Quando o seguro é confundido com o inerte

Quando o seguro é confundido com o inerte

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Quando o seguro é confundido com o inerte

Extraído do livro “La Tora no esta en el cielo” do Rabino Eliahu Birnbaum 
Antes de subir ao Monte Sinai, Moshe adverte o Povo de Israel que permanecerá no alto do monte por quarenta dias e quarenta noites. Tempo este no qual o Criador lhe entregaria a Torá que deveria ser ensinada ao povo.
“E Moshe se atraso….”, diz a Torá, e o Talmud interpreta que o atraso não doi mais de 6 horas. De acordo com o cálculo do povo, Moshe devia ter descido com o amanhecer e não apareceu até o meio-dia.
Foram suficiente seis horas fugazes para que se cosumar uma das maiores tragédias espirituais da história do Povo de Israel. Carente de segurança, um povo que mantinha sua identidade de escravo dependente teve que materializar uma divinidade sem vontade própria, que se encontrasse abaixo do arbítrio de seus próprios criadores simulando orientar e governar. Frente a ausência de Moshe, carentes de seu carisma, a angústia não admite opções intermediárias. O povo, então, se dirige a Aharon e exige a construção de um bezerro de ouro que ocupe a posição de divindade de aí em diante.
A ansiedade resulta, normalmente, em atitudes radicais.
Frente a um atraso de seis horas, em meio a desesperação, ninguém pensou em uma solução transitória, tão próxima a eles. O próprio Aharon, irmão de Moshe, e sacerdote escolhido pelo Criador, tinha por sua vez preparação suficiente para assumir interinamente a liderança do povo até a volta de Moshe. Mas ninguém pediu tal coisa. Ao contrário, lhe exigiram que assuma a responsabilidade de construir o ídolo que suplementaria não somente a Moshe, mas também ao próprio D’s.
Acontece que, na desesperação, tanto antigamente quanto agora, tendem a não ver as soluções mais próximas. O povo inteiro deixa de olhar a sua volta e, olhando para horizontes afastados de outros povos inimigos tomam a decisão de imitá-los.
E é o que os deuses deles, dos outros, estão sempre aí, não nos abandonam, não se movem, não têm vontade. De maneira definitiva: não representam nenhum risco.
É necessário aprender algum ensinamento desta atitude, tão frequente, mesmo em nossos dias. Em busca de espiritualidade, muitos integrantes do nosso povo abandonam implicítamente a tradição que herdaram, mesmo quando nunca a hajam praticado sozinhos. Não lhe concedem, nem mesmo, o benefício da dúvida e se deixam seduzir por dezenas de outras doutrinas estranhas e afastadas, das quais a principal característica é o “exotismo”, a “distância” que representam  e a efetividade que possuem no contexto de suas próprias culturas.
Efetividade não maior do que, no decorrer de milhares de anos, tiveram o “corpus” normativo da Torá e toda nossa tradição para manter unido todo o Povo de Israel em suas relações particulares com outros povos e com o Criador. E segue germinando, adaptando-se ao contexto das novas formas de vida e projetando ao futuro a herança que desde tempos longíquos nos identifica.

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