
Memorial da Imigração Judaica expõe relíquias e ritos semitas
O museu narra a história dos principais fluxos migratórios dos judeus ao Brasil e explica elementos da cultura.
No judaísmo, mais que um local de culto religioso, a sinagoga é um espaço de congregação, onde não raro nascem negócios, casamentos e outras parcerias importantes. Visitá-la, portanto, é adentrar no cerne da cultura judaica e é justamente essa imersão que propõe o Memorial da Imigração Judaica, que será inaugurado na próxima terça-feira 23, em São Paulo.
Localizado na mais antiga sinagoga do estado de São Paulo, a Kehilat Israel, datada de 1912, a instituição narrará a história dos fluxos migratórios dos judeus ao Brasil e apresentará, por meio de tecnologias interativas e outros recursos de apelo visual, os principais elementos da cultura semita como a Chupá (altar onde se realiza o matrimônio), o Shabat (dia de descanso semanal no judaísmo), entre outros.
Responsável pelos projetos educativos da instituição, o historiador e professor Reuven Faingold conta que o acervo foi composto, sobretudo, por doações de famílias e ajuda a traçar um retrato mais completo da imigração ao Brasil, para além dos fluxos mais conhecidos como o de italianos, portugueses e espanhóis. “A imigração judaica para o Brasil talvez não tenha sido tão relevante do ponto de vista quantitativo, mas qualitativamente sim. Essas famílias trouxeram muitas contribuições culturais e financeiras ao País”, diz.
Os deslocamentos foram registrados por meio de fotografias, documentos e objetos originários de diversos países, como Rússia, Lituânia e Polônia. Um dos destaques é o diário de viagem de Henrique Sam Mindlin, escrito em 1908, quando o garoto da família Mindlin (dona da metalúrgica Metal Leve e cujo acervo de alguns membros deu origem à Biblioteca Brasiliana da USP), tinha apenas 11 anos. No caderno, ele narra sua viagem de navio de Odessa, na Ucrânia, até o Rio de Janeiro.
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Instalação mostra como é composta a mesa para o Shabat |
Costumes milenares, festividades e o ciclo de vida de um judeu, do nascimento à morte, também estão exemplificados no memorial. No espaço dedicado ao casamento, por exemplo, um altar simulando a Chupá traz uma tela no chão onde o visitante pode quebrar uma taça virtual, assim como se faz nas cerimônias reais. Mais à frente, uma mesa interativa reproduz por meio de projeções virtuais os pratos servidos de acordo com cada data comemorativa.
Personalidades judaicas que trouxeram contribuições ou influenciaram o Brasil estão expostas em painéis interativos no subsolo do museu, bem como a distribuição geográfica das principais comunidades semitas pelo País.
O projeto museológico é assinado pela Base 7, empresa de produção cultural também responsável pela idealização do Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu. “O memorial não deixa nada a desejar para museus de fora em termos de tecnologia. Aqui, os alunos poder apertar botões, telas vão abrir e fechar e imagens aparecerão. É bem interativo, pois sabemos que essa geração mais nova faz parte de um universo mais visual”, conta Faingold.
O museu receberá visitas monitoradas com a intenção de auxiliar escolas que queiram trabalhar o tema com seus alunos. A indicação é trabalhar com alunos do Ensino Fundamental II e Médio. “Queremos trazer, principalmente, as escolas não judaicas para que possam conhecer um pouco da nossa história e cultura”, diz Faingold. “Essa é uma iniciativa importante para formar gerações mais tolerantes e combater o antissemitismo. Queremos mostrar uma face positiva dessa colaboração e responder a preconceitos que existem com a comunidade judaica.”
Memorial da Imigração Judaica
Rua da Graça, 160 – Bom Retiro, Centro
Entrada gratuita
Tel: (11) 3663-2838
Fonte:http://www.cartaeducacao.com.br/