O palestino teria baleado o militante Yéhuda Glick, que está internado em estado grave. Por trás desse episódio violento está a disputa territorial em Jerusalém. O militante baleado na quarta-feira (29) faz parte de um grupo que exige que o governo autorize os judeus a rezar no Monte do Templo, lugar sagrado para judeus e para os muçulmanos, e onde também está localizada a Esplanada das Mesquitas.
Atualmente, os judeus não têm o direito de rezar neste local, e o militante baleado já teria sido expulso do Monte do Templo pela polícia diversas vezes. Mas nas últimas semanas, militantes israelenses insistem em entrar na área sem autorização. Após o atentado de ontem e a morte do palestino nesta manhã, Israel determinou o fechamento temporário do acesso à Esplanada das Mesquitas.
Escalada de tensão
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, reagiu com indignação. “O prosseguimento destas agressões e esta perigosa escalada israelense constituem uma declaração de guerra ao povo palestino, aos seus locais sagrados e à nação árabe e muçulmana”, disse o porta-voz de Abbas nessa quinta-feira.
Essa polêmica, somada aos anúncios de novos projetos de colonização por Israel, compõem um cenário de escalada de tensões em Jerusalém, onde atos de violência se multiplicam há semanas, principalmente no leste da capital. Na manhã desta quinta-feira, jovens palestinos jogavam pedras contra a polícia nos bairros Abou Tor e Silwan. Segundo a polícia, o acusado de ter realizado o atentado de ontem foi morto em meio a um tiroteio por ter reagido à prisão.
O estatuto da Esplanada das Mesquitas é fonte de tensão permanente. Os muçulmanos manifestam preocupação com uma possível autorização do governo israelense para que judeus possam rezar na área. O Monte do Templo já foi o pivô das disputas israelo-palestinas em outros episódios. A segunda intifada, no ano 2000, teve início justamente após uma visita do ex-premiê Ariel Sharon ao Monte do Templo.