coisasjudaicas@gmail.comterça-feira, setembro 12, 2017
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Segundo o Judaísmo a relação amorosa do marido e da mulher é um fim em si mesmo, uma virtude determinada e santificada pelo Criador. No relato acima consta: “Não é bom que o homem esteja sozinho”. O Rabino Zevi coloca que a capacidade interior do homem para a bondade nunca pode ser realizada, a menos que ele tenha uma companheira a quem possa dedicar afeição 22.
De acordo com os ensinamentos judaicos, o sexo não é algo intrinsecamente vergonhoso ou sujo. Muito pelo contrário, é uma das mais sagradas entre todas as funções
Gênese 1 – 26 – 28.
Lamm, Norman. Uma Sebe de Rosas: Uma visão judaica do sexo e do casamento. pg. 17.
Gênese 2 – 18 – 25.
Lamm, Norman. Uma Sebe de Rosas: Uma visão judaica do sexo e do casamento. pg. 18.
Humanas – sempre que seja mantido dentro das orientações da Torá, e que não seja pervertido23. A palavra em hebraico para casamento é Kiddushim, que literalmente significa “Santidade” ou “Santificação”. Quando um homem casa com uma mulher, as palavras que lhe declara são:
“Verei que você se torne sagrada para mim com este anel”24.
Na religião judaica o oposto do matrimônio é a prostituição, e uma das palavras que significa prostituta é Kadeshah – literalmente, uma mulher que corrompeu a sua santidade, indicando o outro lado desta santidade, que é a perversão25.
Um dos motivos pelo qual o sexo é tão sagrado é porque ele tem a capacidade de conseguir algo que está além do poder de todas as outras funções humanas – isto é, trazer uma alma para o mundo, e produzir um ser humano26.
Segundo o Talmud 27, incidentemente, isto explica o pacto de D’us com Abraão (em hebraico Avraham) que envolvia a circuncisão – uma marca indelével sobre o órgão reprodutor.
Como patriarca do povo judeu, Avraham e seus filhos agora seriam capazes de usar este órgão para trazer as almas mais sagradas ao mundo. Segundo o Talmud foi somente após Avraham fazer sua própria circuncisão, que ele foi capaz de dar nascimento a Isaac 28 , com o órgão sexual que leva a marca do pacto com D’us 29.
Kaplan 30 , analisa o pacto da circuncisão como uma das coisas que elevaram Avraham e seus filhos, do estado de queda resultante da expulsão do Éden. Em conseqüência do pacto, o ato sexual do judeu entra na esfera de ação do sagrado, e compartilha do ideal homem antes da expulsão. Sendo assim, no ato sexual 31, nada poderá representar o estado imperfeito do homem resultante de sua expulsão.
Kaplan, Aryeh. As Águas do Éden: O Mistério do Micvê. pg. 71.
Talmud Babilônico – Tratado Kiddushim. pg. 2b.
Talmud Babilônico – Tratado Sanhedrin. pg. 82.
A Torá possui uma lista de atos sexuais que são considerados perversões.
Ex.: homossexualidade, incesto, adultério, entre outros. Levítico 18.
Kaplan, Aryeh. As Águas do Éden: O Mistério do Micvê. pg. 72.
Talmud Babilônico – Tratado Tiferes Israel.
Issac quando nasceu, seu pai Avraham tinha 99 anos, até então não possuía filhos com sua mulher Sara.
Kaplan, Aryeh. As Águas do Éden: O Mistério do Micvê. pg. 72
Idem. Ibidem.
Vide Capítulo III.
Logo, uma Niddah32 não poderá participar do ato sagrado do sexo33.
A Torá proíbe abertamente todo contato sexual entre um homem e uma mulher que tem o estado de uma Niddah. Assim a Torá diz:
“Não chegarás perto de descobrir a nudez que esteja como Niddah”34.
Segundo Kaplan35, a proibição contra o contato sexual com uma Niddah é muito grave no Judaismo. Talvez isto esteja melhor expressado nas palavras do profeta Ezequiel, que diz:
“Se um homem for digno e fizer justiça e caridade ( ... ). Ele não corromperá a
esposa do seu vizinho, nem se aproximará de uma mulher que é uma Niddah”36.
O profeta equipara a relação sexual com uma mulher neste estado ao adultério cometido com a esposa de outro homem.
Segundo a Torá:
“Se um homem se deitar com uma Niddah, e descobrir sua nudez ... ) ambos serão afastados do seu povo”37.
A expressão “afastados” não se refere a nenhum tipo de incomunicação. Mas sim, trata-se de uma penalidade espiritual, onde a pessoa é cortada de sua fonte espiritual38.
De acordo com o Talmud39, o indivíduo perde sua capacidade de sentir e apreciar o espiritual e o Divino, e assim torna-se “afastado” dos elementos mais importantes da vida como judeu. Segundo o mesmo, a única maneira de uma pessoa reunir-se com a fonte espiritual é arrepender-se sinceramente perante D’us, com a resolução de nunca mais repetir o ato.
Niddah é uma representação do estado imperfeito do homem pela expulsão do Éden.
Niddah é o status que a mulher adquire no início do ciclo até o banho ritual.
Kaplan, Aryeh. As Águas do Éden: O Mistério do Micvê. pg. 73.
Levítico 18 : 19.
Kaplan, Aryeh. As Águas do Éden: O Mistério do Micvê. pg. 32.
Ezequiel 18 : 5 – 6.
Levítico 20 : 18.
Zohar 2 : 142B.
Talmud Babilônico – Tratado Sanhedrin. pg. 90 B.
Este afastamento espiritual é para todas as formas de perversões sexuais, pois são vistas como quebra do pacto da circuncisão 40.
5.2 – Relação Sexual no Judaismo
“O homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á a sua mulher, tornando-se uma só carne”41.
Existem dois princípios básicos que norteiam todo relacionamento sexual do casal judeu. Esses princípios se encontram em dois trechos da Torá. Um deles diz:
“Diga a toda congregação do povo de Israel: Sejam Santos! Pois D’us é santo”42.
Existem muitas explicações do que significa ser santo. Segundo Rabbi Modechai Elihau43, cumprir o que está na Torá não é ser santo, é simplesmente obrigação. Machmânides explica que:
“Seja santo dentro daquilo que D’us lhe permitiu”44, isto é santificar-se dentro daquilo que as Mitzvot45 exigem do povo judeu.
O conceito de desenvolver a santidade significa, conseguir ser santo naquilo que já lhe é permitido. Por exemplo, o vinho casher46 é permitido mas saiba usá-lo, isto é, saiba se auto-limitar para não cair no vício e embriaguez que são expressamente proibidos pela Torá. Ela aplica esse conceito em muitas coisas inclusive do prazer sexual também. Como exemplo, o Rabbi Elihau baseado nos ensinamentos da Torá e do Talmud, coloca que mesmo que a esposa lhe seja permitida em certos períodos, como foi explicado nos capítulos anteriores, isto não significa que deva ser tratada como um objeto ao qual se deriva um prazer puro e simples, e sim o indivíduo deve santificar a sua relação com o
Levítico 18 : 29.
Gênesis 2 : 25.
Levítico 19: 2.
Rabino chefe sefaradi de Israel de orientação cabalística. Compilou uma obra sobre a Sexualidade e suas normas no Judaismo. – Elihau, Modechai. Darquei Taharat.
pg. 193 – 210.
Elihau, Modechai. Darquei Taharat. pg. 193 – 210.
Plural de Mitzva. Em português significa “Mandamento Divino” ou “Preceito Bíblico”.
Dieta diária.
outro com uma intenção mais profunda e espiritual. Dessa forma o indivíduo estará santificando sua relação47.
A Torá diz que o homem deve unir-se com a sua esposa e vai mais longe:
“O homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á a sua mulher, tornando-se uma só carne”48.
A união entre o casal é considerada no Judaismo uma Mitzva, mas esta Mitzva tem que ser feita com uma dose de santidade 49.
Rabbi Modechai Elihau50 explica em seu livro, como uma pessoa pode santificar o ato, tendo sensações fortes até mesmo incontroláveis, principalmente no homem.
Segundo sua visão, o casal deve ter naquele momento da relação, o pensamento de estar realizando uma Mitzva. Dessa forma eles estarão direcionando melhor suas intenções no momento do ato. Isto não quer dizer que o indivíduo tenha que ignorar as sensações que ele está tendo ou se fazer de auto-controlado, essa não é a questão, e sim tentar unir o objetivo com a parte principal da Mitzva. Neste caso ele vai chegar ao segundo princípio básico que norteia o relacionamento do casal que é “Amar ao próximo como a si mesmo”51, que também faz parte dessa Mitzva, pois todo relacionamento inclui amor ao próximo 52.
O que significa “amar ao próximo como a si mesmo” neste caso específico? Segundo Rabino Elihau, seria não apenas respeitar o sentimento do próximo e sim fazer com que o outro se sinta alegre e feliz – esse seria o objetivo maior do relacionamento. Daí porque o Judaísmo dá ênfase a importância de fazer a esposa se sentir feliz e Ter prazer no momento da relação 53.
Como já falamos, existem vários mandamentos relacionados com o sexo no Judaismo, como por exemplo: unir-se a esposa, a obrigação do marido de ter relações sexuais com ela, o de se reproduzir, amar ao próximo, etc. Diante de tudo isso, a intenção
Segundo o renomado cabalista Arizel 55, a obrigação de dar prazer a esposa não se aplica no caso de que ele tenha a obrigação de ter relacionamento com ela e sim em qualquer situação, isto é, satisfazer a esposa é uma obrigação da Torá 56. Existe uma proibição da Torá de se recusar em ter relacionamento sexual com a sua esposa com o intuito de causar-lhe sofrimento ou frustração, pois ela irá sofrer e o homem não estará cumprindo o mandamento de satisfazê-la 57.
Segundo Rabbi Elihau 58, para o homem produzir alegria e prazer na mulher se faz necessário que ele saiba as diferenças naturais que existem entre eles no âmbito sexual, isto é, o homem tem o prazer muito mais rápido enquanto que o prazer da mulher não está no ato em si e sim no carinho, no amor, nos beijos e tudo que envolve e antecede o ato. Pois o ideal do ato é o homem unir-se com sua esposa e os dois chegarem juntos ao clímax, para assim santificarem-se e elevarem-se. Esta deve ser sempre compartilhada. Na medida que ambos s unem no mesmo propósito então “D’us está presente entre eles”59. Neste caso se aplica o termo “sejam santos”.
O Talmud60 menciona que a forma que se unem afeta também o caráter da criança que por ventura possa vir dessa união. Quanto mais elevadas são as intenções originais, mais elevados serão também os níveis das crianças no sentido físico e espiritual.
Rabbi Avraham Bem Davi, conhecido como Raavad escreveu vários livros de leis e comentários sobre Maimônides. Entre essas obras está a “Baalei Hanefesh”( Shaar Hakedusha), isto é, “Portal da Santidade”, onde se encontram as quatro intenções básicas positivas que deve haver no relacionamento sexual 61:
1a – Cumprir a Mitzvá de manter relações sexuais com a sua esposa e ter filhos.
2a – Cumprir com a Mitzvá de alegrar a esposa tendo com ela relações maritais,
Talmud Babilônico – Tratado de Sabat. Pg. 63 A.
Expoente máximo da Cabala. Nascido no século XV em Jerusalém, viveu no Egito e ensinou Cabala e Mística em Tsfat, no norte de Israel, onde faleceu. Entre as suas obras póstumas encontra-se o comentário Etz Chaim compilado por seu discípulo Rabbi.