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Militantes do Estado Islâmico provocam fuga em massa de cristãos com temor de genocídio

Militantes do Estado Islâmico provocam fuga em massa de cristãos com temor de genocídio
Voluntários Jihadistas
BAGDÁ — Militantes do Estado Islâmico tomaram nesta quinta-feira Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, e as zonas dos arredores, abandonadas durante a noite pelas tropas curdas. A ocupação provocou a fuga de dezenas de milhares de pessoas. De acordo com a ONU, quase 200 mil pessoas fugiram de suas casas no Norte do Iraque nos últimos dias, em uma "tragédia de proporções imensas".

Com a situação deteriorando-se no país, a França pressionou as Nações Unidas para realizar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, e afirmou estar preparada para apoiar as forças da região autônoma curda do norte do Iraque e deter o avanço de militantes do Estado Islâmico. E os Estados Unidos consideram ataques aéreos para proteger minorias religiosas, informou o jornal "New York Times", citando fontes do alto escalão do governo americano.

— As cidades de Qaraqosh, Tal Kaif, Bartela e Karamlesh foram esvaziados e estão agora sob o controle dos militantes — disse Jospeh Thomas, arcebispo de Kirkuk e Sulaymaniyah.

O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, afirmou nesta quinta-feira que estava "profundamente preocupado com a apreensão de Qaraqosh" e pediu mobilização da comunidade internacional contra a ameaça de extremistas.

"O presidente francês, François Hollande e o presidente da região autônoma curda, Masoud Barzani, enfatizaram sua vontade de cooperar para bloquear a ofensiva do Estado Islâmico no Nordeste do Iraque. O chefe de Estado confirmou que a França está pronta para apoiar forças engajadas neste combate", afirmou o gabinete de Hollande em comunicado.

Já o presidente Barack Obama, em reuniões com sua equipe de Segurança da Casa Branca, pesou uma série de opções que vão desde ações passivas, como o lançamento de suprimentos humanitários no Monte Sinjar, até ações ativas, como ataques militares contra militantes do Estado Islâmico.

— Esse é um problema grave. Principalmente porque há pessoas perseguidas por sua identidade religiosa. Não há solução militar americana para o conflito no Iraque. Esses problemas só podem ser resolvidas com soluções politicas iraquianas — disse um porta-voz do presidente, Josh Earnest.

Funcionários da Casa Branca e do Pentágono, segundo a reportagem, haviam dito sob condição de anonimato que os Estados Unidos não iriam intervir militarmente no Iraque até que o primeiro-ministro Nouri al-Maliki deixasse o cargo.

A crise no Monte Sinjar, no entanto, poderia forçar uma ação, de acordo com as fontes. Cerca de 40 crianças já morreram por causa do calor e desidratação, segundo a Unicef, enquanto até 40 mil pessoas se abrigaram nas montanhas sem comida, água ou acesso a suprimentos.

CRISTÃOS FUGIRAM A PÉ

Qaraqosh está situada entre Mossul, a segunda maior cidade do país ocupada pelo Estado Islâmico, e Erbil, capital da região autônoma do Curdistão. A localidade tem cerca de 50 mil habitantes, mas nas últimas semanas recebeu inúmeros cristãos expulsos de Mossul.


Segundo fontes religiosas, alguns cristãos fugiram a pé de Qaraqosh. Cruzes foram removidas das igrejas e cerca de 1.500 manuscritos foram queimados.

— É uma catástrofe, uma situação trágica — lamentou o patriarca Louis Sako, da Igreja Caldeia. — Tanto o governo como as autoridades curdas são incapazes de defender o nosso povo. Eles têm que trabalhar juntos, com apoio internacional. Hoje fazemos um chamado com muita dor e tristeza para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União Europeia e as organizações humanitárias para ajudarem estas pessoas. Espero que não seja tarde demais para impedir um genocídio.

Do Vaticano, o Papa Francisco fez nesta quinta-feira um novo apelo à comunidade internacional para proteger a população do Norte do Iraque, segundo seu porta-voz, Federico Lombardi.

Segundo as Nações Unidas, milhares de pessoas encurraladas pelos militantes na montanha de Sinjar foram resgatadas nas últimas 24 horas.

— Acabamos de ouvir que pessoas foram removidas nas últimas 24 horas, e a ONU está mobilizando recursos para que elas sejam atendidas na chegada — disse David Swanson, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

CURDOS E GOVERNO SE UNEM CONTRA JIHADISTAS

Na quarta-feira, as forças curdas atacaram combatentes do Estado Islâmico a apenas 40 quilômetros ao sudoeste da capital regional curda. O ataque aconteceu após militantes do Estado Islâmico terem imposto uma humilhante derrota aos curdos no domingo, com um rápido avanço contra três de suas cidades, levando o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, a ordenar que a força aérea do país apoiasse pela primeira vez as forças curdas.

— Nós mudamos nossas táticas, de defesa para o ataque. Agora estamos em confronto com o Estado Islâmico em Makhmur — disse Jabbar Yawar, secretário-geral do ministério curdo responsável pelos soldados da região, os chamados combatentes peshmerga.

O local dos combates coloca militantes do Estado Islâmico mais perto do que nunca da região semi-independente curda desde que os rebeldes avançaram sobre o norte do Iraque e tomaram territórios em junho, quase sem oposição.

Yawar disse que os curdos haviam restabelecido a cooperação militar com Bagdá. Os laços entre os dois lados, a liderança curda e o governo liderado por xiitas, estavam abalados por conta de impasses envolvendo petróleo, orçamentos e território.

Mas a ofensiva no fim de semana pelos militantes sunitas — que tomaram mais cidades, um quinto campo de petróleo e a maior represa do Iraque — levaram ambos a deixarem as diferenças de lado.

“O ministério dos peshmerga enviou uma mensagem para o Ministério da Defesa iraquiano requisitando uma reunião urgente sobre cooperação militar. Os comitês conjuntos foram reativados”, disse Yawar por telefone.

A MAIOR AMEAÇA DESDE 2003

O Estados Islâmico, o qual declarou um “califado" em um território que se estende do Iraque até a Síria, e que também ameaça marchar contra Bagdá, representa a maior ameaça para o Iraque desde a invasão liderada pelos EUA para derrubar Saddam Hussein, em 2003.

Combatentes do Estado Islâmico e seus militantes sunitas e aliados tribais detém partes do oeste do Iraque.

O Estado Islâmico, que considera a maioria xiita do Iraque infiel e por isso deve ser morta, tomou três cidades durante uma ofensiva no fim de semana, incluindo Sinjar, lar de muitos membros da minoria yazidi.

Os yazidis, que são de etnia curda e seguem uma religião antiga advinda do zoroastrismo, correm o risco de serem executados por serem encarados por militantes sunitas do Estado Islâmico como adoradores do demônio.

Yawar disse que 50 mil yazidis estão escondidos em uma montanha, com o risco de morrerem de fome se não forem resgatados em 24 horas.


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