
"Tenho alguns amigos com quem falo. Eles estão perturbados. Estão sinceramente frustrados e irritados", afirma especialista.
Os EUA e Israel desvalorizam publicamente as alegações de que o Presidente norte-americano partilhou com russos informação sensível, obtida pela espionagem israelense, mas os espiões daqueles países estão frustrados e receosos com as repercussões para a sua parceria.
"Sei como as coisas funcionam nas informações israelitas", afirmou Uri Bar-Joseph, professor na Universidade de Haifa, em Israel, que tem estudado e escrito sobre as operações de espionagem do Estado de Israel.
"Tenho alguns amigos com quem falo. Eles estão perturbados. Estão sinceramente frustrados e irritados", disse.
Durante uma reunião na Casa Branca com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo e o embaixador da Federação Russa nos EUA, na semana passada, Donald Trump partilhou informações sobre uma ameaça proveniente do grupo que se designa por Estado Islâmico, envolvendo computadores portáteis em aviões, segundo um dirigente sênior norte-americano, que falou sob anonimato, por não estar autorizado a falar sobre assuntos sensíveis.

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, divulgou uma mensagem na rede social Twitter, garantindo que estes dois aliados vão continuar a ter uma "profunda, significativa e inédita" relação de segurança.
Mas algumas das pessoas que passaram anos a defender esta relação preveem consequências destas revelações de Trump.
Trump fez "dois erros muito sérios", disse o antigo diretor da Agência Central de Informações (CIA, na sigla em Inglês) John Brennan, na quinta-feira, durante um encontro de dirigentes financeiros, em Las Vegas.
"Partilhamos muita informação sensível sobre as operações de terrorismo planeadas contra os russos", disse. "Mas partilhamo-la através dos canais das informações e certificamo-nos de que a linguagem do que se partilha não compromete, seja como for, os nossos sistemas de obtenção das informações. Trump não fez isto", considerou.
Um antigo diretor da agência de espionagem israelense Mossad, Shabtai Shavit, disse à agência AP que o seu "sentimento é que quem quer que pertença a este clube profissional (círculos de espionagem) está muito irritado".
Outro antigo diretor da Mossad, Danny Yatom, disse a uma estação radiofônica israelita que se as notícias são certas, Trump causou provavelmente "grandes estragos" à segurança dos EUA e de Israel.