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Dima al-Wawi, com os pais, na cidade de Tulkarem, na Cisjordânia,
momentos depois de ser libertada JAAFAR ASHTIYEH/AFP
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Israel liberta palestina de 12 anos que estava presa há
dois meses.
Dima al-Wabi tinha sido condenada a quatro meses e meio
de prisão. A lei israelita autoriza o julgamento de menores a partir dos 12
anos, um fato único no mundo, segundo a UNICEF.
Uma jovem de 12 anos,
a mais jovem palestina detida por Israel, foi libertada este domingo, depois de
ter sido condenada por tentar esfaquear um israelense.
Depois de dois meses e meio de prisão, Dima al-Wawi deixou a
prisão em Israel e foi transportada para um check-point, para dali
partir para a cidade de Tulkarem, no Norte da Cisjordânia, testemunhou um
fotógrafo da AFP. Os seus pais aguardavam-na, ao lado de alguns responsáveis palestinos.
Dima al-Wawi foi presa no dia 9 de Fevereiro numa altura em
que os ataques com facas por parte de jovens palestinos eram quase diários. Num
vídeo com imagens da sua detenção vê-se Dima al-Wawi, com a farda da escola, a aproximar-se
a pé de uma colônia israelense na Cisjordânia. É depois interpelada por um
guarda, e é um colono, civil, quem alegadamente lhe tira a faca que trazia
consigo e a imobiliza no chão, sendo depois detida por soldados israelitas.
A rapariga compareceu perante um tribunal militar (o único
tipo de tribunal nos territórios ocupados), onde o procurador a acusou de
“tentativa de homicídio premeditado e posse de faca” – os que os pais negaram.
Depois de um acordo, foi condenada a quatro meses e meio de prisão efetiva e um
mês e meio de pena suspensa – o máximo para uma criança com menos de 14 anos é
seis meses. Foi também condenada a pagar uma indemnização de 8000 shekels (1900
euros).
O procurador aceitou o acordo “pela ausência de antecedentes
da acusada”, e da sua “cooperação”, que segundo a organização israelita de
direitos humanos B'Tselem foi obtida durante interrogatórios sem a presença dos
seus pais ou advogado.
A lei israelita autoriza o julgamento de crianças a partir dos
12 anos, um fato único no mundo, segundo a UNICEF. Segundo o jornal Haaretz,
o número de jovens palestinos detidos tem vindo a subir, depois da onda de violência que começou em
Outubro.
Os dados do Serviço Prisional israelita mostram que dos 170 jovens
que estavam na prisão em Setembro, passou-se para 438 em Fevereiro – e se em
Setembro não havia menores de 14 anos entre os detidos, em Fevereiro eram já
cinco. Entre os jovens presos, sete estão sem acusação, incluindo um jovem que
não tem ainda 16 anos.
Os números também mostram um maior envolvimento de raparigas
na luta contra as forças israelitas: em Fevereiro havia 12 na prisão e seis à
espera de julgamento. E apesar de a maioria dos menores não estarem ligados a
nenhuma organização terrorista, 18 dizem pertencer à Organização para a
Libertação da Palestina (OLP), um ao Hamas e outro à Jihad Islâmica, adianta o
mesmo jornal. A maioria (106) vem de Hebron, 104 de Jerusalém Oriental e 86 de
Ramallah.