreeh é a única representante árabe entre os 35 membros da aliança Azul e Branco no Knesset, é casada e mãe de dois filhos. Ela concluiu um curso de graduação em ciências sociais e de imagens médicas na Universidade Bar Ilan em 2007 e iniciou sua vida profissional como técnica de ultrassom. Mais tarde, obteve um mestrado em relações internacionais na Universidade de Haifa, depois seguiu carreira de jornalista e se tornou a primeira mulher não judia em Israel a ancorar um noticiário noturno em hebraico.