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O profeta Moisés (Guilherme Winter) pede um sinal de Deus para que os hebreus deixem o Egito. Nesse momento, o Mar Vermelho se abre |
A parceria com o estúdio americano se fez necessária, mas não por que o Brasil não tenha equipamentos ou profissionais capacitados para realizar o mesmo trabalho. “A gente tem condições técnicas de fazer isso aqui, tanto é que as outras nove pragas serão totalmente produzidas no Recnov. Mas essas duas cenas especificamente requerem muitas máquinas trabalhando 24 horas por dia para finalizá-las em dois meses. Não temos tanto equipamento aqui para dar conta desse volume de trabalho”, comenta Avancini.
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A sequência da abertura do Mar Vermelho foi gravada no Rio pela Record, usando a técnica com chroma key, e está sendo finalizada em Los Angeles |
E olha que os computadores do Recnov que ficam à disposição da equipe de efeitos visuais não param. São 29 pessoas na equipe comandada por Gustavo Dominguez se revezando 24 horas por dia. “Uma das dificuldades é que as passagens da Bíblia não têm, obviamente, registros em fotos ou vídeos, então é preciso criatividade e uma interpretação lúdica para reproduzir esses eventos. O nosso trabalho na computação gráfica é transformar em imagem aquilo que é impossível filmar. Para reproduzir a praga da invasão das rãs, por exemplo, tínhamos dez rãs no set que, através do nosso trabalho, se transformarão em milhões”, adianta Dominguez, complementando. “O trabalho é insano, mas o prazer de ver o retorno positivo compensa o esforço.”
Intérprete do profeta Moisés, Guilherme Winter viveu um momento único na sequência em que o Mar Vermelho se abre para a passagem do povo hebreu. “Foi uma experiência incrível, uma energia muito forte, principalmente quando eu estava no alto e as pessoas passavam por mim em direção ao que seria o Mar Vermelho. Foi uma onda. Com certeza, esse momento canalizou uma energia diferente”, afirma.
A tal energia ajudou o ator a se transpor para um lugar em que, definitivamente, ele não estava. “Gravar com chroma key (técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem sobre uma outra através da anulação de uma cor padrão, como por exemplo, o verde) e imaginar que tem peixe passando, imaginar o vento abrindo o mar, foi uma viagem”, recorda o intérprete de Moisés.
A passagem para essa verdadeira viagem no tempo o público comprou desde 23 de março, quando o primeiro capítulo de ‘Os Dez Mandamentos’. De lá para cá, a lista de passageiros só cresce. O motivo? “A história é famosa e tem um apelo muito forte. Esses dois fatores somados à direção do Avancini e ao texto da Vivian resultam nesse sucesso”, diz Winter.
Apesar do êxito, a produção da Record recebe críticas por se distanciar dos tempos bíblicos em alguns fatores, como o excesso de maquiagem dos atores ou os esmaltes coloridos usados pelas atrizes. Curiosamente, Sérgio Marone, intérprete do antagonista Ramsés, vê nesses elementos uma pista do segredo do sucesso de ‘Os Dez Mandamentos’.
“É novela, o público gosta de ver cor, beleza. Isso faz parte da estrutura do folhetim. Quando não tem que ser absolutamente real, quando se pode criar em cima, é preciso ter essa liberdade poética para deixar o resultado deslumbrante. Tem que ficar bom para os olhos. As pessoas têm que ver e falar: ‘Que coisa linda’. Se os figurinos do Ramsés fossem todos iguais, não teria graça”, acredita o ator que faz o temido faraó e acaba de renovar o seu contrato com a Record pelos próximos três anos.
Já Larissa Maciel, que faz a hebreia Miriã, aponta para outra direção ao tentar entender os motivos que estão levando o público a sentar em frente à TV todas as noites para assistir à novela da Record. “‘Os Dez Mandamentos’ mostra o valor de se sacrificar pelo outro sem querer nada em troca, a família onde os filhos respeitam os pais, a amizade verdadeira, sem interesse. Acho que as pessoas estão gostando de ver essa mensagem na TV”, aposta.
E não há nada tão bom que não possa melhorar. A expectativa é que ‘Os Dez Mandamentos’ chegue ao ápice de audiência a partir da segunda quinzena de agosto quando as pragas vão invadir o Egito, momento bíblico que precede a abertura do Mar Vermelho. “Essas sequências são muito esperadas pelo público, por isso investimos tanto (as cenas que estão sendo pós-produzidas em Los Angeles vão custar cerca de 9 milhões de dólares cada uma). Pela curva que se desenha, a expectativa é que a novela alcance 20 pontos de ibope. Esperava parte desse sucesso, mas o que vem acontecendo superou as minhas expectativas”, confidencia Avancini.
As dez pragas do Egito
1. Águas do Rio Nilo tingem-se de sangue
2. Rãs cobrem a Terra
3. Piolhos atormentam homens e animais
4. Moscas escurecem o ator e atormentam homens e animais
5. Uma peste atinge os animais
6. Sarna provoca úlceras na pele
7. Chuva de granizo e fogo
8. Nuvem de gafanhotos ataca plantações
9. Trevas — Escuridão encobre o sol por três dias
10. Morte dos primogênitos
Fonte: O Dia