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Ativista Sahar Vardi é presa por recusar alistamento

Ativista Sahar Vardi é presa por recusar alistamento
Sahar se joga em frente a soldado israelense
Presa por recusar alistamento, ativista critica militarização de Israel.

Presa três vezes por se recusar a cumprir o serviço militar obrigatório, a ativista

Sahar Vardi critica desde sua adolescência a militarização de Israel e a ocupação de terras palestinas. Vista por muitos conterrâneos como “traidora”, ela diz ter sido alvo de ações hostis. 

Sahar iniciou seu ativismo político aos 13 anos, visitando a Cisjordânia com seu pai, Amiel Vardi, para ajudar fazendeiros palestinos no plantio de oliveiras. Pouco depois, começou a participar de protestos contra a construção do muro israelense nos territórios palestinos ocupados. Ao completar 18 anos, em 2008, a ativista decidiu recusar o alistamento nas Forças Armadas. “Por ser ativa nos territórios ocupadas e por ver os soldados israelenses atirando contra mim em manifestações, era óbvio que eu não deveria servir no Exército”, disse Sahar por telefone. 

Após ter seu pedido de conversão do serviço militar em serviço civil negado pelas autoridades das Forças Armadas, a ativista cumpriu três sentenças de prisão. Ela diz que estava ciente das consequências que poderia sofrer por rejeitar o alistamento. “Decidi usar minha detenção para criar um discurso público sobre a ocupação”, disse. Atualmente, aos 25, Sahar estuda História e Educação na Universidade Hebraica, em Jerusalém. 
Ativista Sahar Vardi é presa por recusar alistamento
Além disso, colabora com a organização antimilitarista New Profile (“Novo Perfil”, em português), que oferece ajuda para os cerca de 2.000 israelenses que, a cada ano, decidem rejeitar o serviço militar por diferentes razões, segundo ela. O alistamento militar é obrigatório para a maioria dos cidadãos israelenses a partir de 18 anos de idade, tendo duração de três anos para homens e quase dois anos para mulheres. 

O governo israelense justifica seus grandes investimentos em Defesa com base em suas relações conflituosas com países da região e com grupos radicais como o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, o Hizbullah no Líbano e o Hamas na faixa de Gaza. Segundo o International Institute for Strategic Studies, Israel foi o 13º país com maiores gastos militares em 2014, tendo investido US$ 23,2 bilhões (R$ 80,4 bilhões) ou 7,6% de seu PIB (Produto Interno Bruto). No mesmo ano, o Brasil ocupou a 11ª posição no mesmo ranking, tendo investido US$ 31,9 bilhões (R$ 110, 5 bilhões) ou 1,3% de seu PIB. Para Sahar, a militarização tem diversos efeitos sobre a sociedade israelense, incluindo a “predominância de um discurso de violência” e a reprodução de desigualdades sociais dentro e fora do ambiente das Forças Armadas. Sahar também participa de movimentos contra a remoção de famílias palestinas de Jerusalém Oriental, área de maioria árabe ocupada por Israel e reivindicada pela Autoridade Nacional Palestina como capital de um eventual Estado. Além disso, a ativista promove a campanha de boicote contra Israel. Recentemente, a ativista gravou um vídeo pedindo a Caetano Veloso e Gilberto Gil que cancelassem sua apresentação em Tel Aviv; o show foi mantido. O boicote, em sua opinião, é uma forma de impedir que Israel lucre com a ocupação e é uma tentativa de “nivelar as condições de negociação entre um governo [Israel] que decide tudo e uma Autoridade [Palestina] que não tem autoridade alguma”. Sahar vê como importantes os movimentos no Brasil em defesa do boicote, por se tratar de uma grande economia que “colabora financeiramente com a ocupação israelense”. Segundo o Stockholm International Peace Research Institute, o Brasil foi o quinto principal destino de exportações de armas israelenses entre 2012 e 2014, atrás de Índia, Reino Unido, EUA e Coreia do Sul. Apenas em 2014, o Brasil foi o terceiro principal mercado de armas de Israel, importando o equivalente a US$ 74,9 milhões (cerca de R$ 260 milhões, valores de 2015). 

HOSTILIDADE E VIOLÊNCIA 

Conhecida por seu ativismo, Sahar diz que muitos israelenses a veem “como uma traidora, como alguém que age contra seu [próprio] país”. Ela relata que até ter se tornado alvo ações hostis que descreve como “muito assustadoras”. Há algum tempo, diz, militantes de direita picharam sua casa “com mensagens de ódio”. Seu pai, por sua vez, foi baleado em 2006 por um colono israelense na Cisjordânia ao tentar ajudar fazendeiros palestinos na colheita de uva. Apesar das hostilidades, Sahar diz não pensar em se mudar de Israel. “

O motivo pelo qual [continuo] ativa aqui é tentar o quanto puder mudar meu país e transformá-lo em um lar melhor.” Ações hostis e violentas parecem ser motivo de preocupação para muitos israelenses e palestinos em tempos recentes. Há algumas semanas, um judeu ultraortodoxo esfaqueou seis pessoas na Parada Gay de Jerusalém, incluindo uma jovem de 16 anos que ia a mesma escola em que Sahar estudou. A garota não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois. Um dia após o ataque em Jerusalém, supostos colonos judeus incendiaram a casa de uma família palestina na Cisjordânia, matando um bebê de um ano e meio. 

O irmão da criança ficou gravemente ferido e seu pai morreu depois de alguns dias devido às queimaduras. Esses ataques fizeram com que crescesse a pressão sobre o governo israelense para conter o terrorismo de extremistas judeus. Na opinião de Sahar, a sociedade israelense poderia aprender muito com esses incidentes, mas não será tolerante e pacífica “enquanto mantiver uma ocupação”.

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