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Páscoa judaica; rezas são feitas em hebraico e em português (Foto: Fernanda Soares |
Cidade serrana possui três sinagogas; são cerca de 75 no Estado do Rio.Celebração dura sete dias e festeja a libertação dos judeus no Egito.
No Brasil, a Páscoa começa nesta terça-feira (15) para mais de 100 mil judeus que residem no país. A festa dura sete dias (conforme a contagem do tempo onde o dia começa com o pôr do sol), podendo aumentar para oito, no caso daqueles que celebram a véspera. É o caso da Congregação Judaica P’nei Or, fundada no ano de 2000 em Petrópolis, Região Serrana do Rio. A cidade possui três sinagogas que a partir desta terça estarão em festa até o domingo (20), quando também é celebrada a Páscoa Cristã.
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O matzá, pão sem fermento, é megulhado no haroset (Foto: Fernanda Soares |
Na mesa, alimentos que simbolizam a experiência amarga do povo de Israel durante a escravidão imposta pelo Egito, mas também o gosto da liberdade quando partiram rumo à terra prometida; o Monte Sinai. Segundo o presidente da Congregação Judaica P’nei Or, Isaac Kayat, a festa cristã se baseia nas tradições judaicas, apesar de celebrarem momentos históricos diferentes. Para os cristãos, a data comemora a ressurreição de Jesus Cristo, morto na cruz.

O número não é oficial, já que não há uma entidade responsável pelo funcionamento das sinagogas, mas a estimativa é de que haja pelo menos 100 famílias judaicas em Petrópolis. Na cidade serrana, as cerimônias são realizadas em três templos.
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Alimentos são símbolos das amarguras e alegrias vividas pelos judeus (Foto: Fernanda Soares |
Além da P’nei Or, os judeus frequentam a Sinagoga Israelita Brasileira de Petrópolis, na Rua Aureliano Coutinho, no Centro, e o Yeshivá Colegial de Petrópolis, no bairro Duarte da Silveira. Apesar de ser uma instituição de ensino, o local também possui uma sinagoga onde são realizadas celebrações. Segundo o site da Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj), que busca representar as comunidades judaicas no estado, o Rio possui 75 sinagogas com aproximadamente 35 mil membros.
A P’nei Or é frequentada por cerca de 20 famílias e reuniu 15 pessoas na noite desta segunda-feira (14) para as bênçãos da véspera da Páscoa judaica, o Pessach. As celebrações começam oficialmente nesta terça. “Deus ordenou, como consta na torá (bíblia dos judeus), que a comemoração pela libertação dos judeus durasse sete dias”, explicou Saul Gerter, diretor executivo e responsável pela parte religiosa da sinagoga. O numeral está ligado ao tempo em que o povo escravizado levou para chegar à terra prometida. Foram 49 dias desde a saída do Egito até a chegada ao Monte Sinai, o mesmo que sete semanas.
Na mesa, alimentos como alface, agrião, pão (matzá, que não leva fermento), ovo de codorna e carne de carneiro. Nada de exageros gastronômicos e muito menos ovos de chocolate, como é tradição em boa parte dos lares brasileiros. O consumo é farto em conhecimento e reflexão. Cada item é repartido entre todos os presentes, que lêem seus significados e fazem as bênçãos. “A água salgada representa as lágrimas do povo escravizado. Vamos mergulhar o ovo e comê-lo”, orienta Saul em um dos momentos da cerimônia.
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10 gotas de vinho simbolizam as 10 pragas rogadas para os egípsios (Foto: Fernanda Soares |
Cada um dos sete dias da Páscoa judaica é dedicado a um tipo de reflexão diferente. A primeira noite, ou seja, a véspera, e a segunda, que marca o início das celebrações, são destinadas a “transmitir, especialmente para as novas gerações, o compromisso de lutar contra qualquer tipo de escravidão, imposta a qualquer pessoa”, destacou o líder das cerimônias religiosas, fazendo uma citação clássica da Páscoa judaica: “da escuridão para a luz, da escravidão para a liberdade”. As rezas também são feitas em casa. “O lar judaico é muito importante. É dessa forma, passando os ensinamentos de geração para geração, que o judaísmo permanece há mais de 3.500 anos no mundo”, ressaltou o presidente da P’nei Or.
A cerimônia é, para os judeus, a verdadeira representação da última ceia de Jesus. “No quadro mais tradicional de representação da santa ceia, o pão é redondo, tipo europeu. Na verdade o pão era o matzá (que tem formato achatado e quadrado).
Acontecia exatamente como estamos fazendo aqui”, afirmou Saul.