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Conflito em Gaza deixa Benjamin Netanyahu no fio da espada

Conflito em Gaza deixa Benjamin Netanyahu no fio da espada

JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está preso entre o clamor internacional sobre as vítimas civis de seus ataques à Faixa de Gaza e a intensificação dos apelos que partem dos israelenses para que termine o trabalho que começou.

Vários de seus principais ministros estão pressionando por uma aquisição completa de Gaza, que o primeiro-ministro se opôs. Enquanto isso, aliados de Israel, liderados pelo secretário de Estado americano, John Kerry, exigem o fim imediato das hostilidades. Muitos israelenses, sentindo-se mais isolados do que nunca e indignados com o tom antissemita de manifestações pró-palestinos ao redor do mundo, têm receio de que isso atrapalhe a missão das tropas militares de destruir os túneis descobertos em seu território.

Netanyahu, conhecido como uma pessoa de fala rígida, mas avessa a riscos, tem sua sua vida política definida por questões de segurança. Ele concordou com uma pausa de 12 horas nos combates no sábado, mas, até agora, não atendeu ao pedido de um plano de cessar-fogo mais amplo feito por Kerry.

— Quando o vejo na TV agora, vejo que ele está abalado, você vê que ele não gosta da situação em que está — disse Yossi Verter, colunista político do jornal israelense Haaretz. — Ele sempre foi muito severo com as palavras, mas não era assim com suas atitudes. Agora ele está tomando atitudes mais duras, mas nem tanto. Ele quer acabar com isso, mesmo que eu saiba que vai pagar um preço.

Os 19 dias de ataques aéreos e terrestres de Israel em Gaza é de longe o envolvimento militar mais significativo de Netanyahu no cargo. No início, ele parecia ter construído uma tolerância internacional incomum, através de um surpreendente consenso entre o seu gabinete e constituintes ao abraçar iniciativas de cessar-fogo, adiando uma invasão terrestre e, em seguida, definindo uma missão limitada visando os túneis.

Mas com o aumento no número de mortos palestinos e soldados israelenses em combate, o cenário parece ter mudado. Os líderes mundiais que associavam suas condenações acerca das vítimas civis em Gaza a críticas ao Hamas mudaram sua ênfase. No entanto, a aparente perda de apoio por parte de Israel no exterior teve efeito positivo dentro de Israel.

Michael B. Oren, ex-embaixador israelense para os Estados Unidos, invocou a frase hebraica "Im kvar kvar az", mais ou menos semelhante a "para uma moeda de dez centavos, um dólar".

— Se estamos fazendo barulho, podemos muito bem ir até o fim —disse Oren para resumir o estado de espírito israelense. — Um dos grandes pontos de Israel tem sido o medo de o país ficar isolado e ser rotulado como imoral. Mas isso tem tido um impacto contrário sobre a política, ao invés de ser um inibidor, é um catalisador, um fator de motivação.

Netanyahu, 64 anos, é um ex-comandante da elite de forças especiais, e seu irmão foi morto em 1976 durante um resgate de reféns de Israel no Aeroporto de Entebbe, em Uganda, dando-lhe credibilidade tanto com os militares, quanto com as famílias dos soldados mortos.

Em seus discursos, longe vão as referências ao povo judeu ou ao Estado judaico, e não houve nenhuma menção ao Holocausto desde que a operação começou a 8 de julho. Longe, também, vai a crítica a Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, por sua reconciliação com o Hamas. Ele acusou repetidamente o Hamas de cometer um "duplo crime de guerra" ao enviar foguetes "indiscriminadamente" contra civis israelenses e sacrificar palestinos como "escudos humanos". E sempre cita o terrorismo: ele usou algumas derivações da palavra cinco vezes em cinco frases para abrir um discurso na manhã seguinte ao dia em que a invasão terrestre começou.

Várias pessoas que estiveram na sala de guerra com Netanyahu disseram que ele estava furioso com a suspensão de voos no Aeroporto Internacional Ben-Gurion depois de um foguete cair nas proximidades, e pela abertura de uma investigação de crimes de guerra pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Ele prosseguiu com a campanha em seu escritório na base militar satélite de Tel Aviv, onde os visitantes diplomáticos encontram um corredor cheio de restos de foguetes e mapas com a marcação de túneis que as tropas descobriram. Ele não participou funerais, embora sua mulher, discretamente, enviado mensagens de condolências.

Quase sempre ao seu lado está o seu chefe de gabinete, o conselheiro de segurança nacional e adido militar. Além do ministro da Defesa, o político que passa a maior parte do tempo com Netanyahu é Tzipi Livni, a ministra da Justiça, de centro, que há cinco anos foi o seu principal rival. Livni, ex-chanceler, é valorizada pelo primeiro-ministro por sua experiência e posição entre os líderes mundiais, segundo relatos de várias pessoas.

Em seu escritório e gabinete, onde uma reunião dura mais de sete horas, Netanyahu tem seu próprios quadros onde esboça diagramas de possíveis operações. E ele dá até mesmo àqueles que não concordam com ele tempo suficiente para expor seus pontos de vista — "às vezes até demais", disse Yuval Steinitz, ministro de Assuntos Estratégicos. Ele raramente pede votos, até agora, só o fez para abraçar a proposta de cessar-fogo inicial do Egito em 15 de julho, e começou a operação terrestre dois dias depois e rejeitar o plano de Kerry na sexta-feira à noite.

— Eu só posso elogiá-lo, infelizmente — disse Yaakov Peri, um ministro centrista e crítico anterior Netanyahu, que participa de sessões. — Parece que a direção está nas mãos certas neste conflito.

Guerras, muitas vezes acabam com a divisão política, mas o Peri e outros ainda ficaram impressionados com a amplitude de apoio. Uma pesquisa com judeus israelenses realizada para o "Channel 2 News" na quarta-feira mostrou que mais de 8 em cada 10 estavam satisfeitos com Netanyahu, uma avaliação 25% melhor do que ele tinha antes da invasão terrestre começar. E outra divulgada no domingo mostrava que 86,5% dos israelenses são contra um cessar-fogo no momento.

Durante a semana passada, Netanyahu se reuniu em Israel com Kerry, com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e com os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França, Itália e Noruega. Ele visitou as tropas que se preparavam para entrar em Gaza, na segunda-feira, e as hospitalizadas com ferimentos de batalha, na terça-feira. Ele deu entrevistas via satélite com quatro redes de notícias americanas no último domingo.

Ele dorme em sua residência de Jerusalém, mas, por vezes, tira cochilos no Kirya, como a base militar em Tel Aviv é chamada. Lá, o escritório do primeiro-ministro é em uma casa velha, onde Netanyahu tem muitas vezes um charuto na mão. (É proibido fumar na sala do gabinete, onde as sessões de fim de noite são alimentadas por café expresso e refrigerantes.)

Yaakov Amidror, que serviu nas forças armadas com Netanyahu em 1969 e foi seu conselheiro de segurança nacional até novembro, o chamou de "um cara que tem uma visão histórica dos acontecimentos".

— Ele entende que uma das diferenças mais importantes entre o passado e o presente é a capacidade dos judeus de se defenderem —disse Amidror. — Se ele acha que Israel possa por em perigo a sua capacidade de se defender em função da comunidade internacional, ele vai decidir usar as forças de Israel, mesmo contrariando a comunidade internacional.

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