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Israel 66 anos - Coisas Judaicas |
É provável
que o leitor já tenha se tornado usuário do
Waze, o aplicativo que usa recursos de crowdsourcing para sugerir rotas
e que tem ajudado muita gente a fugir dos
longos congestionamentos
nas grandes cidades brasileiras. Mas o que o
leitor talvez
não saiba é que o Waze, vendido em junho
passado para o Google por US$ 1,3 bilhão, é uma inovação criada por dois
pesquisadores israelenses que estavam insatisfeitos com as
funcionalidades dos GPS tradicionais.
Segundo
Ehud Shabtai, fundador da Waze, o sistema GPS
atual não aproveita as informações geradas pelos próprios usuários, como
as posições de radares de velocidade e de acidentes rodoviários.
Shabtai uniu-se ao analista de sistemas Amir Shinar e, patrocinados por
investimentos de US$ 68 milhões de americanos e
israelenses, os dois desenvolveram o sistema de navegação que incorpora
dados de satélites e informações fornecidas por usuários locais. Foi um
sucesso. E a venda da Waze para o Google transformou em milionários não
apenas os dois fundadores, mas também todos os cem funcionários da
empresa. Eles receberam US$ 1,2 milhão cada, a maior distribuição de
bônus já feita por uma startup israelense.

Outros
destaques são a presença de investimentos de
risco (0,4% do PIB – o número do Brasil está abaixo de duas casas
decimais); pela cooperação empresa/universidade (8º na pesquisa de
opinião; o Brasil está em 42º); e pelos investimentos em alianças e
joint ventures com objetivo de gerar inovações (0,1% do PIB, 9º no
mundo; o Brasil está abaixo de duas casas decimais em relação ao PIB e
em 83º no mundo).
O
resultado desses fatores são os avanços
conquistados por Israel na exportação de inovações e conhecimentos para o
mundo. Com 37,3% das exportações provenientes de softwares e outros
sistemas de informação e 17,7% das exportações líquidas de produtos
considerados de alta tecnologia, é o terceiro país do mundo no indicador
envio de conhecimento e tecnologia (o Brasil fica em
67º, com 1,4% das exportações provenientes de
TICs e 3,9% das exportações líquidas de produtos high-tech).
Dois
outros exemplos de como Israel está revolucionando o mundo da inovação:
Se
o leitor está chegando aos 40 anos de idade,
provavelmente precisa de óculos para ler esta coluna. A presbiopia,
popularmente conhecida como “vista cansada”, é a anomalia da visão que
ocorre com o enrijecimento dos músculos ciliares e a incapacidade do
cérebro de processar a informação obtida. Atualmente, existem no mundo
mais de 1 bilhão de pessoas que usam óculos para compensar essa
deficiência. Podemos dizer que é um belo problema para pesquisadores e
uma oportunidade fantástica de inovação.
Uma
empresa criada em julho de 2013, a GlassesOff,
tem como fundadores
um empreendedor em série israelense de 40
anos, Nimrod Madar, e um professor de neurociências da Universidade de
Tel Aviv, Uri Polat. Baseado nas pesquisas conduzidas
em seu laboratório de neurociências clínica e
visual, o professor Polat constatou que o cérebro humano funciona como
os computadores, em que as imagens podem ser representadas
por códigos binários (sequências de 0s e 1s).
No
cérebro, uma imagem é formada por manchas que
se diferem por características como frequência, contrastes e orientação.
Polat concluiu ainda que regiões do cérebro e seus neurônios podem ser
treinados para distinguir e interpretar diferentes borrões. Esse é o
princípio para a criação do app GlassesOff. Usando técnicas de jogos, o
usuário treina o cérebro para interpretar as variações de formas
compostas por letras e palavras e, mesmo com deficiência na musculatura
ciliar, consegue entender (ler) e dar significado às imagens. É o fim
dos óculos de leitura!
Com
o potencial de atingir milhões de usuários em
poucos meses, as ações da GlassesOff, que foram lançadas por US$ 1,25 em
2013, já chegaram a US$ 2,50 e são consideradas por muitos analistas o
maior potencial de investimento em 2014.
Os
leitores interessados podem buscar o aplicativo GlassesOff
na Apple Store e começar a exercitar seu cérebro e sua vista.
Com
três universidades incluídas na lista das 200
melhores instituições de ensino superior do mundo (QS World University
Ranking), Israel tem um modelo
de transferência de tecnologia e spin off de
startups nas universidades e nos centros de
pesquisas bem mais liberal do que no Brasil.
Os professores
de instituições como a Universidade de Tel
Aviv são avaliados não apenas pela qualidade de suas publicações, mas
também pelo número de patentes e startups criadas.
Outro
fenômeno que caracteriza o ambiente de
inovação e empreendedorismo de Israel é a orientação para a cooperação
com empresas privadas, nacionais e internacionais de diferentes
tamanhos. Com
42,8% da pesquisa patrocinada por empresas
estrangeiras,
o país está em 8º no item cooperação
empresa/universidade (o Brasil está em 42º). A pesquisa é aberta e se
caracteriza pela presença de laboratórios privados nas principais
universidades e centros de pesquisa do país.
A
Intel, fundada em 1968, foi uma das pioneiras
neste movimento.
Em 1974, a empresa teve seu primeiro centro
internacional
de desenvolvimento instalado em Haifa, no
norte de Israel,
em colaboração com o Technion Institute of
Technology, o responsável por inovações significativas como os
processadores 8088, i860, Pentium e Centrino.
Esse
ambiente de cooperação e de transferência de
conhecimento entre institutos de pesquisa e empresas se dá também com o
setor público e com as forças armadas. Com o serviço militar obrigatório
para rapazes e moças (3 e 2 anos, respectivamente) e a permanência na
reserva até os 40 anos, muitos desses jovens aproveitam sua passagem
pelas forças armadas para se formar e desenvolver ideias e conhecimentos
que serão utilizados no desenvolvimento de inovações e na criação de
empresas.
O
exemplo mais citado recentemente é o Viber, um
sistema de voz sobre IP que foi vendido para uma empresa japonesa
por US$ 900 milhões. O fundador do Viber,
Talmon Marco, foi chefe de comunicação das forças armadas israelense.
Lá, ele iniciou o desenvolvimento de um sistema de comunicação de
mensagens e voz, em parceria com alguns de seus antigos sócios.
De
quartéis, laboratórios e centros de pesquisa
de Israel têm saído inovações que estão revolucionando não apenas as
áreas de comunicação e informática, mas também a agricultura, a medicina
e outras áreas de conhecimento.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios