O exílio do Povo Judeu e todo o seu sofrimento posterior são sinônimos da destruição de Jerusalém e da queda do Templo Sagrado.
Todos os judeus podem retornar à Terra de Israel, nossos Juízes podem ser restaurados, mas o exílio não será concluído enquanto Jerusalém não tiver sua glória restaurada, com a construção do Terceiro Templo Sagrado.
Portanto, após ter pedido pelas bênçãos Divinas, materiais e espirituais, individuais e coletivas, rogamos por Sua bênção pela Cidade Santa. De fato, nenhuma bênção é completa até que o Trono da Santidade, Jerusalém, seja reconstruída em toda a sua grandeza.
Malchut Beit David – o Reino de David
O profeta Zecharia (6:12) ensina que um dos nomes do Mashiach será Tzemach, que significa literalmente o brotar ou florescer de uma planta. Isso significa que a Redenção é um processo lento, como o crescimento de uma planta, e mal percebido. Com efeito, o Talmud Yerushalmi ensina que a alma do Mashiach nasceu no dia em que o Segundo Templo foi destruído – há mais de 2.000 anos – e que está guardada no Jardim de Éden, até o dia em que será enviada a nosso mundo para trazer a era da Paz Universal.
O Mashiach deve ser descendente do Rei David. Nesta bênção, afirmamos que a salvação final do Povo Judeu não depende apenas da reunião dos exílios e da reconstrução de Jerusalém, mas também da vinda do Mashiach.
Kabalat Tefilá – A aceitação da oração
Esta bênção conclui a parte intermediária do Shemonê Esrê, na qual pedimos que D’us nos conceda nossas necessidades.
O propósito desta oração vai além de o homem se dirigir ao Criador, mas visa que suas palavras causem uma mudança no mundo. Assim sendo, concluímos esta parte pedindo ao Senhor do Universo que atenda nossas súplicas: que seja piedoso e aceite com compaixão e graça os nossos pedidos.
Alguns desses pedidos podem ser atendidos de imediato. Mas outros, especialmente os que concernem o fim do exílio e a chegada da Era Messiânica, incluindo a ressuscitação dos mortos, podem levar séculos ou até milênios para serem atendidos. Esta demora na resposta Divina não significa que nossas preces estejam sendo ignoradas. Significa que é necessário que milhões de pessoas recitem suas preces através dos séculos para que milagres desta magnitude possam ocorrer. Cada vez que um judeu reza o Shemonê Esrê, está contribuindo para esse objetivo: está acelerando o processo que resultará na criação de um novo mundo – livre da morte e de todas as formas de sofrimento e discórdia.
Avodá – o Serviço do Templo
Esta bênção inicia a parte final do Shemonê Esrê. Como um servo é grato pelo privilégio de ter a oportunidade de se expressar perante seu mestre, nós agradecemos ao Infinito por estar atento às nossas preces.
Ao concluirmos as orações, que são nosso substituto para o serviço no Templo, rogamos a D’us para que o Beit HaMikdash seja reconstruído e que o verdadeiro serviço seja restaurado em toda a sua glória.
Pedimos que Ele aceite com amor e graça as orações e as “labaredas das oferendas” de Israel. Como o Templo não existe, esta expressão é usada metaforicamente. Refere-se às almas e feitos dos Justos e às orações do Povo Judeu, que são tão agradáveis a D’us quanto as oferendas sacrificiais. Alude, também, ao fogo do altar e às futuras oferendas da Era Messiânica.
Hoda’á - Agradecimento
Esta bênção não é uma súplica, mas uma ação de graças. Reconhecemos que cada sopro de vida e pulsar do coração é resultado direto da Misericórdia Divina. Proclamamos confiar nossa vida a D’us e que sempre que adormecemos, a Ele entregamos nossa alma, que deixa nosso corpo e que será devolvida a nós quando acordarmos.
Nesta bênção, reconhecemos a constante Providência Divina e que tudo o que existe, inclusive os eventos que parecem ser mundanos, são, de fato, produto do envolvimento Divino e intervenção em Sua Criação. Agradecemos a D’us por Suas maravilhas – as coisas familiares que não vemos como milagres porque a elas nos acostumamos, tais como a respiração, a chuva e o sol – e por Seus milagres, que ocorrem quando as leis da natureza são claramente quebradas, fazendo-nos lembrar que Ele, que criou o mundo e instituiu suas leis, pode quebrá-las quando e da forma que Ele julgar por bem.
Shalom – Paz
A bênção final do Shemonê Esrê contém alusões à Bênção Sacerdotal (Bircat Cohanim), e as seis formas de santidade nela contidas – paz, bondade, bênção, graça, gentileza e compaixão – aludem às seis bênçãos da Bircat Cohanim.
Nossos Sábios ensinam que não há bênção maior do que a Paz. De fato, a palavra Shalom é derivada de Shalem – completo, em hebraico – para ensinar que o homem que tem paz, tem tudo; enquanto que quem não a tem, nada tem.
Orações finais
Concluímos o Shemonê Esrê com um breve pedido de que as palavras de nossa boca e a meditação de nosso coração encontre favor diante de D’us. As obras da Cabalá atribuem grande santidade a esse verso e enfatizam que o mesmo deve ser recitado lenta e fervorosamente. Ele deve ser recitado antes e depois das rezas finais (Elokei Netsor), que são súplicas recitadas na conclusão do Shemonê Esrê. Entre essas há um pedido para que D’us nos proteja de situações que nos tentem a falar mal de alguém. Pedimos também que sejamos capazes de cultivar o atributo da humildade e que possamos ignorar os insultos, e oramos para que D’us abra nosso coração à Sua Torá, para que possamos estudá-la com propriedade e cumprir seus mandamentos.
É apropriado concluir o Shemonê Esrê, que serve como substituto para o serviço do Templo, com a súplica de que D’us reconstrua o Templo Sagrado para que possamos voltar a realizar o serviço Divino, que ocorria diariamente no Beit HaMikdash. Pedimos também que D’us nos dê nossa porção em Sua Torá, isto é, que Ele permita que cada um de nós descubra que assuntos da Torá estão mais ligados à nossa alma, para que possamos estudá-la com afinco, profundidade e entusiasmo.
Bibliografia:
Siddur for Weekdays with an Interlinear Translation - The Schottenstein Editon - Artscroll Mesorah
Talmud Yerushalmi, Berachot