O projeto prevê a extração de 300 milhões de metros cúbicos de água que serão dessalinizados em Aqaba, no sul da Jordânia, para obter água potável, escassa na região. Os resíduos originados pela dessalinização serão transferidos para o Mar Morto, 200 km mais ao norte, através de um aqueduto. Isso não será suficiente para estabilizar os níveis do Mar Morto, mas será um começo para parar o seu desaparecimento, aponta Frédéric Maurel, responsável pelo projeto para a Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD). “Seria necessário, também, usar menos água, tanto na agricultura como na indústria de potássio”.
Este plano foi concluído em fevereiro de 2015 com um acordo israelense-jordaniano que prevê vendas de água recíprocas. A Jordânia forneceria água potável para o sul de Israel, enquanto o norte da Jordânia receberia água do lago Tiberíades em troca. Nascido em 1953, o agricultor jordaniano Musa Salim al Athem viu como as águas azuis recuaram ao longo dos anos, deixando uma paisagem lunar de crateras e esculturas naturais de sal. “Somente o mar pode encher o mar. Antes de 1967, a água estava a dez minutos a pé da minha casa. Agora, está a uma hora de distância”.
Os culpados por esta situação do Mar Morto são a exploração intensiva do potássio, que acelera a sua evaporação, mas sobretudo a diminuição do fluxo do Rio Jordão, cada vez mais explorado por Jordânia e Israel. “Desde 1950, o fluxo do Jordão caiu de 1,2 bilhão de metros cúbicos para menos de 200 milhões”, explica Frédéric Maurel. O desaparecimento seria um desastre não só para o Mar Morto e seus ribeirinhos israelenses e jordanianos: com sua lama de propriedades medicinais, sua salinidade excepcional, suas reservas de potássio e seu atrativo turístico, “o Mar Morto (…) é um tesouro inestimável”, ressalta Avner Adin, especialista israelense.
A questão do financiamento desta parceria público-privada é estimada em US$ 1 bilhão, dos quais US$ 400 milhões de fundos públicos, permanece pendente. Vários países, incluindo os Estados Unidos e o Japão, prometeram uma doação de US$ 120 milhões. A AFD criou um grupo europeu de doadores (Espanha, França, Itália, União Europeia e Banco Europeu de Investimento) disposto a conceder à Jordânia US$ 140 milhões em créditos a juros baixos. “Nunca antes estivemos tão perto de sua concretização, falta apenas um último empurrão”, comemora.
