por Paulo Carneiro
A Portela levará à avenida, no Carnaval deste ano, a magia do Recife do período holandês, com o resgate da trajetória dos judeus que fundaram a primeira sinagoga das Américas. O enredo destaca a vida do imigrante, fugido da inquisição, que vem da Europa com os holandeses em 1630 disposto a construir nova vida, e enfrenta outros obstáculos. É que 24 anos depois os portugueses reconquistam Pernambuco e mais uma vez batavos e judeus são expulsos.
Na fuga, muitos voltam para a Holanda, outros seguem para as Antilhas, mas um grupo de 23 refugiados desembarca na colônia de Nova Amsterdã, na foz do rio Hudson, e se tornam pioneiros na fundação de Nova York. O enredo é inspirado no livro Caminhos Cruzados – a vitoriosa saga dos judeus do Recife, da expulsão da Espanha à fundação de Nova York, do jornalista pernambucano Paulo Carneiro.
Todo esse momento histórico é retratado na fantasia 'A Batalha da Reconquista', além de carros alegóricos e alas temáticas. Antes de chegar à nova morada, os refugiados passaram por várias dificuldades. Ao cruzar o mar do Caribe, o navio que deixara o Recife carregado de esperanças sofreu um naufrágio e foi atacado por piratas, que levaram tudo o que puderam. Um dos carros alegóricos será uma réplica de um navio pirata, com uma caveira metálica projetada na proa. Serão ao todo 27 alas e 3.300 componentes.
Outra alegoria de destaque será uma réplica gigante da Estátua da Liberdade, que traz no pedestal o poema O Novo Colosso, da poetisa Emma Lazarus, descendente do grupo pioneiro. O enredo chegará aos dias atuais com referências à luta contra a xenofobia e a intolerância. O refugiado sírio Mohamed Ali Kenawy, que sofreu um ataque xenofóbico na praia de Copacabana, deverá participar do desfile. Entre personalidades convidadas está o artista plástico chinês Ai Weiwei, filho do poeta Ai Qing, que foi exilado com a família em um campo de trabalho forçado.