Jovem foi encontrado no Curdistão, para onde fugiu logo após o assassinato
Polícia realiza buscas pelo corpo da adolescente Susanna Feldman, nos arredores de Wiesbaden, na Alemanha - THORSTEN WAGNER / REUTERS.
BERLIM - O iraquiano suspeito de estuprar e assassinar uma garota de 14 anos na Alemanha, há duas semanas, confessou os crimes e foi preso. Ali Bashar, de 20 anos, fugiu para o Curdistão, mas foi detido neste sexta-feira pela polícia em uma região autônoma do Iraque. Ele foi devolvido a Frankfurt, onde responderá pelos crimes.
O jovem, cujo pedido de asilo foi rejeitado em dezembro de 2016, mas aguardava uma resposta de seu recurso, deixou a Alemanha em 2 de junho, quando ainda não era suspeito e o corpo do adolescente não havia sequer sido descoberto.
Bashar chegou no sábado, pouco antes das 19h (horário local) em um avião da companhia aérea Lufthansa de Erbil. Assim que pisou em solo alemão, foi transferido em helicóptero à sede da polícia de Wiesbaden, a cerca de 30 km do aeroporto, e neste domingo será apresentado a um juiz, que provavelmente ordenará sua prisão preventiva, declarou a polícia em um comunicado.
O chefe da polícia federal alemã, Dieter Romann, que mantém boas relações com as autoridades iraquianas, viajou a Erbil para facilitar as negociações e trazê-lo o mais rápido possível ao país, indicou o jornal Bild.Bashar foi detido na madrugada de sexta-feira em um hotel de Zajo, uma cidade da província de Dohuk, e confessou o crime rapidamente.
Mais tarde, em uma coletiva de imprensa, o mesmo oficial informou que o iraquiano reconheceu tê-la estrangulado também. O iraquiano "alegou que os dois eram amigos, mas tiveram uma briga, e que ele a matou quando a menina ameaçou chamar a polícia", disse o general Ahmad.
"Quando o interrogamos, o homem, que é originário do Curdistão, confessou ter matado a jovem alemã", disse à AFP Tariq Ahmad, chefe da polícia de Dohuk, no noroeste do Iraque.
A adolescente desapareceu no dia 22 de maio e foi encontrada morta num bosque próximo à linha de trem em Wiesbaden, nos arredores de Mainz, no centro do país, num crime que chocou o país. Segundo a polícia, ela, que fazia parte da comunidade judaica de Mainz, foi estuprada durante horas, assassinada e atirada perto dos trilhos de uma ferrovia.
"O regresso a Alemanha do acusado não é mais que um pequeno consolo para a família da menina, nesta hora difícil. Mas para o Estado e nossa sociedade é importante que os crimes sejam esclarecidos e que os suspeitos respondam à Justiça", disse o ministro do Interior, Horst Seehofer, em um comunicado.
O caso, ainda, levantou questões na Alemanha em um momento em que o país, pressionado pela ascensão da extrema-direita, endureceu sua generosa política de recepção de refugiados depois de abrir suas portas para mais de um milhão de migrantes em 2015 e 2016 por decisão da chanceler Angela Merkel.