O aniversário judaico

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O aniversário judaico
O aniversário judaico
O que é um aniversário judaico?

Nosso aniversário é a data na qual nós nascemos de acordo com o calendário judaico.
Longe de considerar este evento como um incidente, a tradição judaica vê nosso aniversário judaico abarrotado de significado e relevância e, de uma certa forma, até mesmo como um mini Rosh Hashaná!

 O Talmud nos informa que, em nosso aniversário judaico, nossa mazal (boa sorte) está dominante.

 O aniversário judaico é o dia perfeito para reflexão sobre nossas vidas como judeus e um tempo auspicioso para tomar novas decisões quanto à pratica de boas ações e para aprofundarmos nosso compromisso com a Torá e sua influência em nossas vidas.
Em nosso aniversário judaico, costumamos nos reunir com a família e amigos para celebrá-lo da forma judaica. Na celebração, devemos dizer uma bênção de agradecimento a D'us, dar dinheiro extra para tzedaká e estudar Torá.

O QUÊ ACONTECEU NO SEU NASCIMENTO?


Desde quando homens e mulheres vêm nascendo, eles têm tido aniversários. Festas de aniversário não são tão antigas, mas datam de pelo menos 3500 anos (o livro de Bereshit menciona um banquete em honra do aniversário de um Faraó no ano de 1534 aec). O interessante sobre as celebrações de aniversários é que, ao longo de nossa história, elas não eram um costume muito "judaico".

Isto não quer dizer que não haja fontes na Torá para o conceito de aniversário. O Talmud fala de quão especial é a data de nascimento de alguém como um momento de fortalecimento e oportunidade para ele ou para ela. Um dos mais importantes dias do ano judaico é Rosh Hashaná, o aniversário de Adam – e da humanidade. Mas, como regra, os judeus não comemoravam seus aniversários. De fato, enquanto os dias de falecimento (Yohrtzeit) das grandes figuras da história judaica são registrados e comemorados, suas datas de nascimento são geralmente desconhecidas.

O Rei Salomão deu voz a esta atitude quando disse: "Melhor o dia da morte do que o dia do nascimento" (Eclesiastes 7:1). Isto parece uma visão negativa da vida. Mas, depois de uma contemplação mais profunda, isto, de fato, expressa a atitude judaica clássica de que a "ação é a coisa suprema" – que a verdadeira realização, em vez do conceito, teoria ou potencial, é o que importa.

A criança recém-nascida pode estar repleta de genialidade e talento – mas ele ou ela ainda não fez nada com sua vida. Então, o quê há para celebrar? Quem pode saber se seu potencial se realizará? Ou que sua vontade será realizada em direção ao bem e objetivos de D'us?

O dia de falecimento de alguém, por outro lado, é o ápice de sua missão na vida. É quando a soma total de suas realizações vem para a realidade, para exercer suas influências combinadas em nossas vidas. É por isto que o Yohrtzeit de uma grande pessoa é uma ocasião tão especial: quando celebramos uma vida, nós o fazemos em seu momento de maior impacto sobre o mundo.

Mas, também, se nós fossemos atribuir importância ao puro potencial, o aniversário tampouco seria a época de celebrarmos a vida. Semanas e meses antes do feto emergir do ventre, ele tem mãos e pés, um coração pulsante e um cérebro pensante. Se fossemos celebrar a criação de um novo potencial, a época para isto seria anterior ao aniversário, talvez o momento da concepção. 
Se você estiver pensando em celebrar o seu aniversário, terá de perguntar: Sim, eu nasci, mas o quê aconteceu?

Albert Einstein é conhecido por ter comentado que "A ilusão de que somos separados um do outro é uma ilusão óptica de nossa consciência". Você olha para você mesmo e você olha para mim, e você vê duas entidades. Mas a matéria não é verdadeiramente "sólida" ou compactada nos corpos; é um grande amálgama de pontos infinitesimais, cada um exercendo uma rede complexa de forças e contra forças em seus companheiros. Um "ser humano" não é mais ou menos uma entidade distinta do que um átomo em seu corpo, o planeta que ela habita ou o universo como um todo.

Fisicamente falando, não há uma divisão real entre seu corpo e o meu. Mas há uma realidade mais profunda do que aquela descrita pelas leis da Física. No coração da visão da Torá sobre a vida está a idéia que de que cada ser humano individual tem uma alma – uma identidade espiritual distinta e uma distinta missão na vida.

Isto é o que foi criado no dia do seu nascimento. Não sua existência física, não sua vitalidade, não seu potencial espiritual. O feto existe, está vivo, pensa e sente. Mas ele é definido pelas leis da Torá como "um membro de sua mãe". Não é uma entidade distinta, algo por si só. O nascimento marca o momento no qual o corpo recebeu e se fundiu com sua alma, o ponto no qual você conquistou sua individualidade.

Em tempos recentes, o aniversário foi reinstituído como uma importante ocasião tanto espiritual quando do ponto de vista judaico. O Lubavitcher Rebbe anterior (Rabbi Yosef Yitzchak Schneerson, 1880-1950) promoveu a celebração do 18 de Elul, o nascimento de duas grandes figuras do movimento chassídico: Rabbi Israel Baal Shem Tov, fundador do Chassidismo, e o Rabbi Schneur Zalman de Liadi, fundador de seu ramo Chabad. Hoje, tornou-se um costume difundido entre os judeus – particularmente entre os chassidim – comemorar os aniversários dos tzaddikim e líderes, e designar o próprio aniversário como um momento de introspecção e celebração.

Não é por acidente que o renascimento do aniversário esteja misturado ao renascimento do Chassidismo. Uma das mensagens centrais do Baal Shem Tov e seus discípulos é a própria mensagem do aniversário:
"Vocês, como indivíduos" , disseram os Mestres Chassídicos, "são especiais, únicos e absolutamente indispensáveis. Nenhuma pessoa viva, nenhuma pessoa que já viveu e nenhuma pessoa que ainda viverá podem cumprir o papel específico na criação de D'us que lhe foi confiado".

COMO NÓS DEVEMOS CELEBRAR NOSSO ANIVERSÁRIO?

É bom ser grato pelo que você tem na vida e pelo que você já alcançou. Mas, abra seus olhos para a figura maior. Se nós devemos apreciar os frutos da vida, devemos primeiro apreciar a árvore que carrega os frutos: o próprio nascimento.

O nascimento é o seu início. É uma janela para a chance de toda uma vida, a chance de cumprir sua missão tão especial. Assim, um aniversário é uma ocasião muito importante, para ser comemorado da mesma forma como uma nação comemora seu nascimento ou como uma organização celebra sua fundação. Entretanto, é muito mais que uma ocasião para recebermos presentes. É uma chance de lembrar o dia em que ocorreu um importante evento, para celebrar e agradecer e para refletir sobre como nós vamos atender ao nosso chamado.

Por que o tempo é como uma espiral, algo especial ocorre no seu aniversário a cada ano. A mesma energia que D'us investiu em seu nascimento está mais uma vez presente. É nosso dever estarmos receptivos àquela força. Como fazemos isto? Comprometendo-nos a uma vida guiada pela vontade de D'us e usando todas as nossas habilidades e recursos com os quais nascemos para nos aperfeiçoarmos e à sociedade e para fazermos do mundo uma moradia boa e sagrada para D'us.

Um aniversário é um tempo para celebrar o próprio nascimento, a alegria da vida. É também uma ocasião para repensar sua vida: Quão grande é a disparidade entre o que eu já consegui alcançar e o que eu ainda posso alcançar? Estarei usando meu tempo de forma adequada ou estarei envolvido em coisas que me distraem do meu chamado maior? Como poderei fortalecer a corda que conecta minha vida exterior e minha vida interior?
Um aniversário também pode nos ensinar o conceito de renascimento. Lembrar de nosso nascimento é lembrar um novo começo. Não importa como as coisas foram ontem ou no ano passado, nós sempre temos a capacidade de tentar de novo. Seu aniversário é algo novo, uma chance para regeneração – não apenas materialmente, mas também espiritualmente.

Em seu aniversário, reúna-se com a família e amigos e estudem, juntos, algo importante.

Não há forma melhor de celebrar um aniversário do que se comprometendo com um ato especial de bondade. É muito fácil dizer que você está agradecido, mas é muito melhor mostrá-lo praticando uma boa ação, algo que você não fez ontem. Não porque alguém o está forçando. Não porque alguém sugeriu. Mas simplesmente porque sua bondade interior, sua alma, quer expressar seu agradecimento por ter nascido e por estar viva.

Um ato de bondade como este dá prazer a D'us porque Ele vê que a criança na qual ele investiu, aquela criança em particular que Ele queria que nascesse em um determinado dia, está vivendo à altura de seu potencial. E nada, claro, dá a um pai maior prazer. Esta é a verdadeira experiência do nascimento, o verdadeiro início de uma vida de significado.

HÁ UMA MANEIRA JUDAICA DE CELEBRAR MEU ANIVERSÁRIO?


Claro. Há uma maneira judaica para tudo!

Eis algumas idéias a serem implementadas no dia de seu aniversário segundo o calendário judaico (na Internet, você encontrará vários sites onde poderá converter sua data de nascimento para o calendário judaico. 
Por exemplo, em http://www.chabad.org/calendar/birthday_cdo/aid/6228/jewish/Jewish-Birthday.htm


 Dar tzedaká deve ser um acontecimento diário. Em seu dia especial, aumente a quantidade de sua contribuição, especialmente antes das rezas da manhã e da tarde. Se seu aniversário coincidir com o Shabat ou com algum Yom Tov, quando nos é proibido manusear dinheiro, dê a tzedaká extra tanto antes quanto depois da data.

Dedique algum tempo extra rezando, concentrando-se na meditação e nas palavras das rezas.

Recite tantos Tehilim (Salmos) quanto possíveis. Idealmente você deve completar pelo menos um dos cinco livros (os Salmos estão divididos em cinco livros).

Estude o Salmo que corresponde ao seu próximo ano. Isto corresponde à sua idade mais 1 – p.ex., Salmo 25 se este é seu 24º aniversário. Este também é o Salmo que você deve tentar recitar todos os dias até seu próximo aniversário.

Dedique algum tempo para meditar sobre seu ano passado. Considere quais áreas precisam melhorar e decida-se a fazê-lo.

Estude algo extra de Torá hoje.
Estude uma idéia chassídica e a repita em uma reunião em honra ao seu aniversário.
Compartilhe uma nova fruta que você ainda não tenha experimentado durante a estação e recite a bênção de Shehecheyanu [1].
Dedique algum tempo para ensinar a outros algo sobre Torá e Judaísmo.

Comprometa-se a praticar uma determinada mitsvá. Escolha algo prático e factível! (São 613 mitsvót! Você certamente encontrará uma).

Homens e meninos que já tenham feito Bar Mitsvá: No Shabat anterior à data judaica de seu aniversário, consiga uma aliyah (subida á Torá) na sinagoga. Se o aniversário coincidir com um dia em que a Torá é lida, assegure-se de conseguir uma aliyah também naquele dia.


UMA VIDA PRECISA


E Moisés foi e falou as seguintes palavras a todo Israel. E ele disse a eles: "Eu tenho 120 anos hoje...".

Devarim 21:1-2

Hoje, meus dias e anos foram completados; neste dia, eu nasci e, neste dia, eu morrerei... Isto é para nos ensinar que D'us completa os anos do justo ao dia e ao mês, como está escrito (Shemot 23:26): "Eu completarei o número de teus dias".

Rashi, ibid.; Talmud, Rosh Hashanah 11a

 Um ano é mais do que uma quantidade de tempo: é um ciclo, uma seqüência de transições que segue seu curso somente para repetir-se de novo e de novo. No nível físico, um ano marca o término do ciclo solar e a repetição da seqüência de estações e ciclos de vida que ele provoca. No nível espiritual, cada ano traz uma repetição das várias influências espirituais reveladas pelas festividades (liberdade em Pessach, alegria em Sucot, etc.) em suas posições fixas no calendário judaico.

 A palavra hebraica para "ano", shanah, significa tanto "mudança" quanto "repetição". Pois o ano é uma materialização de toda gama de transformações que constituem a experiência humana. Cada ano de nossas vidas somente repete este ciclo, apesar de em um nível maior ao qual o conteúdo de maturidade e realização de um ano tenha nos elevado. Em outras palavras, podemos dizer que todos nós vivemos nossa vida por um ano e, então, a revivemos tantas vezes quanto nos é permitido, cada vez em um nível mais elevado, como uma espiral que repete o mesmo caminho em cada revolução, mas em um plano mais alto.

Nisto reside a importância de uma vida que é "plena" no sentido de que ela consiste de ano civis completos. Moisés nasceu em 7 do mês judaico de Adar e faleceu na mesma data, como foi o caso de um número de outros tzaddikim (indivíduos perfeitamente justos).

O mundo que habitamos tem tanto uma dimensão física quanto espiritual. Apesar destas serem as duas faces de uma mesma realidade, nem sempre uma é a exata imagem da outra. Assim, existem muitos tzaddikim cujas vidas foram "plenas" no sentido espiritual – em que o potencial em cada um de seus dias e momentos foi realizado da melhor forma – todavia, esta "plenitude" não encontrou expressão nas datas de seu nascimento e falecimento. Fisicamente, seu último ano na terra foi "incompleto". Mas, então, houve aqueles grandes homens e mulheres cujas vidas físicas foram um vaso cristalino de seu conteúdo espiritual, refletido no fato de que "D'us completou seus anos ao dia e ao mês".

[1] Baruch Atá A-do-nai E-lo-hê-nu Mélech Haolám Shehecheyánu Vekiyimánu Vehigiánu Lizmân Hazé (Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D'us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época).



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2Comentários
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  1. Muito bom, gostei de conhecer um pouco mais do Povo de D´US. SHALOM.

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  2. *Maravilhoso*, saber que hoje é meu aniversário (05/09.2018) e que eu pratico várias*coisas judaicas*, como refletir o ano passado, mês e procurando sempre crescer, amadurecer e melhorar cono uma aspiral! Meu site é: Washingtonfpires@outlook.com!

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