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Árabes e israelenses conflito até na língua

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Estudantes do ensino médio da escola Mar Elias, em I'billin, vila árabe no norte de Israel
Mesmo nos momentos mais tranquilos o parlamento em Israel é um local turbulento. 

No mês passado, a situação ficou especialmente tensa. Betzalel Smotrich, um parlamentar de direita, causou um tumulto ao dizer que os árabes israelenses eram “analfabetos”. Smotrich foi logo criticado por outros parlamentares, que o chamaram de “ignorante”. Embora nem todos sejam fluentes em hebraico, os árabes israelenses crescem falando árabe. Apesar do comentário extremamente rude de Smotrich, sua opinião é compartilhada por outras pessoas. Os árabes têm sido marginalizados pela sociedade israelense. 

Por quê?

Após a guerra de 1948, os territórios de milhares de palestinos foram incorporados ao Estado de Israel. A chegada de quase um milhão de judeus mizrahi provenientes de países árabes também aumentou a população de língua árabe. Ao longo do tempo, o árabe passou a ser uma língua oficial de Israel. Hoje, o árabe é a língua nativa de um quinto da população. Muitos árabes falam hebraico. Não é difícil ter fluência nos dois idiomas. O árabe e o hebraico são línguas semíticas com muitas características comuns. No entanto, até 2002, o árabe quase não era falado em ambientes oficiais. Novas leis ampliaram seu uso, mas os israelenses ainda subestimam sua importância. Em 2014, alguns parlamentares tentaram revogar seu status de língua oficial.

A tensão está enraizada na centralidade do hebraico no projeto sionista. Antes da década de 1880, o hebraico coloquial não era falado há dois mil anos. Os sionistas pensaram que ressuscitar o hebraico era uma forma de promover uma identidade compartilhada entre judeus de diferentes origens. O uso do hebraico foi incentivado de uma maneira agressiva no início da organização do novo Estado de Israel. As línguas tradicionais faladas pelos judeus, como árabe e iídiche, foram desprezadas. Durante anos algumas estações de rádio em Israel não tocaram música árabe.

Mesmo agora, mais dinheiro é investido em escolas de ensino em hebraico do que em árabe. Para os árabes, a cidade de Jerusalém chama-se Al Quds, ou o Santuário Sagrado. Mas na sinalização das estradas israelenses Jerusalém está em escrito em hebraico como “Yerushalayim”. O reconhecimento da importância religiosa de Jerusalém para os muçulmanos é complexo em razão do movimento sionista na cidade.

Todos esses fatos provocaram protestos quanto à segregação social e à eliminação da rica herança árabe da região, assim como reforçaram a relutância de a população de língua árabe de se integrar na sociedade israelense. Uma proporção de 70% dos árabes israelenses acham que são tratados como cidadãos de segunda classe em seu país, embora falem hebraico todos os dias. Esse sentimento de marginalização infiltrou-se na vida política. Muitos parlamentares árabes israelenses recusaram-se a comparecer ao enterro do ex-presidente Shimon Peres.

A rejeição é mútua. Uma pesquisa recente mostrou que quase metade dos judeus israelenses apoia a expulsão dos árabes do país. Ainda assim, existem alguns sinais positivos de integração. Este ano um filme falado em árabe e dirigido por um cineasta israelense foi escolhido para representar o país na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2017. Agora, todas as crianças israelenses aprendem árabe e alguns judeus israelenses estão redescobrindo suas raízes árabes. A-WA, uma banda de música popular no país composta por judeus ieminitas, lançou uma série de sucessos em árabe. Mas a harmonia da relação dos cidadãos árabes de Israel e os israelenses ainda tem um longo caminho a percorrer.

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