
Por ocasião da Copa do Mundo, bandeiras tremulam em algumas esquinas, e a maioria das lojas reabriu.
Enquanto monta sua barraca na beira da estrada, o jovem Diaa, que vende pêssegos e figos do próprio pomar, comenta: "Espero mesmo que essa coisa chegue logo ao fim. Ela paralisou totalmente o meu trabalho."
Mas ele também sabe o quanto a situação é tensa. Do outro lado da rua, policiais palestinos controlam o trânsito, ao menos durante o dia. Depois do escurecer, o Exército de Israel continua a entrar naquele que é, na realidade, território autônomo palestino, para procurar pelos três adolescentes israelenses desaparecidos.
Busca por israelenses desaparecidos
Os soldados vasculham a Cisjordânia ocupada, palmo a palmo, há mais de uma semana. A apenas poucos quilômetros dali, os três estudantes do Talmude – Gilad Shaer, Naftali Frankel e Eyal Yifrach – haviam pegado carona num carro, próximo ao assentamento de Gush Etzion. Um dos desaparecidos ainda pôde enviar um pedido de socorro à polícia.
Desde então, não há sinal de vida deles.
A cidade de Hebron é o principal alvo da missão militar de grande porte. Toques de recolher, batidas residenciais e prisões têm determinado a vida da população palestina nos últimos dias. "Eles simplesmente arrombaram a porta e aí devastaram até mesmo a cozinha", conta Tasnim, uma jovem palestina.
As fotos em seu celular mostram o conteúdo da geladeira espalhado pelo chão: tomates esmagados, uma melancia partida.
A blitz noturna visava seu irmão, que desde então está preso. Alguns membros dos grandes clãs familiares são acusados de ligação com o Hamas. Mas na família de Tasnim ninguém acredita que o movimento islâmico de resistência tenha algo a ver com o sequestro dos três jovens.
Soldados israelenses procuram jovens desaparecidos
Netanyahu promete provas de ação do Hamas
Até agora, nenhuma organização reivindicou o suposto ato.
Ainda assim, o governo de Israel responsabiliza o Hamas pelo sequestro. Nos próximos dias, o premiê Benjamin Netanyahu pretende apresentar provas concretas da autoria.
"Temos provas de que foi o Hamas. Atualmente, estamos trocando essas informações com outros países, em breve vamos divulgá-las", declarou o primeiro-ministro israelense neste domingo (22/06).
De acordo com o Exército israelense, até o fim de semana foi vasculhado na Cisjordânia um total de 1.350 casas, e 340 palestinos foram presos, dos quais 250 teriam conexões com o Hamas.
Não é nenhum segredo que a operação militar também serve para enfraquecer e desacreditar a organização fundamentalista, visando principalmente sua infraestrutura social e de interesse público na Cisjordânia. "Nossas atividades continuam para, por um lado, encontrar Eyal, Gilad e Naftali, e, por outro, para atingir de forma sistemática a estrutura terrorista e civil do Hamas", confirmou a liderança do Exército israelense.
No entanto, quanto mais tempo durar a operação militar sob o codinome "Brother's Keeper"(Guardião do Irmão), maior será a tensão entre israelenses e palestinos. Se, nos primeiros dias, os palestinos pareciam tudo tolerar em silêncio, agora os confrontos são cada vez mais frequentes. Sobretudo os jovens palestinos enfrentam as unidades do Exército, as apedrejam.