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O Judeu Süss

O Judeu Süss

Calendário Histórico  da Deutsch Wellle(5/09/40)

1940: Estréia do filme "O Judeu Süss" (Propaganda anti-semita)

No dia 5 de setembro de 1940 o filme de propaganda anti-semita "O Judeu Süss", de Veit Harlan, foi lançado na Bienal de Veneza. A obra deturpa de maneira pérfida a polêmica figura histórica de Joseph Süss Oppenheimer.

O filme Judeu Süss oferecia tudo o que a propaganda nazista desejava: técnica apurada, uma história melodramática de amor e uma orientação anti-semita, constituindo uma mescla perversa de violência e fascinação. O filme foi dirigido por um ícone do cinema nazista de entretenimento, o ator e protegido de Goebbels, Veit Harlan. 

No seu filme, que estreou em 5 de setembro de 1940 no Festival Internacional do Cinema de Veneza, Harlan contou a história do judeu Joseph Süss Oppenheimer, que estimulou um príncipe alemão à vida luxuosa, a fim de conseguir assim a sua própria aceitação entre os nobres. O protagonista principal foi Ferdinand Marian, no papel de judeu sombrio e traiçoeiro, que representava um perigo físico e moral para a sociedade alemã, segundo a ideologia nazista. 

O papel feminino de destaque foi assumido por Kristina Söderbaum, a esposa de Harlan, que incorporava como nenhuma outra as supostas características da mulher ariana: loura, olhos azuis e raça nórdica. Deturpação grotesca da realidade À imprensa alemã não foi permitida a definição da obra como anti-semita. A proibição tinha um motivo, pois afirmava-se que o filme era baseado em fatos históricos. Muitos espectadores de então acreditavam que a história de Joseph Süss Oppenheimer havia acontecido da maneira como foi narrada no filme de Harlan. 

No entanto, ele havia deturpado os fatos de maneira grotesca. A película tampouco tinha qualquer relação ou semelhança com o romance homônimo de Lion Feuchtwanger, publicado no ano de 1925. Harlan utilizou exclusivamente os elementos que podiam ser encaixados na propaganda anti-semita do Estado nazista. 

 Entre os que assistiram a O Judeu Süss em setembro de 1940, estava também o jornalista e escritor Ralph Giordano: "Eu me lembro muito bem, como saí acabrunhado desse cinema. Mas o que ocorreu então foi o que se tornou propriamente inapagável, inesquecível. Um dos meus amigos, na verdade o que eu classificava como melhor amigo, manteve-se calado, quando íamos para casa. 

De certa forma, era um silêncio deprimente, agourento. E, então, ele pronunciou uma frase que me atingiu profundamente. Ele disse: 'Deve haver algo de verdade nisso!'" Harlan recebeu de Goebbels recursos quase ilimitados para a realização do filme O Judeu Süss, uma película que objetivava o prestígio e a propaganda nazistas. Ele pôde até mesmo escolher pessoalmente os figurantes judeus nos guetos poloneses e checos, em cooperação com o Departamento Central de Segurança do Reich, chefiado por Adolf Eichmann. "Apolítica" ambição profissional Harlan sempre repetia que "o meu partido é a arte, a minha política é o amor à pátria". Ao mesmo tempo, seus filmes serviam a objetivos políticos. 

Harlan parece jamais ter entendido que, com isso, ele se envolvia nos crimes nazistas. Ele jamais teve consciência de culpa ou de estar cometendo injustiça. A sua ambição profissional lhe dava ainda um impulso adicional. O cineasta Helmut Käutner, que manteve com Harlan "longos debates depois da guerra", disse que, depois da guerra, pensou ser sua obrigação e também seu direito perguntar por que fizera isso. E por que um homem, que era um grande artista, tinha tal baixeza de sentimentos e como isso podia ser compatível: "Para mim, ficou inteiramente claro que Harlan fez tudo pela sua carreira; ele queria ser a mais importante, a maior personalidade da Europa no setor do cinema. Ele agarrou a oportunidade e lançou mão de todos os recursos, sem qualquer escrúpulo". 

 No dia 3 de março de 1949, o Tribunal Estadual de Hamburgo abriu um processo contra ele. Veit Harlan teve de responsabilizar-se por crime contra a humanidade. Ele foi acusado de atuar como preparador psicológico do processo de exterminação dos judeus. 

O filme O Judeu Süss era exibido para as tropas no Leste europeu, antes das ações de fuzilamento de judeus, e também para os integrantes da SS, encarregados da vigilância nos campos de concentração e de extermínio. Após 52 dias de processo e dos depoimentos de inúmeras testemunhas, Harlan foi declarado inocente. 

Um ano depois, a sentença foi confirmada em instância superior, até mesmo com o adendo de que Harlan teria sido obrigado a realizar O Judeu Süss, acatando ordens contra a própria consciência. 

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