País esperava recorde de visitantes, mas houve cancelamentos em massa.
Imagem persiste mesmo após fim do conflito; indústria tenta se recuperar.
Era para ser um ano de recorde no número de turistas em Israel. Mas tudo mudou quando a guerra de 50 dias entre Israel e Hamas gerou cancelamentos de massa de viajantes, esvaziando quartos de hotéis e atrações turísticas.
O conflito prejudicou de forma significativa a próspera indústria do turismo israelense, causando perdas de centenas de milhões de dólares e gerando o temor de que o problema continue por mais tempo após o fim da guerra.
“Nosso desafio é prevenir mais cancelamentos. Já se passou um mês desde que a guerra acabou, mas ainda há uma imagem entre os turistas de que não é seguro viajar para cá”, disse Oded Grofman, da Associação de Operadores de Turismo de Israel.
Antes da guerra, o país esperava quebrar o recorde no número de visitantes.
Há quase uma década, Israel vem vivendo um boom de turismo, com 3,6 milhões de estrangeiros chegando ao país no último ano. O turismo atualmente é uma indústria de US$ 5 bilhões e é responsável por criar mais de 110 mil empregos.
Mas houve uma queda de 31% no número de visitantes durante a guerra, em comparação com 2013.
Em agosto, a queda chegou a 36%. O número de visitantes nesse mês foi o mais baixo desde fevereiro de 2009.
A guerra de Israel contra o Hamas ocorreu no início do pico da estação turística no país, que inclui julho e agosto e vai até o início do inverno.
Israel declarou guerra no dia 8 de julho em resposta a ataques de foguetes vindos da Faixa de Gaza e para destruir túneis usados para atacar israelenses.
Mais de 2.100 palestinos e 72 pessoas do lado israelense morreram. Israel e o Hamas assinaram um cessar-fogo em 26 de agosto.
Nenhuma das baixas no lado israelense ocorreram nos destinos turísticos Jerusalém ou Tel Aviv, que resistiram a ataques de foguetes por estarem muito protegidos pelo sistema antimísseis Domo de Ferro. Mesmo assim, as imagens da guerra rodaram o mundo e assustaram os turistas. Um foguete que caiu perto do aeroporto internacional de Israel fez com que companhias aéreas europeias e americanas suspendessem voos para lá por 48 horas.
O Ministério do Turismo de Israel estima as perdas em US$ 544 milhões.
Espera-se agora que um fluxo maior de visitantes no pós-guerra para os feriados judaicos traga algum alívio, mas não o suficiente para compensar as perdas.
Comerciantes na parte antiga de Jerusalém dizem que ainda sentem os efeitos da guerra. Ruas cheias de turistas comprando camisetas e souvenirs estão agora vazias. "Quando a Guerra com Gaza começou, acabou. Não havia ninguém. Era como se tivesse tido um toque de recolher”, diz Kevork Kahvedjian, dono de uma loja no local cujas vendas caíram 90%.
A guerra também provocou o cancelamento de muitos espetáculos estrangeiros, como os de Neil Young, Backstreet Boys e Lana Del Rey.
A indústria espera se recuperar. O Ministério do Turismo de Israel vai lançar novas campanhas em mercados como EUA. Alemanha e Rússia, buscando atingir nichos de viajantes em comunidades judias e cristãs.
"As pessoas de fora podem achar que aqui é inseguro, mas na verdade é um país muito, muito seguro”, disse o ministro do turismo Uzi Landau.