Falando sobre o Shabat

Falando sobre o Shabat

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Falando sobre o ShabatO Shabat judaico vai do pĆ“r-do-sol de sexta ao pĆ“r-do-sol de sĆ”bado. Nesse perĆ­odo, as pessoas que praticam o judaĆ­smo  nĆ£o podem exercer nenhuma atividade produtiva ou criadora: o dia deve ser dedicado ao lazer com a famĆ­lia, ao estudo da Lei, Ć  renovaĆ§Ć£o das forƧas.
Entretanto, como a lei foi escrita hĆ” milhares de anos, as proibiƧƵes especĆ­ficas incluem acender fogo, raspar couro, agrupar feixes, etc. Mais tarde, ao longo dos sĆ©culos, as regras foram sendo atualizadas. Por exemplo, como “cortar” Ć© proibido, entende-se que Ć© proibido cortar papel higiĆŖnico de um rolo ou separar lenƧo de papel quando um estĆ” preso ao outro. NĆ£o Ć© Ć  toa que, no sĆ”bado de manhĆ£, em SĆ£o Paulo, se veem tantas pessoas judias ortodoxas pelas ruas: elas estĆ£o caminhando para a sinagoga, pois nĆ£o podem dirigir automĆ³veis. TambĆ©m nĆ£o podem fazer coisas como acender a luz ou apertar o botĆ£o de um elevador.
Para burlar essas regras, surgiram uma sĆ©rie de truques: elevadores que funcionam continuamente, parando em todos os andares, e luzes acionadas por sensores de movimento. (Esse texto, muito completo, comenta todas as 39 proibiƧƵes e suas aplicaƧƵes contemporĆ¢neas.) 
Exemplo do tipo de debate que acontece no Parlamento Israelense: grupos ortodoxos de direita querem proibir os computadores do governo de aceitarem pagamento de contas pĆŗblicas durante o Shabat e grupos seculares de esquerda argumentam que Ć© um absurdo impedir pessoas cristĆ£s e muƧulmanas de pagarem suas contas de luz pela internet no sĆ”bado!
EntĆ£o, um dia, muitos anos atrĆ”s, conversando com um amigo judeu ortodoxo sobre os truques para burlar o Shabat, comentei parecia haver mais preocupaĆ§Ć£o com a letra do que com o espĆ­rito da Lei.
Afinal, quando a Lei tinha sido escrita, atividades como acender um fogo e escrever (pensem plumas, tintas, pergaminhos, vela) eram de fato trabalhosas, mas, hoje, acender uma luz elĆ©trica, escrever um bilhete ou dirigir nĆ£o era trabalho quase nenhum. Qual Ć© o sentido de continuar proibindo, entĆ£o? AliĆ”s, esses "truques sabĆ”ticos" nĆ£o eram uma tentativa de burlar Deus?
Meu paciente amigo explicou: quem se interessa pela intenĆ§Ć£o do criminoso Ć© direito romano, baseado na moralidade cristĆ£. No judaĆ­smo, o que importa Ć© o que vocĆŖ faz. Deus nĆ£o estĆ” interessado em minĆŗcias: ele disse que nĆ£o posso acender fogo nesse perĆ­odo, mas nunca que nĆ£o posso acender o fogo antes e deixĆ”-lo aceso ao longo do perĆ­odo. Se eu conseguir usufruir do fogo e ainda assim obedecer Ć  Lei, melhor pra mim.
A Lei nĆ£o tem espĆ­rito, nem intenĆ§Ć£o, continuou ele. A Lei Ć© a Lei. Somos o povo do livro justamente porque, pela primeira vez na HistĆ³ria, valia o escrito.
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