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Roberto Leon Ponczek - Coisas Judaicas |
Por Roberto Leon Ponczek*
Em várias ocasiões,
como descrito nos episódios “Papai Tire a
Kipah” “Judeu abaixe suas calças “ ou “Um Casamento na Cracóvia ocupada “(
vide Sib e News: https://sibenews.wordpress.com/category/coluna/roberto-leon-ponczek/)
durante os terríveis anos do Holocausto (1939-1944) a sobrevivência de meus
pais, e de pequena parte de minha família, ocorreu quase tão aleatoriamente
como num lance de dados! Por conseguinte, eu devo a minha própria existência a
um improvável arremesso de dados ou ao giro de uma roleta situada alhures em
algum cassino cósmico, situado a bilhões de anos luz da nossa galáxia,
provavelmente no interior de algum gigantesco buraco negro de onde nem as luzes
do Genesis puderam escapar!
Meu amigo de origem
cristã, mas de alma e coração judaicos, Gabriel Lopes Pontes, costuma sempre me
repetir:
- Você é
um evento quanticamente improvável! Um ponto fora da curva da existência! Por
sua história de vida, você não era para existir!
Mas, segundo
Einstein, "Deus não joga dados", e ELE tem todos acontecimentos muito
bem escritos (ainda que por linhas tortas) em seu grande Livro da Vida. Assim,
por algum de Seus insondáveis desígnios eu consegui existir! Por uma complexa
trama de infinitos fatores, que devem ter começado a se combinar milênios antes
do Big Bang, ou talvez nos primeiros instantes do primeiro dia do Genesis
bíblico, eu consegui nascer do sêmen de um homem e do óvulo de uma mulher que
estavam condenados à morte, mas, que por algum estranho milagre, planejado desde
tempos anteriores ao próprio espaço-tempo, eles conseguiram ludibriar seus
carrascos e fugir dos trens com destino sem volta a Auschwitz!
Eduardo Heuberger, de
saudosa memória, sobrevivente da Lista de Schindler, além de grande amigo de
meus pais; dizia amargamente: “Em
Auschwitz se entrava com o corpo em estado sólido e se
saia apenas pelas chaminés, com o corpo em estado gasoso”...
Por sua vez, Albert
Einstein certa vez disse: “Só existem duas formas de se entender o Universo:
pensar que nada é um milagre ou pensar que tudo é um milagre! Prefiro pensar dessa
última forma.
E eis-me aqui
escrevendo essa confissão! Eu escrevo,
logo existo! E confesso e declaro que existo por milagre!
Assinado: Roberto
Leon Ponczek
Filiação:
Mãe :Wanda Goldblum
Ponczek
Pai: Tadeusz (David)
Ponczek
Profissão:
Sobreviventes
*Roberto Leon Ponczek é professor Dr. de Filosofia e
Metodologia da Ciência na UFBA e CIMATEC. É membro da SIB e do Chabad Salvador.
Seus pais Tadeusz e Wanda Ponczek sobreviveram ao Holocausto e emigraram para o
Brasil depois da Guerra.