
Colônias agrícolas em Israel se renovam para competir na economia e manter segurança nas fronteiras.
Após um período de crise, kibutzim tentam se adaptar à modernidade e hoje estão lotados.
Muito antes da criação do Estado de Israel, em 1948, as colônias agrícolas - kibutzim - foram fundamentais para a construção do país e a proteção das comunidades judaicas locais, embuídas do ideal sionista.
E após um período de forte crise, quando, em 1985, o governo deixou de contribuir com subsídios, essas instituições têm conseguido, aos poucos, se adaptar a conceitos da economia moderna. Em processo de recuperação, já representam 10% do PIB do país, que é de US$ 297 bilhões anuais do país, que, no último domingo (14) completou 69 anos de existência.
De passagem pelo Brasil, o secretário-geral do Movimento Kibutziano, Nir Meir, conversou com o R7 na última quinta-feira (11) e explicou que, mesmo com a transição sendo sempre um processo lento, o ressurgimento dos kibutzim como força econômica já é uma realidade. A população destas cooperativas, que hoje somam 276 espalhadas pelo país, é de cerca de 170 mil pessoas. Israel tem cerca de 8,5 milhões de habitantes.
— Muitos kibutzim sempre foram frentes de defesa nas fronteiras, desde os anos 40, e ainda continuam por lá, mantendo inclusive esta função. Além disso, depois de um período em que não conseguiam crescer economicamente, os kibutzim de um modo geral têm obtido êxito e hoje estão lotados.
Muitos dos conceitos que acompanharam a vida em um kibutz (de kvutzá - grupo, em hebraico) entre os anos 30 e 70, precisaram ser reformulados, segundo Meir. Já sem subsídios do governo, as instituições, inicialmente projetadas para serem auto-suficientes, não conseguiam se sustentar.
— Depois de a economia israelense se estabilizar e a função do kibutz como guardião da fronteira se manter intacta, os kibutzim chegaram a uma outra etapa: trazer valor agregado para a sociedade. Descobrimos que o sistema em que estávamos trabalhava contra a gente. Estávamos muito voltados para dentro e hoje é importante estarmos em sintonia com o que acontece no país e no mundo.
Solidariedade e justiça
Conceitos foram se modificando, com a manufatura e as indústrias substituindo parte da produção agrícola e a presença de trabalhadores remunerados (hoje apenas 38% dos trabalhadores são membros do kibutz) sendo permitida.
As famílias tiveram permissão a uma maior privacidade, os filhos não mais dormem em casas separadas dos pais, as residências passaram a ser equipadas com modernos eletrodomésticos e maior conforto, sem a anterior necessidade de que todos os eventos fossem em conjunto. As refeições também deixaram de ser restritas ao refeitório central.
Os descendentes dos fundadores dos kibutzim, segundo Meir, perderam ao longo do tempo o idealismo. Mas nem por isso, de acordo com ele, os ideais devem ser esquecidos. Nesta mudança, ele conta que conceitos como vida em comum, solidariedade e justiça no trabalho e na distribuição precisaram ser mantidos. Grande parte da produção continua a ser destinada à própria entidade.
— O sistema cooperativo é um marco nacional e temos de retomar isso com força. E isso está acontecendo sem soluções radicais, mas flexíveis. Queremos demonstrar que é possível ter qualidade de vida, com ideais de igualdade e solidariedade, sem abrir mão de benefícios pessoais.
Na Israel moderna, mesmo dentro de um estilo neoliberal, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mantém o respeito pelos kibutzim e tem um canal aberto com o movimento, segundo Meir.
— No final das contas, o movimento kibutziano é muito significativo nos mapas geográfico, econômico e na história de Israel.
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