Considerada a maior estrela em ascensão da direita israelense e tema de manchetes na mídia como "A mulher que poderia ser a próxima líder de Israel", Ayelet Shaked se viu fora do Knesset depois que seu partido Nova Direita não alcançou o limite eleitoral exigido nas eleições de abril.
Cinco meses depois, a ex-ministra da Justiça está de volta à campanha e trabalha com afinco para impedir que o resultado se repita nas eleições do dia 17.
"Estabelecemos um grande partido que cria a união entre o direito ideológico secular e o sionismo religioso, e estamos focados tanto em valores quanto em outros assuntos nos quais não focamos na última vez, como a economia", disse Shaked em entrevista ao The Times de Israel na noite desta segunda-feira (2), depois de um dia cansativo que incluiu palestras em duas conferências e uma reunião para cerca de 250 eleitores de língua inglesa em Beit Shemesh.
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Shaked, 39, e seu co-líder na Nova Direita, ex-ministro da Educação Naftali Bennett, se separaram do partido religioso nacionalista em dezembro passado para formar a aliança, buscando o apoio dos eleitores seculares de direita. A manobra não vingou, deixando-os completamente fora do Knesset. A recém-formada União de Partidos de Direita, que incluía o Lar Judaico, recebeu cinco cadeiras.
Mas depois que Netanyahu falhou na formação de uma coalizão governista e novas eleições foram convocadas, Bennett e Shaked se empenharam em reconstruir a coalizão de direita que haviam abandonado. Apesar da oposição de setores religiosos mais conservadores, com a declaração de um destacado rabino que afirmou publicamente que "o mundo complexo da política não é lugar para uma mulher", as pesquisas mostram que ela é a candidata com mais apoio popular a liderar o novo grupo. Após duras negociações, o líder do Lar Judaico, Rabi Rafi Peretz, se afastou, permitindo que Shaked encabeçasse a recém-formada aliança Yamina ("Para a direita").
Orgulhando-se de ter criado um bloco unificado de partidos à direita do Likud, Shaked, não escondeu o fato de que ela e Bennett estavam no centro do partido, e que sua abordagem era uma das principais razões para os eleitores escolhê-los.
"Nossa mensagem geral é de que somente nós, apenas nosso partido, realmente puxa o governo para a direita e carrega nossa política de direita. Comecei a mudar o sistema jurídico para torná-lo equilibrado e mais conservador. Mas há muito mais que precisamos fazer com relação a economia, a fim de transformá-la em uma economia mais liberal, livre e sem limites, com sindicatos, mas com menos poder. Mais liberdade, mais competição. Há muito mais coisas para fazer, e também somos políticos capazes de implementar essas medidas", disse ela.
"Quando Netanyahu estabeleceu coalizões com partidos de esquerda, como em 2009, quando se juntou com Ehud Barak, ele libertou mil terroristas, congelou as construções na Cisjordânia e proferiu o discurso de Bar Ilan (aceitando o princípio de uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino). Então entramos na política e mudamos a realidade. Começamos a discutir a aplicação da soberania (israelense) sobre a Cisjordânia - longe de uma discussão sobre um Estado palestino".
Desde que se tornou líder de Yamina, Shaked se opôs a Netanyahu e ao seu partido, o Likud, em várias ocasiões, ao mesmo tempo em que afirmava que seu partido o apoiaria para formar um novo governo após a eleição de 17 de setembro.
Shaked também insistiu que Yamina, embora não descartasse um governo de união nacional, estava "trabalhando para estabelecer um governo de direita e apenas de direita".
"Apenas recomendaremos Netanyahu (como primeiro-ministro) e apenas participaremos de um governo liderado por alguém à direita", disse ela, explicando como acreditava que o bloco de direita poderia atingir a maioria de 61 assentos sozinho.
"Se o eleitorado de direita agir com responsabilidade e não votar em partidos que não irão ultrapassar o limite eleitoral e não desperdiçar votos, um governo de direita será estabelecido", afirmou ela, ao advertir: "Se Yamina não se tornar uma grande aliança do Knesset, Netanyahu formará um governo de esquerda". Segundo Shaked, é necessária uma coalizão de direita, entre outras razões, para que ela possa "concluir o trabalho que iniciou" na reforma do sistema de justiça.