
Um artefato muito original e antigo do famoso rei babilônico Nabucodonosor II foi exposto esta semana no Museu Terras Bíblicas, em Jerusalém. O artefato, emprestado pelo Museu da Coleção David Sofer, é um cilindro de escrita cuneiforme com uma inscrição de Nabucodonosor.
"Ela expressa uma perspectiva completamente diferente de Nabucodonosor da forma em que judeus pensaram sobre ele nos últimos 2 mil anos", disse o curador do Museu Terras Bíblicas, Filip Vukosavović, à Agência Tazpit (TPS). Na inscrição, Nabucodonosor refere a si mesmo como um líder que "gosta da verdade e da justiça".
"É interessante reconhecer como Nabucodonosor é descrito nessa inscrição", disse Vukosavović. "Os judeus o conhecem como um rei cruel, assassino, que destruiu Jerusalém e o Templo e exilou os judeus para a Babilônia", explicou Vukosavović. "No entanto, este texto mostra Nabucodonosor sob uma luz completamente diferente, e como um grande rei que quer justiça e faz justiça com o seu povo”.
O artefato está em exibição na exposição "Pelos rios da Babilônia" no museu, que descreve a história do exílio forçado do povo judeu para a Babilônia por Nabucodonosor. " Em virtude do décimo dia do mês hebraico de Tevet, que é o dia em que começou o cerco a Jerusalém por Nabucodonosor e seu exército, achamos adequado exibir algo sobre o próprio Nabucodonosor na exposição", explicou Vukosavović para a TPS.
"Mesmo que a inscrição não tenha uma ligação direta com o exílio dos judeus para a Babilônia, ainda é sobre Nabucodonosor, um dos reis mais notórios para os judeus na história", acrescentou Vukosavović. " Também é interessante tomar esta inscrição e justapô-la com a história que está sendo exibida na exposição, que é sobre o cerco, o exílio, a destruição e sofrimento, para ver como compará-las”. Vukosavović também disse à TPS que uma inscrição real geralmente descreve projetos de construção realizados pelos reis.
"Esta inscrição real, em particular, pertence a Nabucodonosor e descreve a construção ou reconstrução do Templo de Ishtar, a deusa mais importante na história do Oriente Médio, na cidade de Uruk", comentou o curador da exposição.
Na inscrição, Nabucodonosor mencionou sua missão percebida para construir tais santuários: "Quando Marduk, o grande senhor, o mais sábio dos deuses, o senhor das regiões do mundo, olhou para mim com seu rosto que dá vida, seu rosto sorridente e o olhar de seus olhos que tudo vê, como o deus Shamash, ele levantou a cabeça, ele me chamou com um nome imponente para ser governador da terra, e deu-me os muitos povos para pastorear. Ele poderosamente me encomendou aos santuários de provisão, para renovar templos, para confirmar ritos e para manter em ordem os rituais de purificação, tudo sob o seu comando solene”.
A inscrição também fornece uma perspectiva mais histórica sobre a cidade de Uruk. "Uruk foi uma antiga cidade mesopotâmica cujas deidades patronas foram Ishtar e Enki", explicou. "A inscrição é de particular importância, porque não temos quaisquer inscrições históricas relacionadas com esta mesma cidade, de modo que seria benéfico para os historiadores e arqueólogos que queiram reestruturar carreira e história de Nabucodonosor”.
Fonte: TPS / Texto: Jonathan Benedek / Tradução: Aguinaldo Wechesler / Foto: cortesia