A imprensa romena publicou na semana passada fotos de dois cidadãos israelenses presos pela polícia romena, sob a alegação de espionagem e outros crimes.
Os dois homens, Ron Weiner e David Geclowicz, são funcionários da empresa privada israelense de inteligência cibernética, Black Cube. Eles foram presos no dia 6 de abril, acusados de espionagem e crime cibernético.
"Os suspeitos estabeleceram uma rede organizada para a realização de graves crimes, incluindo crimes cibernéticos, tentativas de roubo de informações, invasão de emails e intimidação", afirmaram as autoridades romenas. Vários meios de comunicação romenos afirmaram também que os dois israelenses são ex-agentes do Mossad, embora estas alegações não tenham sido corroboradas por qualquer fonte confiável.
Os funcionários da Black Cube supostamente espionaram a procuradora-geral, Laura Codruța Kövesi, do Diretório Nacional Anticorrupção da Romênia e aproximadamente 20 indivíduos ligados a ela, incluindo parentes e amigos. Kövesi é conhecida pela sua abordagem dura em relação à corrupção política e foi nomeada para um segundo mandato em março. A equipe de Kövesi processou mais de mil casos de corrupção de alto nível em 2015, alguns dos quais revelaram o envolvimento de empresários israelenses e figuras públicas em esquemas de corrupção na Romênia.
A Black Cube confirmou que os dois israelenses estavam trabalhando na Romênia, e afirmou que "a empresa tem trabalhado com agências governamentais oficiais da Romênia nas últimas semanas para reunir evidências de corrupção grave no sistema de governo romeno. Como parte do projeto, dois dos funcionários da empresa, que chegaram a conquistas significativas, foram presos. Os funcionários trabalhavam em conformidade com as leis locais, e as acusações contra eles são falsas. Estamos confiantes de que a verdade vai surgir nos próximos dias, e eles serão liberados".
A Black Cube é uma das empresas privadas mais bem-sucedidas de Israel no campo de inteligência cibernética, tendo empresas e contratos abrangendo desde Paquistão até o Reino Unido. A empresa emprega muitos veteranos do corpo de inteligência da IDF (Forças de Defesa de Israel) e da comunidade de inteligência nacional, e mantém uma lista de clientes extremamente secreta.
"Andamos sobre uma linha muito fina, e às vezes cruzamos esta linha por engano. Acontece na vida e no mundo de inteligência", disse o professor Asher Tishler, membro do Conselho de administração da Black Cube em uma entrevista ao The Financial Times em março.
Em outro artigo sobre a empresa privada de inteligência, no jornal israelense Yedioth Haharonoth, um cliente não identificado da Black Cube é citado com o dizer: "a ideia por trás desta empresa é que todos no mundo dos negócios têm segredos ou memórias constrangedoras de que prefere não falar, e a Black Cube sabe como chegar a estes segredos".