Por Rabino Ilan Stiefelman
Esta semana escutei algo impressionante que se passou na Russia, há exatamente 5 anos, e gostaria de compartilhar com vocês...
"Rabino, sei que em Shavuot não se pode escrever, mas será que se for muito importante tem alguma brecha?”
O Rabino Lazar, atual Rabino-chefe da Rússia, sabia exatamente ao que esse jovem se referia - prova mais importante dos alunos do ensino médio, foi marcada para 6ª feira, 29 de Maio de 2009, que coincidia com o 1º dia de Shavuot.
O Rabino Lazar já havia solicitado alteração da data em carta dirigida ao ministro da educação, mas a sua solicitação fora recusada. Não desistindo, reuniu-se com o próprio ministro e o máximo que conseguiu foi uma promessa: “Na próxima vez nos esforçaremos para que isso não se repita”.
E agora esse jovem sincero perguntava ao Rabino como proceder. “ É muito importante para mim, o meu futuro depende dessa prova!”
Com pesar o Rabino respondeu: “Não há brecha; é proibido escrever em Shavuot”!
O jovem empalideceu, digeriu a notícia e falou: “Se o Rabino diz que é proibido, então não farei a prova”.
A força de vontade e convicção do rapaz comoveram o Rabino a ponto dele tomar a decisão de solucionar o problema.
Comparem estas duas fotos: 1-A multidão fora da Sinagoga Choral de Moscou quando da visita de golda Meir, em 1948. 2-A multidão fora da Sinagoga Choral de Moscou durante a celebração do Dia de Jerusalém, promovida pela Agencia Judaica, a maioria dos presentes são descendentes dos que aparecem na foto de cima. Após 66 anos, os judeus russos continuam a celebrar seu amor por Jerusalém, abertamente e com orgulho.
Buscando inspiração, o rabino pegou um livro de ensinamentos do Rebe de Lubavitch (Likutei Sichot) e abriu por acaso em um discurso proferido seis dias antes da Festa de Shavuot do ano 1980. Logo recordou-se de ter estado presente nesse discurso, onde aconteceu algo inédito. O Rebe repentinamente passou a falar em russo (em vez de Yidish, como costumeiro), e dirigiu-se aos russos presentes: “Estamos nos aproximando de Shavuot... deve-se fazer um esforço para que todas as crianças estejam na sinagoga em Shavuot, pois a constituição da União Soviética permite que todos os que quiserem possam ir à sinagoga”. E o Rebe incrivelmente finalizou: “E tem mais: a polícia local deve garantir que ninguém atrapalhe os que querem ir a sinagoga com tranquilidade e alegria”.
O Rabino Lazar sentiu que essas palavras de 1980 haviam sido dirigidas a ele mesmo... Ganhou então forças renovadas e dirigiu-se diretamente para o gabinete do então presidente Dmitri Medvedev.
“Como posso lhe ajudar?”, perguntou com simpatia o presidente.
O Rabino respondeu: “ Em alguns dias vamos comemorar a entrega da Torá, o que há de mais sagrado para nós. Como posso explicar para um jovem que o que há de mais sagrado para ela não tem importância alguma para os olhos do Estado? Como podemos esperar que esse jovem cresça e se torne um cidadão de princípios quando o Estado desrespeita o que para ele é o mais sagrado?”
Imediatamente o presidente deu um rápido telefonema ao ministro da educação. “Rabino, não se preocupe, já está tudo resolvido!”
No dia seguinte foi divulgada uma portaria em nome do Ministério da Educação: “Todo estudante judeu tem direito de adiar a prova, pois o Estado garante a liberdade de religião...”
Naquele Shavuot todas as sinagoga ficaram abarrotadas de jovens e crianças. Diante da Grande Sinagoga de Moscou havia cerca de 30 policias garantindo a ordem... “exatamente como o Rebe expressou em 1980!”, falou com alegria o rabino.
Os anos se passaram, o ministro da educação foi sucedido por um novo que não sabia desta combinação... a pouco menos de um mês a prova foi marcada novamente para o 1o dia de Shavuot (04 de Junho de 2014).
Desta vez o Rabino Lazar não titubeou. Ao ficar sabendo bateu à porta do presidente Vladimir Putin, que carimbou imediatamente a permissão para todos alunos judeus adiarem a prova!