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Na fraqueza, as convicções nazistas ganham força

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Paulista que se dedica ao estudo do nazismo, Maura Palumbo compara o momento político atual no Brasil, de disseminação do ódio pelas redes sociais, com o período de Hitler. “As ditaduras funcionam para o bem-estar dos governantes, nunca se pensa no povo”, afirma a pesquisadora e advogada, autora dos livros “O perfume das tulipas” e “Auschwitz, prisioneiro (sobrevivente) 186650”.


Para ela, “o nazismo foi o resultado de uma série de procedimentos premeditados, com uma engenharia complexa e bem articulada para se produzir uma indústria da morte em alta escala. O Holocausto foi um dos capítulos do nazismo, mas não se reduz a ele”.
O nazismo morreu como ideologia com a Segunda Guerra Mundial?
A doutrina nazista persistiu. A existência de grupos neonazistas, ultranacionalistas, ultraconservadores e ultrarradicais prova isso. Todos partem da doutrina do extermínio. A Segunda Guerra Mundial foi a manifestação maior dessa política do ódio. No momento de fraqueza, as convicções nazistas ganham força, da intolerância, o querer ganhar à força. O desejo do extermínio é muito evidente. Nós vivemos isso aqui. Eu chamo o país de campo de concentração aberto porque temos todos os ingredientes: a miséria, a falta de cultura, de assistência, de saúde, pessoas no comando nos manipulando. E não foram só Hitler e Stalin que fizeram isso. As ditaduras funcionam para o bem-estar dos governantes, nunca se pensa no povo.

O ódio à existência do diferente está maior agora?
O ódio é o mal em si, corrompe e corrói. Ele hoje está turbinado porque a interação entre as pessoas está mais viva, tornou-o altamente contagioso. A dimensão desse ódio vai ter a proporção de uma bomba nuclear no futuro.

O termo fascista tem sido bem empregado nas discussões políticas?
Não. O termo a ser utilizado é nazista. Mussolini não tinha essa visão de exterminar por raça, ele só foi mandar os judeus para os campos de extermínio quando se aliou a Hitler. Eu, pessoalmente, vejo Hitler muito mais alinhado com Stalin do que com Mussolini quanto à postura e o modus operandi do extermínio.

Os ultraconservadores e ultranacionalistas se alinham ao pensamento nazista?
Sim. Todo ultrarradical remete ao que aconteceu no nazismo e no fascismo. Colocar em pauta a política de extermínio é algo extremamente perigoso. Aqui no Brasil se coloca muito essa questão de não admitir o diferente, de aniquilá-lo. Os grupos ultrarradicais estão crescendo na Europa. A Alemanha, no ano passado, elegeu muitos ultranacionalistas, que podem ser lidos como neonazistas. Chame do que quiser, se tiverem os mesmos processos políticos usados no passado, estaremos de novo no nazismo. O mundo está correndo em alta velocidade na marcha à ré e vai colidir.

As relações impessoais alimentam o discurso do ódio?
Sim, porque você se esconde atrás do computador, não está mostrando a sua cara, assim como os grupos de extermínio, que se cobrem inteiros. A gente está acumulando duplas, triplas personalidades, e isso acaba confundindo o indivíduo. Isso nos torna meio robotizados, o que me lembra aqueles soldados da SS entorpecidos para lutar por uma causa que eles nem sabiam exatamente qual era.

Você consegue identificar em algum partido ou candidato no Brasil atual o discurso nazista?
Não vejo partidos bem definidos, nem políticos com boa vontade. Não há diretrizes sólidas numa sigla ou noutra. Há confusão de valores religiosos com valores políticos, e eles usam disso para se eleger.

Fonte: O Globo

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