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Banner diz "Juntos pela Europa" - JOHN MACDOUGALL / AFP |
Festival neonazista em homenagem Hitler preocupa a Alemanha.
Extremistas conseguiram driblar a proibição à festa.
OSTRITZ - Centenas de neonazistas se reuniram nesta sexta-feira, dia do aniversário de Adolf Hitler, em Ostritz, cidade do Leste da Alemanha, para realizar um controverso festival. Os extremistas, em sua maioria homens, usavam camisetas com lemas de extrema-direita como "branco é a minha cor preferida" e "Adolf era o melhor". A segurança do evento é garantida por um grupo denominado Fraternidade Ariana.
A primeira edição de Schild und Schwert (Escudo e Espada) ocorre em um município de 2.400 habitantes situado na antiga Alemanha Oriental, bem próximo da fronteira com a República Tcheca e com a Polônia. O festival durará dois dias.
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Neonazistas vendem camisas com dizeres de extrema direita - JOHN MACDOUGALL / AFP |
De acordo com o jornal "Sächsische Zeitung", 1.100 policiais foram destacados para a segurança do evento. Há também patrulhas em botes no rio Neisse, em cuja margem é realizado o festival. Como precaução adicional, o tribunal regional proibiu garrafas de vidro e o consumo de álcool, assim como algumas raças de cães.
Os organizadores preveem 800 participantes, mas, segundo militantes da rede antifascista Antifa, o evento, cujo lema é a "Reconquista da Europa", pode atrair cerca de 3.500 neonazistas. Além dos participantes alemães, espera-se a chegada de extremistas de países da Europa oriental.
Dentre as atrações do evento, estão shows de bandas de rock de círculos ultranacionalistas, debates políticos, combates de artes marciais e um congresso de tatuadores. Schild und Schwert conseguiu evitar a proibição do festival porque o Tribunal Constitucional considerou que a reunião era muito pequena para representar um perigo. A Constituição alemã garante o direito de organizar congregações pacíficas ao ar livre. Mas por lei, os símbolos nazistas, como a suástica, são proibidos de serem ostentados em público.
MORADORES REPUDIAM FESTIVAL
O festival é realizado em um momento em que a Alemanha experimenta um ressurgimento dos movimentos de extrema-direita, alimentado pelos temores suscitados pela chegada maciça de refugiados sírios e afegãos em 2015.
Autoridades políticas e religiosas de Ostritz e associações civis locais convocaram um Festival da Paz, reunião com caráter familiar no centro da cidade. Centenas de pessoas participaram da contra-manifestação.
— O fascismo não é uma opinião, é um crime — afirmou um de seus organizadores, Mirko Schultze, de 50 anos. — Tentamos ocupar o espaço público em volta para dizer que defendemos a democracia aqui e para que Ostritz não se transforme em seu novo campo de encontro.
Neonazistas costumam fazer shows clandestinos para arrecadar fundos e recrutar novos membros. Mas a realização desse festival com um terreno para acampar e uma entrada custando 45 euros para dois dias representa, segundo seus críticos, um passo preocupante dos círculos ultranacionalistas. Além do dia escolhido para o festival, também chama a atenção que suas iniciais sejam "SS", lembrando os temíveis esquadrões de elite de Hitler.
Uma pessoa de 75 anos que vive perto do lugar onde se organiza o festival e que pediu para não ser identificada disse à AFP que "é uma vergonha que o governo não possa proibir isto apesar de todo o mal que Hitler trouxe para a Alemanha".