Sefarditas pedem que Espanha e Israel lhes conceda cidadania, como Portugal

Sefarditas pedem que Espanha e Israel lhes conceda cidadania, como Portugal

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Sefarditas pedem que Espanha e Israel lhes conceda cidadania, como PortugalElĆ­as L. Benarroch. JerusalĆ©m, 7 fev- Os judeus sefarditas ficaram satisfeitos com o decreto-lei de Portugal, que concederĆ” cidadania aos descendentes dos expulsos pelo rei Manuel I em 1496, e pedem que Espanha e Israel sigam o exemplo de Portugal. Aprovado na Ćŗltima quinta-feira pelo governo portuguĆŖs, o decreto deu esperanƧa aos que veem a medida como uma correĆ§Ć£o de um "erro histĆ³rico", por oferecer a restituiĆ§Ć£o de um vĆ­nculo que, pela parte dos judeus, nunca chegou a ser rompido, pois preservaram suas tradiƧƵes ancestrais. 

"Dou as boas-vindas a essa iniciativa de Portugal e da Espanha", disse Ć  AgĆŖncia Efe Ashley Perry, um sefardita de origem britĆ¢nica que serĆ” beneficiado pela determinaĆ§Ć£o de Portugal, e, caso seja aprovada pela Espanha, tambĆ©m por este paĆ­s. Perry, cujo sobrenome Ć© uma variaĆ§Ć£o inglesa de "Pereira-Perez", afirma poder identificar suas raĆ­zes em ambos os paĆ­ses com facilidade, tanto pelos de seus costumes sefarditas como pela utilizaĆ§Ć£o do ladino em vĆ”rias oraƧƵes. 

A nova legislaĆ§Ć£o portuguesa, que deve entrar em vigor no inĆ­cio de marƧo, exige a certificaĆ§Ć£o da origem portuguesa do solicitante com base em seu sobrenome, idioma ou Ć”rvore genealĆ³gica, alĆ©m da demonstraĆ§Ć£o de conexĆ£o com as tradiƧƵes lusitanas, e nĆ£o estabelece prazo para a solicitaĆ§Ć£o, ao contrĆ”rio dos quatro anos que contempla o projeto de lei espanhol, aprovado pelo governo em 2014, mas que permanece em trĆ¢mite parlamentar. "Em todos esses sentidos, a lei portuguesa Ć© muito mais Ć”gil e generosa do que a que o governo espanhol estĆ” tramitando neste momento", considerou o advogado israelense LeĆ³n AmirĆ”s, presidente da OrganizaĆ§Ć£o Latino-americana Espanha e Portugal em Israel (OLEI), a quem a lei espanhola poderĆ” beneficiar. 

"A diferenƧa entre Portugal e Espanha Ć© a mesma entre uma namorada que te ama e outra que ainda nĆ£o decidiu o que sente por vocĆŖ", lamentou. Descendente de judeus que emigraram para a Turquia apĆ³s a expulsĆ£o de 1492, AmirĆ”s explicou que os sefarditas de origem portuguesa podem se sentir "realmente queridos". "No projeto espanhol, a sensaĆ§Ć£o Ć©, no entanto, a oposta. Ɖ a de estarmos sendo repelidos por inĆŗmeros obstĆ”culos e procedimentos", destacou AmirĆ”s sobre alguns dos requisitos em vias de aprovaĆ§Ć£o do Congresso, entre eles "o de haver um teste de castelhano e a impossibilidade de realizar o processo atravĆ©s de procuraĆ§Ć£o". 

O presidente, que possui parentesco por parte de mĆ£e com SalomĆ³n Cavalliero - mĆ©dico e rabino da comunidade judaica portuguesa de SalĆ“nica (GrĆ©cia) no sĆ©culo XVI -, nĆ£o descartou a possibilidade de solicitar esta nacionalidade. 

Outra diferenƧa substancial observada por AmirĆ”s Ć© a do papel da comunidade judaica local como uma certificaĆ§Ć£o da origem do judaĆ­smo, referida na lei portuguesa, mas pouco clara no caso da espanhola. "A lei na Espanha foi contemplada em sua origem para que seja devolvido um pouco de honra e respeito a todos os sefarditas, nĆ£o para zombarem de nĆ³s, nĆ£o para nos expulsarem novamente", insistiu em sua queixa. 

No mundo todo existem cerca de 3,5 milhƵes de descendentes de sefarditas de ascendĆŖncia espanhola e portuguesa, mas ainda nĆ£o se sabe o percentual de pessoas que poderĆ” solicitar a nacionalidade portuguesa graƧas Ć  legislaĆ§Ć£o, interpretada por Perry, como uma parcial correĆ§Ć£o de uma "injustiƧa histĆ³rica". 

"Se o que pretendemos Ć© realmente corrigir uma injustiƧa histĆ³rica, devemos devolver os convertidos para o povo do qual foram arrancados cruelmente hĆ” geraƧƵes", argumentou em referĆŖncia Ć  intenĆ§Ć£o de que Israel siga os passos de Portugal e Espanha. Desde 2009 assessor do ministro de RelaƧƵes Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, e candidato a deputado nas eleiƧƵes 17 de marƧo, o sefardita afirmou que Israel deveria conceder cidadania aos "Benei-Anusim" (convertidos). "Israel deve transmitir a mensagem de que qualquer um que possa comprovar que possui antepassados judeus e que siga os costumes judaicos, Ć© bem-vindo", disse enfaticamente. 

A "Lei do Retorno", que concede nacionalidade israelense apenas para quem tenha "pelo menos" um avĆ“ judeu Ć© considerada obsoleta para Perry, que a descreveu como "uma crescente busca por raĆ­zes judaicas por parte dos 'Benei-Anusim'". 

A quantidade de descendentes Ć©, no entanto, inestimĆ”vel, e segundo Claude Stuczynski, professor de histĆ³ria dos convertidos portugueses na Universidade de Bar-Ilan, se trata de um "problema heterogĆŖneo, que abre muitas hipĆ³teses" sobre a identidade judaica, dos prĆ³prios convertidos e tambĆ©m das sociedades nas quais vivem. 

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