Um anti-semita esbofeteia um judeu no rosto. Como resposta, ele sorri para o não-judeu e lhe dá dez reais.
"Por que está me dando dinheiro?" - pergunta o gentio. "Ah, hoje é nosso dia santo, quando devemos mostrar autocontrole e temos de dar dinheiro a qualquer pessoa que nos atinja" - diz o judeu. "Sugiro que você vá até a casa do Sr. Goldberg, o banqueiro, e dê-lhe uns bons socos. Tenho certeza de que ele o recompensará bastante."
O gentio vai e dá um soco no banqueiro. Imediatamente, os seguranças pulam sobre ele, quebram-lhe todos os ossos e o atiram na rua. O gentio olha para o céu e diz: "Como estes judeus são horríveis; nem ao menos respeitam seus próprios dias santos."
O dossel duplo
"No dia em que foi erigido o Tabernáculo, a nuvem cobriu-o" - registra a Torá. "Então, à noite, haveria sobre o Tabernáculo um brilho flamejante até chegar a manhã."
"A partir daí, ele permaneceu daquela maneira" - continua a Torá. "A nuvem o cobria [durante o dia] e um brilho de fogo à noite."
Dois pontos precisam ser esclarecidos. Primeiro: Qual era o significado por trás desse duplo dossel miraculoso que pairava sobre o Tabernáculo no deserto - uma nuvem durante o dia e uma brilho chamejante à noite?
Segundo: Como cada episódio registrado na Bíblia, este também contém uma interpretação espiritual que continuamente se apresenta no espírito humano. Como podemos aplicar a história deste dossel duplo em nossa vida atual?
As duas faces da vida
O Tabernáculo era o edifício erigido pelo povo de Israel no Deserto do Sinai para servir de moradia para a Divina Presença. Nos ensinamentos da Cabalá, o Tabernáculo representa o lugar no coração humano onde D'us pode ser encontrado. Neste sentido, o Tabernáculo existe para sempre no espírito humano.
Este local nobre e sagrado na alma deve incluir tanto uma nuvem durante o dia e um fogo à noite.
Cada pessoa passa por "dias" e "noites" na vida, momentos de luz e momentos de escuridão, tempos de felicidade e contentamento, bem como tempos de agonia e conflitos. Para alguns, os dias são mais longos que as noites; para outros, infelizmente, as noites excedem os dias. Mesmo assim a maioria dos seres humanos possui sua cota de ambas as realidades.
Ora, quando as coisas nos correm bem - estamos pagando as contas em dia, as crianças são saudáveis, o cônjuge está ali quando precisamos e não estamos passando por uma depressão - muitas vezes esquecemos o quanto, na verdade, somos vulneráveis neste mundo. Tendemos a tornarmo-nos presunçosos em nossa zona de conforto e apáticos ao sofrimento das outras pessoas. Não sentimos necessidade de amigos, e certamente não de D'us.
Por outro lado, quando as coisas se tornam (D'us não o permita) difíceis e infelizes - um dos pais é atingido pela doença, o casamento azeda, o banco está atrás de nós, os filhos não vão bem, ou somos afetados por desafios mentais íntimos - freqüentemente somos presa de sentimentos de desespero e solidão. Afundamos nos pântanos dos desafios da vida, como costumamos dizer: "Está escuro e ficando ainda mais escuro."
Não se deixe dominar
Assim, a Torá nos ensina uma tremenda lição. Se você deseja tornar-se um Tabernáculo humano, se quer descobrir a graça de D'us dentro de seu coração, deve lembrar-se da nuvem mais escura pairando acima de você durante os tempos de brilho e esplendor. Uma pessoa deve sempre lembrar-se que, em última análise, não pode alegar ser o proprietário de nada em sua vida: A vida é um presente, o amor é um presente, filhos são presentes. A pessoa jamais deve ficar cega à verdade de quer tudo pode mudar em um único instante e que há tanto sofrimento no mundo. Quando você evocar as nuvens, jamais ficará arrogante.
Por outro lado, quando a noite se abate sobre nós, quando a vida nos mostra seu lado feio, precisamos nos lembrar da luz flamejante que paira sobre nós. Devemos nos lembrar que toda experiência que passamos é indispensável em nossa jornada pela vida; que as coisas não acontecem para nós, acontecem por nós. Cada desafio contém uma oportunidade para aprofundar o crescimento e para um relacionamento mais profundo com nossa alma e nosso D'us; cada nuvem contém uma chama dentro de si.
Declaração da Missão do Judaísmo
Esta é a importância por trás da tradição judaica de recitar duas vezes ao dia o Shemá Yisrael, a mais respeitosa das preces judaicas, pela manhã e à noite.
Quando rompe a aurora e o sol emerge para abraçar-nos com seu calor, declaramos: "Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um." Cada um de nós é basicamente um reflexo de D'us, um recipiente para Sua graça.
Quando a noite cai e a escuridão permeia nossa vida, uma vez mais declaramos: "Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um." Nossas trevas, também, são parte de um relacionamento dinâmico com D'us.
Quebrando a taça
Esta também é a razão mística para o enigmático costume judaico de quebrar um copo sob o dossel nupcial (a Chupá), no exato momento em que o noivo e a noiva estão para entrar em um aposento reservado e celebrarem sua união, e os convidados estão para iniciar os festejos e a dança.
Será que deveríamos ter feito a quebra um pouco antes, durante os momentos mais solenes da cerimônia de casamento?
A resposta: Aqueles que no auge de sua alegria pessoal lembram-se da dor que ainda está presente no mundo exterior, lembrarão também do júbilo quando encontrarem momentos de dor. Por outro lado, aqueles que num momento de elevação pessoal, tornam-se totalmente submersos em seu próprio estado de ânimo e indiferentes aos corações partidos ao seu redor, então, quando forem atingidos por dor e provações, ainda permanecerão atolados em seu próprio lamaçal, incapazes de fazer contato e recolher esperança e inspiração do quadro mais amplo dos supremos objetivos da vida.
Assim, a Torá declara: "A partir dali continuou daquela maneira, a nuvem o cobria [durante o dia] e um brilho de fogo à noite." Esta é uma diretiva profunda. Durante seus dias, olhe para as nuvens; durante suas noites, contemple o fogo.
E se durante seus dias, você lembrar-se das nuvens, então durante as noites se lembrará da chama.
Derramamento de sangue em Israel
Atualmente, o povo judeu se encontra em um dos momentos mais tenebrosos de sua história recente. Crianças judias estão sendo queimadas vivas em seu próprio país, quase que diariamente, e o mundo nos condena por permanecermos vivos. Três adolescentes desfrutando um jogo de basquete são alvejados até a morte, e ninguém protesta. O anti-semitismo chegou a um ponto que os judeus não viam desde a mais escura das noites - o Holocausto, há apenas sessenta anos.
Numa ocasião assim, enquanto pranteamos os mortos e rezamos para o sucesso de Israel em aniquilar o mal, também devemos olhar para cima e lembrarmo-nos da eterna chama de esperança que pairou sobre nosso "Tabernáculo" - nossa existência e nossa história - desde o nascimento de nossa nação, há 3.800 anos. A única razão pela qual estamos vivos hoje como um povo é por causa de um D'us Todo Poderoso que nos preservou durante "noite" e "dia" a fim de aproximarmos o céu da terra, transformando o mundo em um lugar bom e Divino.
A convocação, para todo homem, mulher e criança judeus, é: seja mais Judeu!