Quem é Ari Ben-Menashe, o misterioso ex-agente israelense
coisasjudaicas@gmail.comsegunda-feira, agosto 05, 2019
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Envolvido no escândalo Irã-Contra e em episódios obscuros com Robert Mugabe e a junta militar sudanesa, o lobista baseado no Canadá foi contratado para defender em Washington uma saída para o impasse na Venezuela. Nascido em Teerã, ele foi um colaborador dos serviços de inteligência israelenses. Forneceu armamentos para os aiatolás no Irã.
Representou o polêmico ex-presidente do Zimbábue Robert Mugabe, e, mais recentemente, a junta militar que governa o Sudão. Agora, defende nos Estados Unidos o que considera ser uma solução para a crise política na Venezuela.
Ari Ben-Menashe é diretor da empresa canadense Dickens & Madson, dedicada ao lobby. O portal americano Politico publicourecentemente que a Dickens & Madson foi contratada por Henri Falcón, rival do presidente Nicolás Maduro nas eleições de maio de 2018, para convencer os governos de Estados Unidos, Rússia e outros países a apoiá-lo como candidato à Presidência da Venezuela na tentativa de resolver um impasse entre Maduro e o líder da oposição, Juan Guaidó.
"A empresa está se preparando para pressionar o Executivo e/ou o Legislativo americanos a apoiar os esforços do Partido Avazada Progresista para eleger Falcón", afirma o documento apresentado ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que também especifica que o valor do contrato é de US$ 200 mil (R$ 758,3 mil).
Logo depois da notícia vir à tona, Francisco Rodríguez, economista venezuelano baseado nos Estados Unidos que assessora Falcón, disse que a inclusão dessa pretensão presidencial nos documentos foi um "erro administrativo". A nova redação do documento afirma que se trata de "buscar uma solução pacífica para a crise política, humanitária e econômica da Venezuela". Falcón.
Agente secreto de Israel Ben-Menashe é um velho conhecido no mundo global de inteligência. Quando, em 2012, o site Wikileaks começou a publicar os emails que vazaram da empresa de inteligência americana Stratfor, ele foi mencionado por alguns deles. Em uma mensagem, um jornalista israelense avisou o chefe de segurança da empresa americana que Ben-Menashe é "um golpista", e o aconselhou: "Fique longe dele". Ben-Menashe é famoso nos círculos dedicados à segurança nacional em Israel. Em 1977, começou a trabalhar na Aman, a agência de inteligência militar israelense, onde, como disse anos depois, sua carreira foi favorecida por seu domínio das línguas inglesa, árabe e persa.
Quando, em 1979, a revolução dos aiatolás triunfou no Irã, sua ligação com o país se mostrou especialmente útil aos olhos de seus comandantes. De acordo com seu próprio relato, ele esteve envolvido como agente israelense no caso conhecido como Irã-Contras, um escândalo que atingiu vários funcionários do governo de Ronald Reagan (1911-2004) nos Estados Unidos acusados de envolvimento na venda armas ao Irã, apesar do embargo que na época vigorava em relação ao país islâmico.
Isso também respingou sobre Ben-Menashe, que, em 1989, foi preso nos Estados Unidos acusado de tentar vender três aviões para os iranianos. Já em liberdade, enfrentando aqueles que haviam sido seus ex-empregados israelenses, ele começou a fazer revelações explosivas.
Disse que, em 1980, participou de negociações secretas para adiar a libertação dos reféns americanos detidos pelo governo iraniano. Ben-Menashe afirmou que membros do Partido Republicano, incluindo o ex-presidente George H. W. Bush (1924-2018), se reuniram secretamente com líderes do governo iraniano para que os reféns não fossem libertados antes das eleições, o que favoreceria as aspirações à reeleição do então presidente Jimmy Carter, que enfretava Reagan.
Seja como for, Ben-Menashe deu sua versão do que ele viveu em seus anos como agente secreto, com a publicação em 1992 de seu livro Profits of War: Inside the secret U.S-Israeli Arms Network (Lucros da Guerra: por dentro da rede secreta de armas Israel-EUA, em tradução livre).
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