Netos Judeus

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Netos Judeus
Por Susan Handelman

“Um judeu hoje”, alguĆ©m escreveu certa vez, “Ć© aquele que tem netos judeus.” As palavras incomodam – talvez mais do que qualquer outra em nossos dolorosos debates sobre identidade judaica.
Obviamente, na lei judaica tradicional, um judeu Ć© definido como alguĆ©m nascido de mĆ£e judia, ou que se converteu segundo a HalachĆ”. A definiĆ§Ć£o acima Ć© apenas metafĆ³rica. InĆŗmeros judeus sofrem a dor de ser biologicamente incapazes de ter filhos; outros preferiram nĆ£o tĆŖ-los. Muitos fizeram casamentos mistos; outros sĆ£o solteiros, por opĆ§Ć£o ou destino. E muitos agora abertamente preferem relacionamentos com membros do prĆ³prio sexo. Em qualquer caso, de fato atualmente Ć© raro o judeu que pode ter certeza de que terĆ” netos judeus.
Nos Ćŗltimos anos, tĆŖm-se discutido que a tradicional ĆŖnfase judaica sobre a famĆ­lia estĆ” obsoleta, porque exclui grande nĆŗmero de judeus da vida judaica. Alguns tambĆ©m dizem que o tradicional nĆŗcleo familiar Ć© uma instituiĆ§Ć£o patriarcal repressiva que ajudou a excluir as mulheres da plena participaĆ§Ć£o na vida judaica institucional. Solteiros, divorciados e homossexuais com frequĆŖncia se sentem ofendidos e tratados com benevolĆŖncia por uma comunidade que os vĆŖ como nĆ£o realizados e adultos nĆ£o plenos por nĆ£o serem casados.
Netos JudeusO outro lado argumenta que a famĆ­lia Ć© o alicerce da vida judaica e a garantia da sobrevivĆŖncia judaica; que a primeira mitsvĆ” Ć© “ser frutĆ­fero e multiplicar-se”, e que ataques sobre a famĆ­lia judaica emanam nĆ£o de uma profundidade de engajamento judaico, mas de uma Ć©tica americana de auto-gratificaĆ§Ć£o. A cultura americana contemporĆ¢nea em geral tambĆ©m estĆ” batalhando sobre invocaƧƵes e justificativas de “valores familiares”.
Minha meta aqui nĆ£o Ć© engajar-me diretamente em argumentos sobre o ponto de vista da TorĆ” sobre a homossexualidade, ou os desafios do feminismo, ou os problemas dos solteiros na comunidade judaica. Ao contrĆ”rio, estas questƵes provocaram em mim uma dĆŗvida mais profunda, subjacente: alĆ©m de todos os chavƵes usuais, por que a famĆ­lia Ć© tĆ£o importante no JudaĆ­smo?
Definir um judeu como alguĆ©m que tem netos judeus – com toda sua ironia – atinge-me como profundamente conceitual. Define um judeu em termos de famĆ­lia – mas nĆ£o famĆ­lia imediata. Valida nĆ£o apenas a auto-reproduĆ§Ć£o biolĆ³gica, mas uma continuidade espiritual alĆ©m do imediato, e no decorrer do tempo. O judeu aqui nĆ£o Ć© definido por quĆ£o judeu ele ou ela pode se “sentir”, ou quanto dinheiro pode doar, ou mesmo por quantas mitsvot eles podem cumprir, mas por terem incorporado e transmitido a TorĆ” com tanta vitalidade que seus filhos escolheram permanecer judeus e estĆ£o aptos, por sua vez, a transmitir aquela centelha aos prĆ³prios filhos.
“TrĆŖs Ć© uma chazaka”, como diz a tradiĆ§Ć£o judaica, significando que somente quando algo Ć© feito trĆŖs vezes tem o elemento de certeza, de permanĆŖncia – pode-se confiar em sua estabilidade. Netos sĆ£o a terceira geraĆ§Ć£o; eles confirmam o JudaĆ­smo da primeira geraĆ§Ć£o. A transmissĆ£o exige um prĆ³xima geraĆ§Ć£o biolĆ³gica, mas isso nĆ£o basta; a biologia Ć© moldada pela espiritualidade, o ser Ć© empurrado na direĆ§Ć£o do outro, a cegueira do presente rumo Ć  visĆ£o do futuro.
Isso de maneira alguma Ć© argumentar que ser judeu Ć© simplesmente procriar ou sobreviver. PorĆ©m alĆ©m de todos os motivos Ć³bvios para nossa ĆŖnfase contemporĆ¢nea em ”sobrevivĆŖncia” (a dizimaĆ§Ć£o do Holocausto, a natureza tĆŖnue do Estado de Israel, o declĆ­nio da taxa de nascimentos e os casamentos mistos), o JudaĆ­smo parece estranhamente obcecado com este tema e com a ideia de famĆ­lia desde o inĆ­cio. Por quĆŖ?
O Livro de Bereshit, por exemplo, Ć© um livro todo sobre famĆ­lias, mulheres estĆ©reis, rivalidades entre irmĆ£os, destruiƧƵes por enchente e fogo, ameaƧas constantes ao processo de transmissĆ£o e continuidade. A TorĆ” narra estes temas em parte para desmistificar a natureza como uma forƧa autĆ“noma, controladora, e para reforƧar a ideia entĆ£o revolucionĆ”ria de que o ƚnico D’us estĆ” em controle tanto da natureza como da histĆ³ria.
E a histĆ³ria Ć© significativa na TorĆ” precisamente porque D’us estĆ” apaixonadamente envolvido nela. Assim como D’us, o supremo modelo, estĆ” envolvido com as disputas de famĆ­lias desde Caim e Abel atĆ© os conflitos das famĆ­lias das naƧƵes, tambĆ©m os herĆ³is e heroĆ­nas bĆ­blicas estĆ£o envolvidos – na verdade, sĆ£o definidos – pelos problemas de suas prĆ³prias famĆ­lias.
FamĆ­lias sĆ£o o grande cenĆ”rio de conflito espiritual; tanto naquele tempo como agora, elas sĆ£o os paradigmas da conexĆ£o Ć­ntima e intensa ambivalĆŖncia. Ao contrĆ”rio dos herĆ³is gregos da Antiguidade, os herĆ³is bĆ­blicos nĆ£o adquirem identidade e glĆ³ria em combate solitĆ”rio longe de suas famĆ­lias; seus problemas sĆ£o profundamente domĆ©sticos.
NĆ£o Ć© por acaso que o teste crĆ­tico de Avraham tenha sido exatamente o pedido de sacrificar seu filho… e nĆ£o ser tentado no deserto ou ter de sacrificar a si mesmo. Pois o filho nĆ£o era somente seu, e a crise nĆ£o era apenas pessoal; era coletiva. O chamado de Avraham foi para ele se tornar uma grande naĆ§Ć£o; nĆ£o era uma preocupaĆ§Ć£o particular com uma sĆ³ pessoa. O pacto nĆ£o Ć© feito somente com Avraham, mas com todos os seus descendentes, a famĆ­lia que cresceria atĆ© se tornar a naĆ§Ć£o que MoshĆŖ liderou no Sinai. E a revelaĆ§Ć£o no Sinai foi coletiva, a um povo inteiro, nĆ£o a uns poucos indivĆ­duos de uma elite espiritualmente avanƧada.
SerĆ” esta obsessĆ£o com a famĆ­lia o remanescente de tribalismo primitivo? O foco na sobrevivĆŖncia Ć© resultado das tribulaƧƵes do exĆ­lio? E o que isso tudo tem a ver com nossa necessidade moderna de individualismo e autodefiniĆ§Ć£o?
A famĆ­lia Ć© central para o JudaĆ­smo, creio, porque Ć© central para as ideias judaicas de D’us, criaĆ§Ć£o, pacto e histĆ³ria. A famĆ­lia biolĆ³gica nos lembra que nĆ³s, como o mundo, fomos criados: nĆ£o somos inevitĆ”veis, necessĆ”rios, autĆ“nomos. Somos um efeito da vontade de alguĆ©m e – no melhor dos casos – do desejo de alguĆ©m se dar a outro. Temos uma histĆ³ria. A criaĆ§Ć£o do mundo, tambĆ©m, Ć© um algo a partir do nada, um ato de fĆ© e esperanƧa.
Recusar-se a deixar nascer a prĆ³xima geraĆ§Ć£o Ć©, de certa maneira, nĆ£o continuar a criaĆ§Ć£o de D’us, recusar-se a viver na histĆ³ria, e portanto negar o pacto. Pois o pacto Ć© coletivo e histĆ³rico. A TorĆ” Ć© um guia e heranƧa a um povo que deveria viajar nĆ£o apenas no espaƧo atĆ© uma Terra Prometida – mas tambĆ©m no tempo, atravĆ©s das tribulaƧƵes da HistĆ³ria.
HistĆ³ria – o conflito fĆ­sico deste mundo, de suas paixƵes, suas tentaƧƵes, seus prazeres. “A TorĆ””, como diz o Livro de Devarim numa famosa passagem, “nĆ£o estĆ” no CĆ©u.” “Toda descida”, diz a mĆ­stica judaica, “Ć© pelo propĆ³sito de uma subida.” A descida da alma ao desconexo mundo fĆ­sico, as pessoas vagando atravĆ©s da histĆ³ria, possibilitam um grande florescer espiritual – e assim o Talmud compara o povo judeu Ć  azeitona – somente quando espremida ela libera o azeite.
Este mundo, os relacionamentos humanos diĆ”rios, sĆ£o o cenĆ”rio da aĆ§Ć£o Divina, tanto para D’us como para Israel. O judeu estĆ” engajado em santificar o mundo fĆ­sico e a hora histĆ³rica mundana. Ɖ por isso que a memĆ³ria Ć© importante para os judeus – Ć© a santificaĆ§Ć£o e conexĆ£o do passado, presente e futuro. No tempo judaico, o passado relembra o futuro. “MemĆ³ria”, disse o BĆ”al Shem Tov, “Ć© o segredo da RedenĆ§Ć£o.”
E para colocar isso de maneira simplificada – nĆ£o hĆ” futuro fĆ­sico, nenhuma histĆ³ria, sem reproduĆ§Ć£o fĆ­sica. A famĆ­lia Ć© a unidade que cria vida e Ć© seu mais poderoso agente de transmissĆ£o da memĆ³ria coletiva e pessoal. Ɖ por isso, em parte, que hĆ” tamanha ĆŖnfase em “geraĆ§Ć£o” na TorĆ”, por que ensinar e aprender sĆ£o tĆ£o valorizados – porque sĆ£o atos de transmissĆ£o, e recepĆ§Ć£o e renovaĆ§Ć£o pela geraĆ§Ć£o seguinte… do legado, do presente.
Este ato de ensino e transmissĆ£o por si mesmo tambĆ©m Ć© visto como “dar Ć  luz”, uma maneira nĆ£o-biolĆ³gica de ser pai. Como escreveu o grande filĆ³sofo e talmudista MaimĆ“nides (1135-1204) em seu compĆŖndio de Lei Judaica sobre as Leis de Estudo de TorĆ”: “Assim como uma pessoa Ć© ordenada a honrar e respeitar seus pais, tambĆ©m estĆ” sob a obrigaĆ§Ć£o de honrar e respeitar seu professor, ainda mais que ao seu pai; pois seu pai deu-lhe vida neste mundo, ao passo que o professor que o instrui em sabedoria, assegura vida para ele no Mundo Vindouro.” E de modo contrĆ”rio, “Os SĆ”bios disseram: ‘Que a honra dos seus discĆ­pulos lhe seja tĆ£o cara como a sua prĆ³pria’ (Ɖtica dos Pais 4:12). Uma pessoa deveria se interessar pelos seus alunos e amĆ”-los. Pois eles sĆ£o seus filhos espirituais que lhe trarĆ£o felicidade neste mundo e no mundo depois deste.”
A ameaƧa ao pacto Ć© que nĆ£o haverĆ” ninguĆ©m para transmiti-lo durante a histĆ³ria. Talvez seja este um dos significados do famoso Midrash que quando D’us estava para dar a TorĆ”, Ele pediu garantias para mantĆŖ-la – nĆ£o foi suficiente que os judeus adultos se oferecessem para guardĆ”-la. Somente quando eles disseram: “Nossos filhos serĆ£o nossos fiadores”, foi que D’us concordou em revelĆ”-la.
Assim como os filhos foram prometidos antes que tivessem qualquer opĆ§Ć£o sobre o assunto – o ser nĆ£o Ć© uma criaĆ§Ć£o isolada, autĆ“noma, inteiramente livre. A famĆ­lia Ć© um pacto. Pois na famĆ­lia, somos continuamente lembrados, obrigados, forƧados e deleitados por – outros. Estamos num diĆ”logo constante – mesmo se estiver furioso. Sim, alguĆ©m pode se divorciar de um marido ou mulher. Mas por mais severa que seja a alienaĆ§Ć£o, o vĆ­nculo biolĆ³gico de um filho com um pai Ć© indissolĆŗvel. Como disse certa vez Robert Frost: “O lar Ć© um local onde, quando vocĆŖ precisa ir para lĆ”, eles sĆ£o obrigados a deixĆ”-lo entrar.”
Assim, relacionamentos de famĆ­lia sĆ£o um microcosmo, um local de provas, lembrete e encenaĆ§Ć£o do tempestuoso relacionamento Ć­ntimo do povo judeu com D’us. Por que, afinal, somos chamados “Os “filhos” de Israel, os “filhos” de D’us? Os Profetas, Ć© claro, exploram todas as implicaƧƵes destas metĆ”foras. No Livro de YirmiĆ”hu, D’us pode iradamente “divorciar-Se do povo judeu como uma esposa infiel, mas entĆ£o anseia pela redenĆ§Ć£o deles: “Retornem, Ć³ filhos relapsos.” E a prĆ³pria CabalĆ” descreve os vĆ”rios aspectos do mĆ­stico ser interior de D’us (as configuraƧƵes das sefirot) em termos de metĆ”foras familiares, “pai, mĆ£e, filho, filha.”
A famĆ­lia pode de fato ser uma instituiĆ§Ć£o repressiva – assim como qualquer relacionamento que Ć© distorcido – mas eu tentei argumentar aqui que o conceito judaico de famĆ­lia Ć© distintivo e absolutamente integrante ao JudaĆ­smo; nĆ£o Ć© redutĆ­vel a um arranjo social burguĆŖs ou “estilo de vida”. Ɖ profundamente teolĆ³gico. Um rabino amigo meu disse certa vez que ter filhos o fez relacionar-se muito melhor com D’us. “Como?” eu perguntei. “Porque agora entendo o que Ć© criar algo sobre o qual vocĆŖ nĆ£o tem controle,” respondeu ele. Isto Ć© irĆ“nico e tambĆ©m bastante sĆ”bio. Ter filhos – biolĆ³gicos, adotados, ou espiritual – Ć© de fato um aspecto de ser feito Ć  imagem de D’us. Pois a criaĆ§Ć£o de D’us Ć© um ato de livre arbĆ­trio de D’us, nos dĆ” livre arbĆ­trio, e assim torna nossas aƧƵes na histĆ³ria significativas, e torna a TorĆ” nossa, para ser renovada em toda geraĆ§Ć£o.
Um filho Ć© tanto ele mesmo como completamente outro. Similarmente no processo de transmissĆ£o, a TorĆ” Ć© a mesma e outra – inteiramente aceita e tambĆ©m mudada e ampliada atravĆ©s da novidade da prĆ³xima geraĆ§Ć£o. Como diz o Talmud: “AtĆ© mesmo as inovaƧƵes que um estudante talentoso ensinarĆ” um dia perante seu mestre jĆ” foram dadas no Sinai.” Neste sentido, o escritor nĆ£o-judeu latino americano Borges disse: “Os judeus produziram netos, ao passo que [na tradiĆ§Ć£o ocidental secular de escritos e textos], as noites de Alexandria, BabilĆ“nia, Cartago e MĆŖnfis jamais conseguiram produzir um Ćŗnico avĆ“.”
A famĆ­lia judaica enfraqueceu, e ao mesmo tempo no mundo em geral, tantas crianƧas estĆ£o sofrendo, negligenciadas devido Ć  pobreza, doenƧa, guerra, convulsĆ£o familiar, abandonadas ou indesejadas por causa da incapacidade emocional dos pais.
Para aqueles sem filhos biolĆ³gicos, hĆ” tantas maneiras de fazer contato e se tornar “pai” para aqueles filhos que se perderam. Esta Ć© a TorĆ” da bondade, e outra maneira de ser frutĆ­fero e se multiplicar, de adotar o pacto, e mantĆŖ-lo. E assim, o nome do famoso museu e memorial do Holocausto em JerusalĆ©m, Yad Vashem, vem das extraordinĆ”rias linhas visionĆ”rias do Profeta YeshayĆ”hu que consola o povo com uma visĆ£o de um Templo reconstruĆ­do que “serĆ” chamado uma Casa de prece por todas as naƧƵes.”
Assim diz o Eterno: Mantenha julgamento e faƧa justiƧa, pois minha salvaĆ§Ć£o estĆ” para chegar… Feliz Ć© aquele que faz isso… que guarda Meu Shabat e nĆ£o o profana, e se guarda do mal… Nem deixe o eunuco dizer: ‘Veja, eu sou uma Ć”rvore seca.’ Pois assim diz o Eterno aos eunucos que guardam Meu Shabat e escolhem as coisas que Me agradam, e guardam o Meu pacto; e a eles darei em Minha Casa e dentro de Meus muros, yad ve’shem, um ‘local e nome’ melhor que filhos e filhas. Eu lhes darei um nome eterno que nĆ£o serĆ” cortado” (YeshayĆ”hu 56).
Embora ninguĆ©m, exceto D’us, possa garantir isso, Ć© nossa obrigaĆ§Ć£o fazer o possĆ­vel para assegurar que cada um de nĆ³s, Ć  sua maneira, tenha netos judeus.
POR SUSAN HANDELMAN

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