O presidente palestino Mahmoud Abbas dirigiu-se ao público israelense durante seu discurso no Parlamento da União Europeia, em Bruxelas, no início da tarde de quinta-feira, 23/6, salientando que a Autoridade Palestina está preparada para alcançar a paz com Israel e alertando para o papel da religião no conflito, apesar de ele ter atacado duramente a política de Israel frente aos palestinos como "racista" e "fascista".
"Nossas mãos estão estendidas com um desejo de paz", disse Abbas, dirigindo suas palavras a Israel. "Nós temos vontade política de alcançar a paz, mas perguntamos: vocês têm a mesma vontade de alcançar a paz e reconhecer a injustiça histórica que o seu Estado tem feito ao nosso país?"
"Paz e reconciliação irá implicar no reconhecimento dos nossos direitos, reparação e compensação de danos", disse Abbas.
Abbas também pediu por um governo de unidade nacional com a organização terrorista palestina Hamas. O Hamas tem estado no controle da Faixa de Gaza desde o verão de 2007, após expulsar o partido Fatah de Abbas em uma batalha brutal.
"É preciso um governo de unidade nacional com todos os interessados", argumentou Abbas, convocando eventuais eleições. (O mandato de Abbas expirou oficialmente em 2009.)
Elogiando a recente iniciativa francesa de conferência de paz, Abbas apelou para um maior envolvimento da UE no processo de paz.
"Continuem em seus esforços para que possamos chegar a uma solução justa e equilibrada para os problemas em nossa região", disse Abbas aos parlamentares da UE.
Ele ainda solicitou a todos os países para que reconheçam imediatamente o Estado palestino, dizendo: "Se vocês quiserem ter uma solução de dois Estados, então precisam reconhecer ambos os estados."
Enquanto isso, Abbas teria rejeitado uma proposta feita pelos funcionários da UE para se encontrar mais cedo na quinta-feira com o presidente israelense Reuven Rivlin, que se dirigiu ao parlamento europeu no dia anterior. Respondendo a tal ideia, Rivlin disse que estava pronto para tal reunião "a qualquer hora, em qualquer lugar".
Rivlin expressou desapontamento por Abbas ter se recusado a se reunir com ele.
"Fiquei desapontado por ele ter rejeitado tal reunião", respondeu Rivlin. "Em um nível pessoal, tem sido estranho que Abbas se recuse repetidamente a se reunir com líderes israelenses e então várias vezes se volta para a comunidade internacional pedindo apoio."
"Não podemos construir a confiança que temos construído se não começarmos a conversar diretamente, sem intermediários", acrescentou Rivlin. "Diálogos diretos são a única maneira de construir confiança e restaurar as condições para paz entre palestinos e israelenses."
Fonte: TPS / Texto: Jonathan Benedek/ Tradução Hannah Franco / Foto: Ehud Amiton