Commentary: predizendo o futuro judaico
Brian Blum
Qual será o futuro da comunidade judaica em 50 anos? A revista Commentary pediu a 70 líderes judeus expressarem suas opiniões sobre o assunto. O presidente da Shavei Israel, Michael Freund, foi um dos que escreveu.
A resenha de Freund apareceu na edição de 14 de outubro de 2015 da Commentary. Nela, ele escreve que “o povo judeu está nos estágios iniciais de uma revolução demográfica, uma mudança tão profunda e histórica em sua natureza que irá remodelar os contornos, o caráter e até mesmo a cor dos judeus.”
A crença nesta revolução é baseada nas centenas de milhares de pessoas com raízes judaicas – Bnei Anussim, Bnei Menashe, os judeus escondidos da Polônia, os hispano-americanos, judeus de Kaifeng – que estão, cada vez mais, buscando um caminho de volta para o povo judaico.
Não é apenas uma questão acadêmica. “Para prosperar na aldeia global … o tamanho importa”, escreve Freund. “Demograficamente e espiritualmente, o povo judeu estará mais forte.”
O texto completo do artigo segue abaixo.
O povo judeu está nos estágios iniciais de uma revolução demográfica, uma mudança tão profunda e histórica em sua natureza que irá remodelar os contornos, o caráter e até mesmo a cor dos judeus.
Por todo o mundo, um despertar sem precedentes está acontecendo. Descendentes de judeus de todas as esferas da vida estão buscando voltar às suas raízes e abraçar sua herança.
Nos últimos 15 anos, através de Shavei Israel, organização que eu presido, tenho percebido uma multidão de pessoas cujos antepassados foram, em algum momento, parte de nós e que agora procuram um caminho de volta para o rebanho.
Desde os judeus de Kaifeng, China, cujos antepassados sefaraditas viajavam ao longo da Rota da Seda, aos Bnei Menashe, do nordeste da Índia, que reivindicam a migração de uma das tribos perdidas de Israel, incluindo os judeus ocultos da Polônia em razão do Holocausto, existe um grande número de pessoas com uma ligação histórica com o povo judeu.
Talvez o maior de todos estes, são os Bnei Anussim, a quem os historiadores referem-se pelo termo depreciativo, “Marranos”, e cujos antepassados eram judeus, espanhóis e portugueses, forçados a se converter ao catolicismo no séculos 14 e 15. Estudiosos estimam que, estes devem estar na casa dos milhões em todo o mundo, e testes genéticos revelam que de 10 a 15 por cento dos hispano-americanos têm raízes judaicas.
Se formos suficientemente prudentes para aproveitar a oportunidade e estender a mão a essas comunidades, fortalecendo nossa ligação com eles, em seguida, nas próximas décadas, iremos testemunhar o retorno de centenas de milhares, e possivelmente mais, para nosso povo.
Afinal, o tamanho importa, seja no basquete, nos negócio, ou na diplomacia. Para fazer uma diferença no mundo e viver de acordo com a nossa missão nacional, como judeus, precisamos de uma “equipe” muito maior e mais diversificada à nossa disposição, com uma lista extensa e um banco forte.
Historiadores estimam que durante o período herodiano, há dois milênios atrás, haviam cerca de 8 milhões de judeus em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a dinastia Han realizou um censo no ano 2 e.c., que revelou 57,5 milhões de chineses da etnia han. Trazendo estes dados para o presente, os números são, naturalmente, muito diferente. A China hoje possui cerca de 1,1 bilhão de pessoas, quando, por outro lado, os judeus no mundo não somam mais de 13 milhões.
Durante os últimos 2.000 anos de exílio, perdemos um número incontável de judeus, seja através da assimilação ou da opressão. Muitos de seus descendentes agora estão clamando retornar. Este desenvolvimento é testemunho do poder da história judaica e o triunfo do destino judeu.
O mundo, como já foi dito, é cada vez menor a cada dia graças aos processos de globalização e da crescente interdependência económica e estratégica. Para prosperar nesta aldeia global, o povo judeu vai precisar dos judeus chineses e dos judeus indianos, não menos do que os judeus americanos e os judeus britânicos.
Isto significa que não somente é encessário nos esforçar para manter os judeus, judeus, como, também, temos de começar a pensar fora da caixa, em como aumentar nossos números. Precisamos de mais judeus, então por que não alcançar nosso passado coletivo e recuperar aqueles que foram arrancados de nós devido ao exílio e perseguição? Muitos descendentes de judeus já estão batendo na nossa porta, pedindo para serem admitidos. Tudo que precisamos fazer é apertar o botão, abrir a entrada, e eles virão.
Este processo nascente já está em andamento, e apelo a Israel e aos líderes judeus em todo o mundo a reconhecer esse desenvolvimento saliente e, agir.
Em cinco décadas, portanto, o povo judeu será uma nação com muitos rostos, muito mais numerosos e diversificados do que qualquer um poderia ter imaginado no iníc io do século 21.
As pessoas vão olhar para trás e ver a virada que atingimos, já que estamos à beira de uma onda de retorno, aquela que vai ver milhões de descendentes de judeus se reconectarem com o povo judeu. Demograficamente e espiritualmente, o povo judeu será mais forte com eles!