Chegamos a mais um Iom HaShoá. É fato que cada vez mais a voz dos sobreviventes se enfraquece porque perdemos aqueles que já não vivem para contar suas histórias de sofrimento e perda.
Mas também é fato que filhos e netos destas pessoas foram traumatizados pelas marcas que o Holocausto deixaram em suas famílias.
E somos nós, herdeiros da tragédia, que estamos aqui para gritar contra o horror passado e avisar do perigo que estamos enfrentando.
Foram poucos os que previram a falência da humanidade que se instalou coletivamente nos alemães. Ninguém foi capaz de imaginar que este povo inteligente e culto pudesse se sentir superior como raça e que perpetrasse as maiores barbaridades contra o povo judeu e contra as minorias.
A propaganda nazista foi perfeita em fazê-los abraçar a teoria da supremacia racial. E assim, o povo alemão se transformou em besta, esquecendo o que era humanidade.
Mas quando foi o exato momento em que eles ultrapassaram o reino do discurso para adentrar o reino da destruição do mundo vigente?? Quando??
Depois de tanta desgraça daquela época, achamos que nunca mais os seres humanos reviveriam momentos de ódio pelo ódio.
Entretanto, hoje, vivemos na mesma encruzilhada.
Hoje, pessoas e povos voltam a exibir graus de intolerância que poderão trazer a loucura de volta.
Parece que já esqueceram os 6 milhões de inocentes mortos e os milhões de sobreviventes deste crime contra a humanidade.
Hoje, consistentemente, vivemos um grau perigoso de intolerância.
Para não acontecer de novo uma loucura coletiva que possa repetir o que aconteceu, é que estamos aqui, relembrando nossos entes assassinatos e homenageando nossos sobreviventes.
Emocionados pela dor de um passado ainda recente, lutamos por um destino diferente.
Nossa obrigação é prever e impedir que a irracionalidade tome conta do mundo novamente.
Precisamos que o grito dos nossos mortos se juntem a nós nesta luta perigosa.
No Iom HaShoá, ao relembrar e homenagear, nos conectamos com a voz destes inocentes e soltamos a nossa própria voz contra a bestialidade.
Não podemos nos dar o luxo de perder esta luta. O homem de bem não nos perdoará!
Floriano Pesaro
Deputado Federal