Hannah Hebron desfilou pela primeira vez na Tel Aviv Fashion Week, que aconteceu em março. Ela fala do processo de autoconhecimento e aceitação do corpo para começar nova carreira.
A potiguar Hannah Hebron, de 27 anos, tem vivido algumas transformações desde 2018. No último mês de janeiro, ela, que é judia, deixou o Brasil para fixar residência na cidade Tel Aviv, em Israel, país onde já havia morado em anos anteriores. Jornalista por formação e apaixonada por moda, direcionou seu futuro a outros mercados após vivenciar o universo das passarelas em experiências profissionais no Rio de Janeiro e entendê-lo muitas vezes como excludente e elitizado. Eis que, nessa fase de transição, ela recebeu um convite especial: posar para uma campanha plus size de uma marca israelense chamada Retema. E aceitou - o que representou o início de uma nova carreira.
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A potiguar entendeu o tamanho da posição que passou a ocupar contra os estereótipos e contra o preconceito após a campanha ser publicada. "A resposta que eu tive de meninas que eu nem conhecia me agradecendo por enxergarem em mim algo que elas queriam ser, numa coisa de libertação, de se libertar de uma pressão estética, social, do ser igual e ser magra e ser perfeita. Eu fiquei muito feliz e decidi que ia abraçar isso e seguir com essa coisa e essa carreira maluca", contou.
Em março deste ano, Hannah Hebron se viu dando um passo, literalmente, ainda mais ousado ao desfilar na Tel Aviv Fashion Week de biquíni. Apresentar a moda que defende em cima de uma passarela, expondo o próprio corpo, foi uma experiência nova, mas que representou muito.
A reaproximação com o mercado da moda aconteceu após ela perceber a luta de pessoas e empresas para que esse universo seja mais inclusivo. "Enquanto eu estava na página dois problematizando o consumo desenfreado, tem mulher que nunca pode comprar porque nunca existiu pra ela uma roupa desejável, uma roupa com uma comunicação legal. Então eu decidi que eu ia começar a me interessar, mergulhar mais nesse mundo, me aceitar como eu sou", falou Hannah.
Relação com o próprio corpo
A aceitação do próprio corpo não foi e nem é - porque segue como algo contínuo - um processo fácil, explica Hannah Hebron. "Levou muita terapia, não foi só um estalo, levou processo de autoconhecimento", contou.
A potiguar conta que sempre carregou consigo uma imagem padrão que deveria ter. "Eu imaginava que pra ter uma vida boa eu tinha que ser magra. Eu tinha uma imagem na minha cabeça do que era esse corpo e eu não levava em consideração a minha própria morfologia. Eu sou baixinha, nunca vou ser alta e super esguia. Então eu apenas pegava aquela imagem e botava aquilo como um objetivo inalcançável, que me machucava muito mais", explicou.
Hanna Hebron explicou que, com o tempo, passou a respeitar mais o próprio corpo e "que tipo de magreza poderia ter". "Esse foi o meu primeiro passo, que ainda assim era muito problemático", falou.