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Pilotos israelenses se recusam a deportar imigrantes africanos

Pilotos israelenses se recusam a deportar imigrantes africanos
Imigrantes protestam em frente Embaixada de Ruanda em Israel
POR JUDITH VONBERG, DO 'INDEPENDENT'

Governo oferece cerca de R$ 11,4 mil para aqueles que concordarem com deportação

TEL AVIV — Três pilotos israelenses manifestaram repúdio às deportações forçadas de imigrantes africanos se recusando a pilotar as aeronaves que seriam usadas para levá-los de volta à África. Segundo o piloto Shaul Betzer afirmou, de forma alguma ele, sendo membro da tripulação, faria "parte do esquema de deportação dos refugiados/imigrantes de volta a um local no qual as suas chances de sobrevivência são quase nulas", escreveu em uma postagem no Facebook. "Não poderia realizá-la por questões humanitárias", acrescentou Betzer.

Outro piloto, Iddo Elad, também postou em sua página nessa rede social, pouco tempo após o colega, que não faria "parte dessa barbaridade", referindo-se ao ato de auxiliar na deportação dos imigrantes. Várias postagens sobre o assunto foram feitas em seguida, e muitas foram compartilhadas e comentadas centenas de vezes, na maioria em apoio às declarações dos pilotos.

Essas rejeições públicas vem à tona três semanas após o governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, anunciar a deportação de milhares de imigrantes africanos e refugiados que, caso não deixem o país de forma voluntária em até três meses, podem enfrentar a prisão.

Pilotos israelenses se recusam a deportar imigrantes africanosMilhares de africanos, em sua maioria provenientes da Eritreia e Sudão, cruzaram o território do Egito até chegar a Israel — antes que a delimitação da fronteira fosse cercada, em 2013. Muitos deles migram para fugir de regiões nas quais existem conflitos e perseguições. Ainda assim, Netanyahu os chama de "infiltrados" e os considera uma ameaça à cultura judaica do país.

Desse total de imigrantes, cerca de 73% são originários da Eritreia e 19% do Sudão. Apenas 0,15% deles são reconhecidos como refugiados, segundo a ONG Hotline for Refugees and Migrants (HRM). Atualmente, aproximadamente 40 mil africanos estão em busca de asilo no território israelense.
Medidas anunciadas no início deste mês pelo governo apresentam aos imigrantes africanos as opções de receberem uma passagem aérea e o pagamento de US$ 3,5 mil (aproximadamente R$ 11,4 mil). Os recursos seriam disponibilizados para que deixassem o país rumo a seus países de origem ou a uma terceira nação, que pode ser Ruanda ou Uganda. Caso permaneçam em Israel, poderão ser presos sem data de liberação definida.

A mídia israelense divulgou informações de que alguns foram torturados e até mesmo se tornaram vítimas de tráfico humano após terem sido deportados para Ruanda e Uganda.
Yoel Piterbarg, ex-combatente e piloto de helicóptero na Força Aérea de Israel, foi o primeiro a se pronunciar no Facebook, afirmando que o Estado de Israel é "povoado principalmente por judeus que, em um passado próximo ou distante, foram refugiados em outros países", ressaltou. "Muitos passaram pelo Holocausto, outros foram expulsos de seus países e tantos outros se tornaram imigrantes carregando o desejo de melhorar de vida em países com mais condições, que os aceitaram", finalizou Piterbarg.

Ainda como piloto, Piterbarg já havia se pronunciado a respeito de questões envolvendo os direitos humanos. Em 2003, ele fez parte do grupo de 27 pilotos da Força Aérea israelense a se recusar participar de operações em territórios palestinos, descrevendo as ações militares nas áreas ocupadas como "ilegais e imorais".

As manifestações publicadas pelos três pilotos possuem um caráter simbólico, uma vez que a companhia aérea pela qual todos os três trabalham ou já estiveram vinculados não possui rotas para os países africanos envolvidos como destino final da deportação.

“El Al não realiza voos para África,” comentou um porta-voz da companhia aérea ao jornal "The Independent". A empresa, entretanto, possui um acordo em comum com a Ethiopian Airlines, permitindo que passageiros programem viagens de Tel Aviv, por meio do site da El Al, até destinos da África subsaariana. Segundo a companhia israelense, nenhum dos membros de sua equipe participa desses voos.

Uma petição, direcionada aos membros da Associação de Pilotos Aéreos Israelenses e funcionários do Aeroporto de Ben Gurion, próximo a capital Tel Aviv, pede que eles não participem da deportação de imigrantes e refugiados, e já conseguiu mais de 8 mil assinaturas. O documento foi inspirado em uma iniciativa feita na Alemanha, na qual pilotos impediram a deportação de 222 imigrantes entre os meses de janeiro e setembro do último ano.



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